Revés da vida
O meu cônjuge é escroto,
Já falei para o fulano;
Que eu durmo no esgoto,
E me desperto em um cano.
Maltrapilho, estou no ranço,
Vivo a me esculachar.
Na penumbra, me avanço,
Viro as costas pro luar.
Na lazeira, me agarro,
Vivo na sofreguidão.
Mato a fome com catarro,
Bebo fel, chupo limão.
Deito fraco, ressupino,
Me agarrando ao furor.
Levo embalde, o desatino,
Desprovido de amor.
Sigo assim, a vida afora,
Esquecido nas ralés.
O reverso corrobora,
Dessa vida, é o revés.