O JULGAMENTO DE DOIS CABRAS SAFADOS
Cheguei correndo me sinto contente
Histórias prontas venho te contar
Me dê licença vou querer rimar
Vi cambiteiro cantar um Repente
Tocando viola ficou decente
O poeta pensa não dá quebrada
Nestes versos tirados da bancada
Do prazer que satisfaz ter pureza
Botando limite na safadeza
Dessa dupla de tanta molecada.
A graça divina vai permitindo
Entendendo processo sem fingir
Diretamente vou contribuir
O Cordel Brasileiro vem subindo
Comunitários me pedem sorrindo
Pra descrever nobre rapaziada
Mixengo com Xadaigo dão pesada
Dois seres aprontando com certeza
Botando limite na safadeza
Dessa dupla de tanta molecada.
Meninos mecânicos mostram planos
Consertando patinete difícil
Sonhando soltar fogos artifício
Assistem bravos filmes mexicanos
Surgindo seus apelidos ciganos
Tendo personagem bem abestada
Exibidos em alta madrugada
Nos programas da noturna pobreza
Botando limite na safadeza
Dessa dupla de tanta molecada.
Diplomados no tema putaria
Riem montando vermelha lambreta
Cafajestes são metidos em treta
Praquele fã clube que pretendia
Parecer com eles e bem dizia:
- Viva sempre ganhando cachorrada
Causando mel em toda pirralhada
Vencedor dos pontapés e brabeza!
Botando limite na safadeza
Dessa dupla de tanta molecada.
Aqueles dois num rastapé distante
Pulam e cantam com cabeça louca
Trocam amasso só beijando boca
Com uma gata, nítida farsante
Depois tome fofoca desgastante
Mentalmente permanece gravada
Polícia local é logo chamada
Mostrando virtude sua presteza
Botando limite na safadeza
Dessa dupla de tanta molecada.
Nestes garotos sobraram paixões
No gole da cana fumam boró
Socialmente provam paletó
Vivendo brigas noutras confusões
Toparam sentir outras emoções
Investem em moça desaforada
Brota traquinagem desengonçada
Totalmente complexa sutileza
Botando limite na safadeza
Dessa dupla de tanta molecada.
Naquelas casuais paqueras incertas
Houveram pelejas dignas e francas
Como preces que nunca criam bancas
Eles declaram suas mágoas certas
Protegendo várias portas abertas
Se for preciso vão dar gargalhada
Imitando gaiata trapalhada
Pra mesclar o sentido profundeza
Botando limite na safadeza
Dessa dupla de tanta molecada.
Critica todo governo burguês
Logicamente com bastante tática
São maiorais em questão matemática
Modestamente dez no português
Mesmo sem ter presença é freguês
- Criatura não vai ser reprovada!
Diz professor da matéria rasgada
Rezando baixo pra Santa Tereza
Botando limite na safadeza
Dessa dupla de tanta molecada.
O Mixengo temendo genitores
Chora sentindo seu time perder
Um franco vibrador só faz sofrer
Vasculha lorotas sobre pastores
É Flamenguista dos bons torcedores
Ouve rádio pequeno da cunhada
É rei daquela linda criançada
No fim deste placar só há proeza
Botando limite na safadeza
Dessa dupla de tanta molecada.
Xadaigo vascaíno prestativo
É cidadão comum desmantelado
Atleta com vigor determinado
Jamais praticava morrer passivo
Com ele resta-lhe ser mais ativo
Irmandade logo foi consumada
Confiança do tipo bagunçada
Somente gostava volver surpresa
Botando limite na safadeza
Dessa dupla de tanta molecada.
Mixengo palidamente tristonho
Por outros motivos tem-se castigo
Nadando no rio, mas que perigo!
A mamãe foi buscar este medonho
Lasca tapa lhe deixando bisonho
No campeão da rápida braçada
Premiação já será confirmada
Orgulhoso pra toda redondeza
Botando limite na safadeza
Dessa dupla de tanta molecada.
Xadaigo levando sol por capricho
Pomada nas costas do vagabundo
Seu velho é um machista profundo
Eufórico, pior tal qual um bicho
Dizendo: - Chega filho de rabicho!
Família tradição contaminada
Época servil militarizada
Prestando serviço pra malvadeza
Botando limite na safadeza
Dessa dupla de tanta molecada.
Mixengo se soltando para vida
Naquele seu comparsa confiava
Com jovial donzela namorava
Achava mais benéfica subida
É fato colhendo larga partida
Tem ação tão simplesmente cobrada
Planejou fazendo certa virada
Criou toda frágil delicadeza
Botando limite na safadeza
Dessa dupla de tanta molecada.
Resguardado perdoado por Deus
Xadaigo não tentou malabarismo
Foi sim, maior exibicionismo
O presepeiro blefou ser Mateus
Quis guardar como jazem fariseus
Na reta do beco teve peitada
Lado paterno tem visão cansada
Estava confuso sobre leveza
Botando limite na safadeza
Dessa dupla de tanta molecada.
Mixengo jogando bola vem pisa
Do cuidar materno é capacho
Com sua cabeleira feito cacho
Faz malandragem vestindo camisa
Rindo no campo com cara mais lisa
Neste futebol craque tem pancada
Dava lição para não ser testada
Quebrou dum jogador sua magreza
Botando limite na safadeza
Dessa dupla de tanta molecada.
Lembro-me daquelas tardes dos trotes
Num empate da bexiga taboca
Escrete visitante faz potoca
Os treinadores disputam pinotes
A postura daqueles dois garrotes
Pulando goleiro levam pernada
Um juiz ladrão quis frear jogada
Porque no término vem a fraqueza
Botando limite na safadeza
Dessa dupla de tanta molecada.
A relação daqueles companheiros
Tem cobertura num mágico brilho
Na prática moderna, digno filho
Contratam trabalhadores parceiros
Fazem vasta lista dos biriteiros
Que mesmo nesta cruel escalada
Faziam desordem e presepada
Batiam no lateral sem defesa
Botando limite na safadeza
Dessa dupla de tanta molecada.
Na festança bêbados piravam
Esta é a fase mais vingadora
Um dos maridos duma tal traidora
Levou pessoas que não prestavam
Só porque deste jogo zombavam
Fina Jovem encontra-se deitada
Provocante, plenamente pelada
Causando rebu por causa da presa
Botando limite na safadeza
Dessa dupla de tanta molecada.
Linguagem tirana tem nome corno
É dita pelo bairro do Castelo
Pacato Mixengo feito farelo
De quente passa logo para morno
Ninguém põe sua mão naquele forno
Lhe chamam touro da venta sambada
Pra desespero desta meninada
Por este cantinho restou tristeza
Botando limite na safadeza
Dessa dupla de tanta molecada.
Felismina com a bela Paizinha
Amigas planejando bom negócio
Estavam em busca dum fiel sócio
Uma lanchonete tão bonitinha
Abriram lá numa famosa prainha
Batuques fazem aquela zoada
Ambiente só clientela dada
Depositam grana sem ter dureza
Botando limite na safadeza
Dessa dupla de tanta molecada.
Modesto público neste pedaço
Toda recepção nada grandiosa
Recebe plateia bem orgulhosa
Mixengo reclama pra ter fracasso
Seguindo vai devagar no compasso
Especulando soube ver mancada
Um dengoso com criação mimada
Artista nato com mais esperteza
Botando limite na safadeza
Dessa dupla de tanta molecada.
O Xadaigo conheceu Felismina
Habitante destas terras do longe
Naquele bar comeu feito Camonge
Foi degustador de toda cantina
Não quis empolgar-se noutra menina
Satisfação magnífica guardada
Só que numa tardinha desgraçada
Queria do lar fugir com destreza
Botando limite na safadeza
Dessa dupla de tanta molecada.
Gentil universo traçando giro
Por enquanto voltando pro começo
Não tem importância ter endereço
Neste rodear logo me refiro
Paizinha com Mixengo faz suspiro
Se sente como meiga felizarda
Reciprocidade é contemplada
Tem dinheiro naquela sobremesa
Botando limite na safadeza
Dessa dupla de tanta molecada.
Xadaigo modificou seu lamento
Com Mixengo, papel mais perigoso
Curtem tomar chazinho fedegoso
Hoje tem alegria sem tormento
Brincantes toscos em padecimento
Gente que julga pode ser julgada
Dois cabras viventes em palhaçada
A coisa fácil nos dá incerteza
Botando limite na safadeza
Dessa dupla de tanta molecada.
Oh! Cristo meu! Felismina Santana
Vem depressa pro Jardim das Acácias
Pra ficar com o cara das falácias
Ficam gozando: - Cobra caninana!
Quando quer ser no mínimo bacana
A dita cuja vai sendo roubada
Bebe todas, devota da gelada
Chatice sensata, vã natureza
Botando limite na safadeza
Dessa dupla de tanta molecada.
Par de sapato cheirando chulé
Para desgastar toda consciência
Que lhe maltrata pela paciência
De repente frente com Nazaré
Caindo sob garras dum bom cabaré
Lamenta ter dado baita porrada
Toca fogo nos quartos da tarada
Brigou, não dando nenhuma moleza
Botando limite na safadeza
Dessa dupla de tanta molecada.
Paizinha nunca que frequentou zona
Voltar pro passado lhe deu saudade
Reviver a momentânea verdade
Sentada naquela grande poltrona
Exaltação duma madame dona
O telefone discando largada
Toque-toque chamando por malvada
Mesmo contra toda sua lindeza
Botando limite na safadeza
Dessa dupla de tanta molecada.
Chegava das bandas de Macaxeira
Como peste serpente deu seu bote
Junta com Felismina faz um mote
Para descarregar naquela feira
Esculhambou: - Mixengo, seu fuleira!
E nunca mais quis receber cantada
Nesta noite capeta deu gaitada
Trovões nos sons mugidos da bezerra
Botando limite na safadeza
Dessa dupla de tanta molecada.
No pescoço brilhante gargantilha
Pendurada nos robustos rapazes
Sem olhar mulheres dos capatazes
Pelos cantos viviam da partilha
Ensino Superior criam trilha
Conheceram Maria Passarada
Pros cantos desbravarem invernada
Comercializando miudeza
Botando limite na safadeza
Dessa dupla de tanta molecada.
Numa sofisticada formatura
Engenheiros civis da construção
Ambos valorizam educação
Amizade sincera, que loucura
Está bendita com farta ternura
Amigos irmãos dão boa risada
Como bem completa qualquer jornada
Unidos sempre pela gentileza
Botando limite na safadeza
Dessa dupla de tanta molecada.
Questionadores são carretéis
Respondo sem medir minha conduta
Que todas as duas foram à luta
Brilharam neste ramo dos hotéis
Apartamentos com seus aluguéis
Paizinha tem a marca consagrada
Felismina lhe querem deputada
Ganhando seu pleito numa clareza
Botando limite na safadeza
Dessa dupla de tanta molecada.
Narrando fatos estou no final
Sobre julgamento já expressei
Se nestes dramas vividos pequei
Já é práxis para ser bem normal
Vou fixar este Cordel num bornal
Vender pra toda pessoa letrada
Homem que vive pra mulher amada
Tem poesia nos graus da firmeza
Botando limite na safadeza
Dessa dupla de tanta molecada.