QUEM NASCEU COM ESSA SINA CARREGA A FACE DA FOME
Quem nasceu com essa sina
Carrega a face da fome
É triste alguém viver
Sem ter um conto furado
Sem ter um real no bolso
A meses desempregado
Com contas para pagar
Por ter comprado fiado
Devendo pra todo lado
Andando em desalinho
Quando consegue algum
Vai gastar no mercadinho
Compra três ou quatro coisas
Tipo para um passarinho
Quer comer um espetinho
Só pode sentir o cheiro
Quer tomar uma cerveja
Não toma sem ter dinheiro
Fiado não compra mais
Nem em boteco fuleiro
Como viver sem dinheiro
Devendo pra agiota
Internet, luz e gás.
Feira na venda de Tota
Sem contar no aperreio
De um cobrador na bota
A paciência se esgota
Pra nada tem um tostão
Para nem um compromisso
Nem lazer nem diversão
A vida do liso é
Um viver sem ter razão
Pra fugir dessa pressão
Ficar menos deprimido
Vez por outra enche a cara
Vai andar desiludido
Mas quando passo o efeito
Parece está mais perdido
E assim segue ferido
Sem saber o que fazer
Tem planos pra mais de mil
Mas não tem como exercer
As vezes aperreado
Pede a Deus para morrer
Parece não entender
E fica mais revoltado
Quanto mais a crise aperta
Mais o nó fica apertado
E assim vai se sentindo
Só mais um pobre coitado
Com tudo descontrolado
Tristeza é cativeiro
Da vida perde o gosto
Da desgraça é prisioneiro
É assim que vive alguém
Desprovido de dinheiro
Que destino traiçoeiro
Judia, mata e consome.
É um rolo esmagador
Esmaga, fere e some.
Quem nasce com essa sina
Carrega a face da fome.
Diosmam Avelino- 04/03/2022