Onde nasce o preconceito

Onde nasce o preconceito

Zé Osmar

Que somos filhos de Deus,

Disso jamais duvidei.

Crescidos para o amor,

Essa é a divina lei.

Mas na socialização

Surge a discriminação

Coisa que nunca aceitei.

Preconceitos são nocivos.

Use sempre no plural

Pra não ser simplificado

Como único, ao final,

Pra que essa má atitude

Não consiga amplitude

Tendo rechaço geral.

Como tem tantas facetas,

Posso já ter praticado.

Não quero aqui ser só vítima

De preconceitos velados.

Já passa da hora ou dia

De termos a lista ou guia

Donde o vício é gerado.

Começo por minhas origens,

Pois sou filhos de roceiros.

Mesmo vencendo tal ciclo

E andado o Brasil inteiro,

Quando falo da família,

Sinto olhar de vigília,

Aquele golpe certeiro.

Mais castigado que eu,

Sofre meu primo Vicente.

Só por carregar na cor

Parte de nossa semente,

Nossas origens nagô,

Herança de nosso avô,

Legítimo afrodescendente.

Assim já citamos dois

Absurdos radicalismos:

Preconceito de família

É social ou classismo.

Já distinguir pela cor,

Coisa que causa horror,

Dói na alma, é racismo.

Nenhum grupo está livre

Dessa atitude mesquinha.

Que reclamem as mulheres

De todo homem casquinha.

Cansamos desse machismo

Disfarçado de lirismo

Envolto na piadinha.

Negar emprego a alguém

Apenas por ser mulher,

Sem testar sua competência,

Ou seu aptidão sequer,

Denota falta de ética.

Sendo só pela estética,

Muita justiça requer.

Pessoas com deficiência

São por demais preteridas.

Precisam sempre provar

Que geram contrapartida.

É muita dicotomia

Pra quem apenas queria

Praticidade na vida.

Ainda falando do físico,

Que dizer do visual?

Querem nos privar do íntimo,

Legítimo e pessoal.

Vendem-no certo padrão

Que a mínima distinção

Tira você do normal.

Difícil achar culpados

Dessas sociais fissuras.

Comum encontrar doutor,

Pessoa de vasta leitura,

Bancando o intolerante,

Enquadrar como rasante

Uma distinta cultura.

Pelo modo que se educa

Que o preconceito evolui.

Mormente se é repressor

Aquele que nos instrui.

Mas, para perpetuar,

Ouvimos doutor falar

Que isso jamais influi.

Dentre os diversos gêneros,

A distinção é real.

Mas a crítica severa

Vai pra o homossexual.

Parece que a opção sua

Quanto mais se efetua

Toca o suposto normal.

Indo pra religião

A tese tende a cair:

A nossa sempre melhor

As outras devem sumir.

É comparação demais,

Em vez de gerar paz,

Adotam pra desunir.

Confundem nosso caráter

Pela nossa ocupação:

Costumam tratar por grosso

Motorista de caminhão.

Homem que é cabeleireiro

Bailarino, confeiteiro,

Deixam fora do padrão.

Ainda sobre padrão,

Nos julgam pelo vestir.

Não basta estar composto

E todo o corpo cobrir.

É tanto apego na moda,

Parece que incomoda

Quem a etiqueta ferir.

Excluídos excluindo.

Poderia até ser cômico,

Se não fosse para os povos

Um grande revés atômico.

Porque em busca da fama

Tem vítima que derrama

O preconceito econômico.

Fica aqui meu pedido:

É preciso ter cuidado,

Pois esse mal sempre cresce

Se por você externado.

São ódios e hostilidades,

Ranso e imbecilidades,

Em sua bagagem levados.

Zé Osmar
Enviado por Zé Osmar em 24/03/2022
Reeditado em 24/08/2022
Código do texto: T7480068
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