ALEGRIA LIBERADA
Para que existem festas?
O homem devia pensar em produzir
Em vez de pensar em se divertir
Gastar dinheiro que às vezes não tem
Somente para aparecer de bem
De maneira bastante artificial
Mesmo que em casa falte o essencial
Na pista obedece regras e horários
Gasta seu tempo e salário
Em fantasias de carnaval.
Não se diga que carnaval não pode
Nada de discriminar o ludismo
Em nome de um falso moralismo
Determinar a maneira de brincar
Como se alguém pudesse avaliar
O grau de alegria de cada um
Numa escala sem valor nenhum
Frear, quem sabe, a criatividade
Numa festa sem muita vaidade
Com vibração de filho de Olorum
Ninguém quer voltar a Idade Média
Quando toda a festa era proibida
A diversão devia ser esquecida
Porque Deus exigia seriedade
Alegria só na feliz eternidade
Tristeza na quaresma era dobrada
E para fazer com que fosse respeitada
Havia três dias de total liberdade
Folia até cansar, até a saciedade
Na quarta voltava a sacra jornada.
Os folguedos inocentes e baratos
Foram cedendo para as programações
As alegorias, enredos, competições
Desceram do morro para as praças
Se perderam espontaneidade e graça
Ganharam em pesquisa e cultura
Porque para montar a estrutura
Precisa garra, muito voluntariado
Tudo precisa ser bem administrado
Para manter o carnaval nas alturas.