PRIMEIRO CAPÍTULO

FAÇAMOS NOSSA NOTÍCIA

AS PÉSSIMAS VÃO MORRER

Quando é pra ficar triste

Leiam notas dos jornais

Pauta dos Ocidentais

Império nunca desiste

Mudar foco, bem insiste

Jornalismo do sofrer

Absurdos desse poder

Viver na nação fictícia

Façamos nossa notícia

As péssimas vão morrer.

QUANDO É PRA FICAR TRISTE

LEIAM NOTAS DOS JORNAIS

Sou pele de fugitivo

Quando fujo causo medo

Não guardo nenhum segredo

Pra mexer meu cognitivo

Gelo com aperitivo

Me transformo capataz

Da fazenda dos meus pais

Dono do cavalo Alpiste

Quando é pra ficar triste

Leiam notas dos jornais.

SOU PELE DE FUGITIVO

QUANDO FUJO CAUSO MEDO

Se fico vou dar o fora

Se saio sou pensativo

Na trilha bem mais ativo

Quem comigo vive, chora

Quem chega também implora

A volta não tem segredo

Sou novela sem enredo

Mãos de punho criativo

Sou pele de fugitivo

Quando fujo causo medo.

SE FICO VOU DAR O FORA

SE SAIO SOU PENSATIVO

Bem sabem estou chegando

Lembranças trago comigo

Das trilhas com um amigo

Junto de mim trabalhando

Tem viagem esperando

Me fiz deliberativo

Sob o verbo educativo

Num cavalo sem espora

Se fico vou dar o fora

Se saio sou pensativo.

BEM SABEM ESTOU CHEGANDO

LEMBRANÇAS TRAGO COMIGO

Venho das bandas do Norte

Saudades trago na mente

Daquela igreja de crente

Onde rezei e fiquei forte

Espantei pra longe a morte

Do padre Jó fiquei amigo

Doença não tem perigo

Observe o que estou contando

Bem sabem estou chegando

Lembranças trago comigo.

VENHO DAS BANDAS DO NORTE

SAUDADES TRAGO NA MENTE

De que vale ser feliz

Se não tenho teu perdão?

Vou fazer encenação

Papel de bom aprendiz

Intérprete, vil atriz

Estou contigo na frente

Feito cabelo sem pente

Dou gritos que tenho sorte

Venho das bandas do norte

Saudades trago na mente.

DE QUE VALE SER FELIZ

SE NÃO TENHO TEU PERDÃO?

Volto com mais abertura

Pra terra que me criou

Foi aqui que me fiz senhor

Na infância com tanajura

Brincadeiras de coruja

Passado só emoção

Com amor no coração

Quebrando tanto nariz

De que vale ser feliz

Se não tenho o teu perdão?

VOLTO COM MAIS ABERTURA

PRA TERRA QUE ME CRIOU

Estou chegando sem pressa

Trago sã experiência

Com bastante competência

Praquele que se interessa

E nunca mais nada impeça

São regras de quem voltou

Pra contar tudo passou

Nos percalços da tortura

Volto com mais abertura

Pra terra que me criou.

ESTOU CHEGANDO SEM PRESSA

TRAGO SÃ EXPERIÊNCIA

Nas nascentes que passei

Peixes calmos nadavam

Meus olhos ali estavam

Uma paz logo encontrei

O silêncio lá deixei

Quem fala é a ciência

Na fartura inteligência

O filho pro lar regressa

Estou chegando sem pressa

Trago sã experiência.

NAS NASCENTES QUE PASSEI

PEIXES CALMOS NADAVAM

Me fiz forte na jornada

Plantei, colhi o que sabia

Andei, dormi em pleno dia

Depois longa caminhada

E lhe dou por terminada

São monges que cantavam

Tão cedo pernoitavam

Tudo aquilo contemplei

Nas nascentes que passei

Peixes calmos nadavam.

ME FIZ FORTE NA JORNADA

PLANTEI, COLHI O QUE SABIA

Vendo a casa que morava

Pulo de felicidade

Evitei a dor da saudade

Meu olhar na terra fixava

E o silêncio em mim pairava

Vou dizer com alegria

Distâncias, melancolia

Chego depois da invernada

Me fiz forte na jornada

Plantei, colhi o que sabia.

VENDO A CASA QUE MORAVA

PULO DE FELICIDADE

Quem me fez aqui chegar

É a mesma do partir

Chorei querendo sorrir

Vi no que podia dar

Quase me fiz reclamar

Tudo na eterna bondade

Por vezes és crueldade

Minha cabeça pensava

Vendo a casa que morava

Pulo de felicidade.

QUEM ME FEZ AQUI CHEGAR

É A MESMA DO PARTIR

Lorotas sem argumentos

Cedo chegam perecer

Que vivem num mesmo ser

Leva consigo momentos

Sem saber dos sofrimentos

Mesmo de quem quer fugir

Explode sem permitir

Assim faz então voltar

Quem me fez aqui chegar

É a mesma do partir.

LOROTAS SEM ARGUMENTOS

CHEGAM CEDO PERECER

Jogando nos cemitérios

Quem não sabe seu destino?

Se bandidos, assassino!

Ambos cheios de mistérios

Miseráveis, adultérios

Seres morrem pra viver

Da vida, nunca perder

Meliantes mandamentos

Lorotas sem argumentos

Chegam cedo perecer.

JOGANDO NOS CEMITÉRIOS

QUEM NÃO SABE SEU DESTINO?

Sou fiel entre pecado

A alma chora de alegria

Malandro ou zé da agonia

Tudo transforma passado

Nunca me troque no fado

Sou caboclo nordestino

Poeta bom matutino

Guardei diversos mistérios

Dentro desses cemitérios

Quem não sabe seu destino?

SOU FIEL ENTRE PECADO

A ALMA CHORA DE ALEGRIA

Se perdoou vil maldade

Aí que vemos grandeza

Pus os pés na safadeza

E sai buscando a vontade

Tive a energia verdade

Toscos da melancolia

Dizem as santa Maria:

- Não serás ultrapassado!

Sou fiel entre pecado

A alma chora de alegria.

SE PERDOOU VIL MALDADE

AÍ QUE VEMOS GRANDEZA

Sou reto na linha reta

Não aceito melancolia

Sou um ente dessa folia

Morrer na falta de meta

Dos que fazem tanta seta

Neste ópio da incerteza

E assim penso na certeza

Me fale só da verdade

Se perdoou vil maldade

Aí que vemos grandeza.

SOU RETO NA LINHA RETA

NÃO ACEITO MELANCOLIA

Minha existência terrena

Me faz ser solicitado

Abraço no povo amado

Beijo que se vala a pena

Mesmo no palco da cena

Sigo o rumo da alegria

E canto Sinhá Maria

Porque nada vem sem meta

Sou reto na linha reta

Não aceito melancolia.

MINHA EXISTÊNCIA TERRENA

ME FAZ SER SOLICITADO

Pedaço grande de chão

Onde pisam bons, eu piso

Abro seu longo sorriso

Alerta pro coração

Simples fala da razão

De não fugir do passado

Ninguém deve ter um fado

Nas atuações da cena

Minha existência terrena

Me faz ser solicitado.

PEDAÇO GRANDE DE CHÃO

ONDE PISAM BONS, EU PISO

Em todo lápis grafite

Tem poesia criada

Tanta pra ser encenada

Livrar dor da dinamite

Daquele que se demite

Ficção, penso, realizo

Tenho estudo, mais preciso

Criar a dita ficção

Pedaço grande de chão

Onde pisam bons, eu piso.

EM TODO LÁPIS GRAFITE

TEM POESIA CRIADA

Meu pensamento vagueia

Procurando no caderno

Encontro com velho terno

Musa por nome sereia

Inspiração corre veia

Assumo versos na estrada

De poeira e de passarada

Transtorno à minha artrite

Em todo lápis grafite

Tem poesia criada.

MEU PENSAMENTO VAGUEIA

PROCURANDO NO CADERNO

Na Massa de mandioca

Fiz bolo pra nobre infância

Diário louco inconstância

O mundo não se faz toca

Nem tampouco dentro foca

Matuto velho de terno

Do patrão é subalterno

Quem nunca quer não tem peia

Meu pensamento vagueia

Procurando no caderno.

NA MASSA DE MANDIOCA

FIZ BOLO PRA NOBRE INFÂNCIA

Sou moleque traquinando

Ligo jipe, vou pro céu

Não sou feito coronel

Nem mesmo mandiocando

Sentimento vai passando

Luz acesa da ignorância

Poesia é substância

Corra para sair da toca

Na massa de mandioca

Fiz bolo pra nobre infância.

SOU MOLEQUE TRAQUINANDO

LIGO JIPE, VOU PRO CÉU

Botafogo quer o título

Sonhando ser campeão

É jipe na contramão

Sonho sem nenhum capítulo

Muito menos subtítulo

Da paróquia São Miguel

Um gatuno bacharel

E assim te deixo esperando

Sou moleque traquinando

Ligo jipe, vou pro céu.

BOTAFOGO QUER O TÍTULO

SONHANDO SER CAMPEÃO

Povos mendigam esmola

Nosso Congresso no embalo

O Botafogo no ralo

Nada quase, nada cola

Dirigente tanto enrola

Futebol de coração

Traz loucuras de paixão

História só num capítulo

Botafogo quer o título

Sonhando ser campeão.

POVOS MENDIGAM ESMOLA

NOSSO CONGRESSO NO EMBALO

Nesse pedaço de chão

Onde tem dentro miséria

Já matou Dona Quitéria

Seu primo, nome João

E o marido Bastião

É isto que sempre falo

Palavras indo ao ralo

A desgraça que se assola

Povos mendigam esmola

Nosso Congresso no embalo.

NESSE PEDAÇO DE CHÃO

ONDE TEM DENTRO MISÉRIA

Nossa linda poesia

Canta e dança sem parar

Mas querem lhe provocar

Monopólio putaria

A notícia mentiria

Globo é uma pilhéria

De mentirosa matéria

De gasta programação

Nesse pedaço de chão

Onde tem dentro miséria.

NOSSA LINDA POESIA

CANTA E DANÇA SEM PARAR

Não tem coisa mais sagrada

Que a virtude do poeta

Quando salto tanto aperta

Procura a pessoa amada

Que por ele foi beijada

Entre o céu, entre rio e mar

E assim souberam amar

Seja na dor, na alegria

Nossa linda poesia

Canta e dança sem parar.

NÃO TEM COISA MAIS SAGRADA

QUE A VIRTUDE DO POETA

Cordel, tradição de luta

Em lares brados habita

Nos recitais de Mãe Rita

Naquela corrente bruta

Naquela grande disputa

A poesia se acerta

Na dita chamada certa

Recitante bem brindada

Não tem coisa mais sagrada

Que a virtude do poeta.

CORDEL, TRADIÇÃO DE LUTA

EM LARES BRADOS HABITA

No mergulhar da criança

Rios nascem a cada ano

Um jovem sem desengano

Vive da fé e esperança

Quando ganha faz festança

Lusa bandeira na fita

Das tantas letras de Anita

Que traz sua força bruta

Cordel, tradição de luta

Em lares brados habita.

NO MERGULHAR DA CRIANÇA

RIOS NASCEM A CADA ANO

Pisciano com certeza

Água traça meu destino

Desde os tempos de menino

Carrego dentro pureza

Depois grande, só certeza

Do imenso e lindo oceano

Navegando desengano

Embutido na lembrança

No mergulhar da criança

Rios nascem a cada ano.

PISCIANO COM CERTEZA

ÁGUA TRAÇA MEU DESTINO

Sou bento de batizado

Meu viver é o sertão

Curtidor do bom repente

Do cordel e cantoria

Assim nessa nostalgia

Um artista nordestino

Quase como clandestino

No teatro da clareza

Pisciano com certeza

Água traça meu destino.

SOU BENTO DE BATIZADO

MEU VIVER É O SERTÃO

Personagem condutor

Faz o grilo assobiar

Canta o bode e a sabiá

Dá risada o espectador

Com o Grilo sendo ator

E assim vivo essa emoção

Fazendo interpretação

Meu texto lido e marcado

Sou Bento de batizado

Meu viver é o sertão.

PERSONAGEM CONDUTOR

FAZ O GRILO ASSOBIAR

Não sei levar desaforo

Lhe meto logo rasteira

Me criei numa brincadeira

Tanto riso e pouco choro

Tanta letra e pouco agouro

No Nordeste popular

Jamais querer se mandar

Nos olhos pactua a dor

Personagem condutor

Faz o grilo assobiar.

NÃO SEI LEVAR DESAFORO

LHE METO LOGO RASTEIRA

Meu Deus em nome da fé

Somos cálices humanos!

Colheita pros paraibanos

Plantar milho pra José

Colher trigo pra Mané

O gostar está na beira

Respeito vem da parteira

Do riso se faz o choro

Não sei levar desaforo

Lhe meto logo rasteira.

DEUS EM NOME DA FÉ

SOMOS CÁLICES HUMANOS!

Por este amor tão profundo

Abençoa a poesia

Aprendi tanta alegria

Gentil amor nesse mundo

Penso num bom vagabundo

Junto de tantos hermanos

Brincando com seus fulanos

Valorizando a mulher

Meu Deus em nome da fé

Somos cálices humanos!

POR ESTE AMOR TÃO PROFUNDO

ABENÇOA A POESIA

Minha mãe chama Vitória

Norma é a companheira

Dupla boa de primeira

Pra aguçar a minha história

E mexer com a memória

Deus proteja neste dia

Com amor, tanta alegria

Sou assim feliz nesse mundo

Por este amor tão profundo

Abençoa a poesia.

MINHA MÃE CHAMA VITÓRIA

NORMA É A COMPANHEIRA

O meu pai se chama Bento

Três filhas pro verbo amar

Carol, Camila e Cacá

Família é sentimento

Para qualquer movimento

Verdades e brincadeira

Na voz fina da gagueira

Tudo fica na memória

Minha mãe chama Vitória

Norma é a companheira.

O MEU PAI SE CHAMA BENTO

TRÊS FILHAS PRO VERBO AMAR

No composto decimal

Métrica se faz sagrada

Traços da família amada

Tudo vai fluir normal

Mas, quase é pactual

A rima vem labutar

Versos nem querem parar

Construção quase tormento

O meu pai se chama Bento

Três filhas pro verbo amar.

NO COMPOSTO DECIMAL

MÉTRICA SE FAZ SAGRADA

Experimentar ciência

Na ciência literária

Escrita é libertária

Fluídos da paciência

Nos raios da pertinência

A leitura consagrada

Crítica é esperada

O nascer Oriental

No composto decimal

Métrica se faz sagrada.

BENTO JUNIOR
Enviado por BENTO JUNIOR em 15/02/2022
Reeditado em 04/09/2024
Código do texto: T7452423
Classificação de conteúdo: seguro
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