Minha escola meu sertão

Pra mim o rap tem gosto

de rapadura com a rima e

a doçura dos poetas do

Sertão, tem poesia e farinha

de fartura que alimenta

com a música qualquer

tristeza no coração, pois

vamos de poesia sem

frescura o que vale é a

educação.

A guerra começa quando

se dá o primeiro tiro, não

faço promessa não tenho

nenhum partido, vejo gente

com pressa à beira do

abismo, a morte acende

uma vela a droga ascende

um vício, sou do gueto e da

favela sou filho de

nordestino.

Não assisto novelas o

conhecimento está nos livros,

o Sertão é minha terra o

sofrimento tem mais um

capítulo, da seca surge um

poeta escrevendo seu destino,

arrancando toco quebrando

pedra para o sustento dos

filhos.

No Sertão eu me formei

na faculdade da vida,

fui professor e ensinei o

valor de um prato

de comida, lá o tempo

que eu passei aprendi

coisas que só o sofrimento

ensina.

Na terra pelejando eu fiz

o meu legado, aprendi sem

tá estudando o que a vida

tem me ensinado, foi aí que

eu percebi que o ignorante

é analfabeto e o humilde

é estudado.

Plantando cada semente

cavando cada buraco, o sol

batia quente a mão cheia de

calo, mas eu tinha em mente

que iria colher tudo que foi

plantado, a chuva deixou

a gente e o chão todo rachado,

mas para colher o presente é

preciso plantar o passado.

De escola eu sou carente

mas sou muito bem educado,

no Sertão a gente aprende

que oxente é o nosso

vocabulário, pois digo que

de educação a gente entende

mesmo falando arrastado.

Não guardo mágoa no

peito porque isso não enche

barriga, o que me deixa

satisfeito é um prato de

cuscuz com tripa, sou filho

de sertanejo do Sertão da

Paraíba, eu sempre bato

no peito por ser de terra

nordestina, minha enxada

é minha caneta e isso muito

me ensina.

Não tenho água na torneira

mas não me falta na cacimba,

a conta nunca chega Deus

manda lá de cima, a chuva

quando chega o Sertão todo

se anima, aqui não tenho

riqueza mas nunca faltou a

farinha, tem rapadura de

sobremesa pra adoçar

melhor a vida.

jardineiropoeta
Enviado por jardineiropoeta em 14/02/2022
Código do texto: T7452135
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