REPENTES NO CORDEL - QUARTO EMBATE
autores: j.r.filho & Douglas Alfonso.
Estrutura: ABBAACCDDC
Ritmo: 2, 5, 8, 11
Cantou Lourival, o poeta profundo,
É rei, do nordeste, não finda seu brilho,
Ninguém o supera ao cantar trocadilho
Com arte suprema foi muito fecundo
Bradou firmemente seu canto iracundo
Tornou-se uma fera ruim de enfrentar
Só Pinto podia talvez lhe domar
Dois gênios cantando no puro improviso
Na eterna morada, no bom Paraíso,
Por vezes se enfrentam, na beira do mar.
Mote e glosa do Poeta Douglas Alfonso.
Andei pesquisando esses dois repentistas
Brilhantes, famosos, em suas porfias,
E vi Severino vencer cantorias;
Pelejas travadas por esses artistas,
No fundo, chamados também ativistas,
Do verso cantado difícil de armar.
O “Pinto” é devasso no seu desdenhar,
Porém Lourival, respondendo com calma,
Dizia que os dois duelavam com alma,
Cantando galope na beira do mar.
Glosa do poeta: j.r.filho.
Pra o belo galope restou bater palma,
Rodrigues parece ser bom repentista
Porém, se não for é um grande ativista,
Da nossa cultura, escrevendo com a alma,
Com versos sublimes a nós sempre espalma,
O seu conteúdo com bom linguajar
Contigo consigo bem mais melhorar
Assim aprendendo percorro caminhos
Liberto das travas igual passarinhos...
Cantando galope na beira do mar.
Mote e glosa do poeta Douglas Alfonso
Pra ser repentista precisa ter dom...
O Douglas Alfonso carrega a bagagem,
É simples, honrado e não tem pabulagem,
No verso, profundo, melhor do que bom.
Desfia poemas e versa no tom,
Por isso, é tão fácil com ele versar;
No norte ou Nordeste, em qualquer patamar...
Repentes, criamos, em formas diversas,
O tempo, matamos com nossas conversas,
Cantando galope na beira do mar.
Glosa do poeta: j.r.filho.
As nossas cantigas estão bem imersas
Em formas solenes com simples maneiras,
Pois juntos erguemos as lindas bandeiras
Com falas bonitas, com danças diversas,
Também, sou um fã das sublimes conversas,
Que temos, por vezes, é bom conversar,
Mas digo sem dúvida e sem gaguejar,
O seu bom talento fervilha e até arde
E sigo cantando, lhe dou boa tarde...
Nos dez de galope na beira do mar.
Douglas Alfonso
Versando seguimos as nossas jornadas
E sempre buscamos a sã poesia,
No verso divino que tem sintonia
Abrimos espaços em várias estradas
Sabendo fazer geniais caminhadas
Por onde a peleja terá que passar...
Em tais desafios devemos focar
Visando vencer o pavor que a vil morte
Impõe aos humanos que têm pouca sorte
Nos dez de galope na beira do mar.
Glosa do poeta j.r.filho.
Meu estro me guia, pois é um transporte,
No qual eu viajo por mil universos,
Navego nos mares das rimas, dos versos,
E irei navegar muito após minha morte,
Deus fez-me poeta... Meu Deus, quanta sorte...
O Pai Soberano me pôs pra cantar,
Os versos perfeitos do meu linguajar
É Ele quem manda da eterna morada
Com arte pomposa percorro a jornada,
Cantando galope na beira do mar.
Douglas Alfonso
Não ouso passar nas estradas sem vida,
Pois tenho receio de pôr-me à deriva,
Vagando sem nexo, com a alma cativa;
Prefiro ficar aqui mesmo na lida:
Não quero virar de minhocas comida.
Por isso, pretendo vivendo ficar,
Embora a funesta procure levar
Meu corpo cansado de tantas labutas,
Não hei de partir sem vencer essas lutas
Cantado galope na beira do mar.
Glosa do poeta j.r.filho.
Amélia Rodrigues-Ba.
16 de setembro do 2021.