NÃO ESCUTO VITAR, LUDMILA, ANITA PARDAL NÃO HAVIA NO PAÍS

Sabiá, sanhaçu, corrupiao

Nossos pássaros que são bem nativos

E que cantam se soltos ou cativos

Com bastante beleza na canção

Alegrando sua gente no sertão

Há beleza no canto da perdiz

A graúna tem um canto feliz

Mas pardal jamais canta ou imita

Não escuto Vitar, Ludmila, Anita

Pardal não havia em nosso País.

Quem escuta Emílio, Nat, Sinatra,

Altemar Dutra, Moacir, Nelson Gonçalves

Jamais vai escutar sequer Tânia Alves

É comer acém ao invés de alcatra

E o tiro sair pela culatra

Escutar quem não é nem aprendiz

E nos tímpanos deixa cicatriz

Que não se cura nem com dolamita

Não escuto Vitar, Ludmila, Anita

Pardal não havia em nosso País.

Pardal, pássaro vindo do estrangeiro

Para aqui devorar nossos mosquitos

Mas que não foi bastante expedito

Destruiu habitat, nosso terreiro

Além de não cantar é barulheiro

Tem só um piado feio, o infeliz

Pior do que a voz dum tal Luís

Também de maritaca bem gasguita

Não escuto Vitar, Ludmila, Anita

Pardal não havia em nosso País.

HENRIQUE CÉSAR PINHEIRO

FORTALEZA, JANEIRO/2022