Valongo, rude Valongo!
Valongo, rude Valongo!
Antro da Angola, do Congo,
Terra com jaça e vil.
Na sua vida e glória,
Trouxe com sua história,
O escravo demente, senil.
Lusitana, Portuguesa,
Sua insana realeza,
Foi a nobre Imperatriz.
Foi Leopoldina, a princesa,
Que com tamanha firmeza,
Assinou as leis fabris.
Fez Vera Cruz e Quilombo,
Tupi-Guarani foi um tombo,
Fez a saga de Cabral.
Com você, eu não delongo,
A palavra, eu não prolongo,
Meu papo é reto e real.
Valongo, rude Valongo!
Fez do africano, um tongo,
E não fez meu bel-prazer.
Terra da boa regueifa,
A balbúrdia não me ceifa,
Só me faz enaltecer.
Valongo, rude Valongo!
Com você, eu não delongo,
E sim, faço os candomblés.
Deportou os camundongos,
É do ex-zaire, o Quicongo,
Trouxe os negros nas convés.
Ó Valongo lá do Rio,
O Marquês do Lavradio,
Fez nova legislação.
Transferiu o africano,
Em delével amor profano,
Construindo a escravidão.
Valongo, soberbo Valongo,
É um vale muito longo,
Sudeste de Gondomar.
Trouxe os bantos lá do Congo,
Da Angola, trouxe o jongo,
E só pôde escravizar.
Valongo, rude Valongo!
Fez um rincão songo-mongo,
Um torrão astuto, ardil.
Fez do meu verso, um ditongo,
Com entoar muito longo,
Fez desta terra; um Brasil!