Valongo, rude Valongo!

Valongo, rude Valongo!

Antro da Angola, do Congo,

Terra com jaça e vil.

Na sua vida e glória,

Trouxe com sua história,

O escravo demente, senil.

Lusitana, Portuguesa,

Sua insana realeza,

Foi a nobre Imperatriz.

Foi Leopoldina, a princesa,

Que com tamanha firmeza,

Assinou as leis fabris.

Fez Vera Cruz e Quilombo,

Tupi-Guarani foi um tombo,

Fez a saga de Cabral.

Com você, eu não delongo,

A palavra, eu não prolongo,

Meu papo é reto e real.

Valongo, rude Valongo!

Fez do africano, um tongo,

E não fez meu bel-prazer.

Terra da boa regueifa,

A balbúrdia não me ceifa,

Só me faz enaltecer.

Valongo, rude Valongo!

Com você, eu não delongo,

E sim, faço os candomblés.

Deportou os camundongos,

É do ex-zaire, o Quicongo,

Trouxe os negros nas convés.

Ó Valongo lá do Rio,

O Marquês do Lavradio,

Fez nova legislação.

Transferiu o africano,

Em delével amor profano,

Construindo a escravidão.

Valongo, soberbo Valongo,

É um vale muito longo,

Sudeste de Gondomar.

Trouxe os bantos lá do Congo,

Da Angola, trouxe o jongo,

E só pôde escravizar.

Valongo, rude Valongo!

Fez um rincão songo-mongo,

Um torrão astuto, ardil.

Fez do meu verso, um ditongo,

Com entoar muito longo,

Fez desta terra; um Brasil!

Valério Márcio
Enviado por Valério Márcio em 10/01/2022
Reeditado em 10/01/2022
Código do texto: T7425890
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