O CORNO E A QUENGA

Eu era menino, ainda me lembro

Mas nem podia falar nesse assunto

Também não era nem prá ficar junto

Quando pessoas estavam a conversar

Mesmo da família sendo membro

Quando a conversa era sobre traição

Isso na época era uma coisa muito feia

Pois toda mulher que o marido corneia

Perdia para sempre a sua pose

Não merecia nenhuma consideração

Mas eu era uma criança muito esperta

E dos meus ouvidos nada escapava

Onde tinha várias pessoas eu lá estava

Prestando muita atenção no assunto

Eu era bem discreto nessa tacada certa

O caso mais importante que escutei

Foi de um vizinho que levava gaia

Sua mulher de justa só tinha a saia

O pobre era corno e não desconfiava

Se me perguntavam eu dizia não sei

A mulher dava mais do que chuchu

Ela só vivia alegre e cheia de vida

E quem tivesse a língua comprida

Que nem ousasse falar mal dela

Pois ia se envolver no maior sururu

Em um navio ele era um embarcado

Passava dias sem voltar prá casa

Nesse tempo a mulher era uma brasa

Sempre acesa prá quem ela queria

Era uma quenga de muito rebolado

Todos conheciam essa história

Desse corno e dessa quenga

Com eles ninguém via arenga

Viviam eles muito bem obrigado

Mas essa gaia já era notória

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 03/01/2022
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