O CORNO E A QUENGA
Eu era menino, ainda me lembro
Mas nem podia falar nesse assunto
Também não era nem prá ficar junto
Quando pessoas estavam a conversar
Mesmo da família sendo membro
Quando a conversa era sobre traição
Isso na época era uma coisa muito feia
Pois toda mulher que o marido corneia
Perdia para sempre a sua pose
Não merecia nenhuma consideração
Mas eu era uma criança muito esperta
E dos meus ouvidos nada escapava
Onde tinha várias pessoas eu lá estava
Prestando muita atenção no assunto
Eu era bem discreto nessa tacada certa
O caso mais importante que escutei
Foi de um vizinho que levava gaia
Sua mulher de justa só tinha a saia
O pobre era corno e não desconfiava
Se me perguntavam eu dizia não sei
A mulher dava mais do que chuchu
Ela só vivia alegre e cheia de vida
E quem tivesse a língua comprida
Que nem ousasse falar mal dela
Pois ia se envolver no maior sururu
Em um navio ele era um embarcado
Passava dias sem voltar prá casa
Nesse tempo a mulher era uma brasa
Sempre acesa prá quem ela queria
Era uma quenga de muito rebolado
Todos conheciam essa história
Desse corno e dessa quenga
Com eles ninguém via arenga
Viviam eles muito bem obrigado
Mas essa gaia já era notória