O NÓ NA TRIPA GAITEIRA

O NÓ NA TRIPA GAITEIRA

Miguezim de Princesa

I

Toda vez que for comer,

Mastigue bem a comida,

Porque senão na descida

Ela pode endurecer.

Eu já vi gente morrer

Por engolir carne inteira,

Engancha na saideira,

Deixa o cabra entiriçado,

Muitos morrem sufocados

Com o nó na tripa gaiteira.

II

Zé Raimundo quase morre

Numa tarde de Finados:

O cemitério lotado,

Foi aquele corre-corre.

Se o povo não socorre,

O coitado já morreu,

Porque o peido prendeu

Na hora da Santa Missa.

Pra sair da entiriça,

Veja o trabalho que deu.

III

Chamaram Doutor Zezito

E até Luiz Ribeiro,

Que era o maior raizeiro

Daquele canto esquisito,

Salvaram ele no grito,

Óleo de rícino foi pouco,

Já morrendo, quase mouco,

Saiu um peido de trás

Que derrubou um rapaz,

Tão grande foi o papouco!

IV

Tancredo Neves morreu

Porque a tripa inflamou,

Ele, em campanha, não parou,

E a tripa apodreceu,

A infecção cresceu,

Até o velho morrer,

E todo o povo a sofrer

A perda do presidente,

E o bigodão sorridente

Para assumir o poder.

V

Nas férias de fim de ano,

Bolsonaro se excedeu:

Eu soube que ele comeu

Sarapatel e tutano

Da panela de um cigano

Que veio de João Pessoa;

Beba uma cachaça da boa,

Na cuia de Zé de Aurora,

Se não ficar bom na hora,

Ao menos o peido avoa!

Miguezim de Princesa
Enviado por Miguezim de Princesa em 03/01/2022
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