MARGENS DO RIO ARAGUAIA
( E as lendas que se contava às crianças )
(Hull de La Fuente)
Na manhã ensolarada
Em tuas margens verdejantes,
Contemplei maravilhada
As águas doces passantes.
Revendo-te ó Araguaia,
A emoção me domina
A beleza desta praia
Simplesmente me fascina.
Revendo as velhas palmeiras
Onde os sabiás cantavam,
As flores das quaresmeiras
Que de mel alimentavam,
Os colibris e abelhas,
Que nessas margens habitavam
E as frondosas gameleiras,
De cujos galhos eu saltava.
Assaltam-me as lembranças
Daqueles tempos de então,
Quando com outras crianças,
Com muita satisfação
Bem afoita eu mergulhava
Pra sentir a emoção
E saber quem mais nadava
Na simples competição.
Daqui vejo a velha serra
Onde morava o gigante
Que estremecia a terra
Com seu jeito apavorante.
Dele não restou lembrança
No folclore popular,
Era conto pra criança
Diplomada em sonhar.
Da boiúna, ou cobra grande,
Ninguém mais se lembra dela,
Deve ter sido pescada
E cozida na panela,
Pelo gigante da serra
Que tava de olho nela,
Por que vivia em guerra
Causando muitas mazelas.
Até o boto galante
Virou banquinho de praça,
Lá no porto do Baé,
Da velha Barra do Garça.
Reaja boto, reaja,
Seu lugar não é ali
Volte para o Araguaia
Que está passando aqui.
Praia de brancas areias
Que atraem multidões,
Onde vivem as sereias
Que arrebatam corações.
Águas mornas do meu rio
Deste meu Brasil querido,
Onde a natureza em cio
Canta o amor a ser vivido.
Este é o Araguaia,
Onde em criança eu nadava,
No porto de lá da chácara
Onde com meus pais morava.
Naquele tempo eu não tinha
O temor que sinto agora,
De Banhar-me nessas águas
Só a idéia me apavora.
Perdoa-me Araguaia, vou deixar-te, vou embora.
Foto do Rio Araguaia encontrada no Google.