BENDITA AGULHA
01
Em dois mil e dezenove,
Surgiu a fúria assassina,
Ninguém estava seguro,
O medo virou rotina
Depois que o vírus mortal
Virou drama mundial
Aparecendo na China.
02
O perigo se alastrou
Em países diferentes,
Do mais rico ao mais precário,
Invadindo continentes,
Espalhando enfermidade
Com grande velocidade
Num quadro sem precedentes.
03
Para a doença não tinham
Tratamentos adequados,
E, por isso, os hospitais
Ficaram muito lotados.
A situação de urgência
Desafiava a ciência,
Deixando-nos preocupados.
04
Infelizmente, tivemos
Em risco milhões de vidas
Nesta batalha custosa
Contra forças produzidas
Por esse inimigo forte
Que disseminou a morte
Nas famílias atingidas.
05
Foi preciso intenso esforço
De vários profissionais
Na corrida contra o tempo
Para enfrentar arsenais
De uma grave pandemia,
Interrompendo a sangria
Trazida por seus punhais.
06
Entrou na pauta a vacina
No combate ao mal insano
Como forma de abrandar
As dores do ser humano
E começar o processo
De controlar o progresso
Do germe, evitar mais dano.
07
Hoje o mundo comemora,
Chegou a imunização
Que pouco a pouco alivia
A nossa população
Após enorme tormento,
Ao trazer algum alento,
Na forma de proteção.
08
À medida que a vacina
Em todo lugar avança,
Deixa crescerem em nós
As raízes da esperança,
Iluminando um futuro,
Mais alegre, mais seguro,
Liberto dessa matança.
09
Em breve, reduziremos
Entre as mãos quaisquer espaços,
Teremos de novo o toque,
Os carinhosos abraços
Que nos fazem falta agora
Porque logo vão embora
O Corona e os embaraços.
10
Os encontros virtuais,
As mensagens à distância,
A separação imposta
Por causa da circunstância,
O pavor que invade a rua...
Pouco disso continua,
Volta a paz em abundância.
11
Com os cuidados que ainda
Nós deveremos cumprir,
Devagar, os nossos hábitos
Precisarão ressurgir,
Um "novo normal", talvez,
Peça a nossa sensatez,
Isso vamos descobrir.
12
Para um vírus tão letal,
Não há muros nem cancelas,
Riqueza ou pompa capaz
De evitar suas sequelas,
Restando a verdade clara
De que o sujeito prepara,
Por vezes, a própria cela.
13
Superada a turbulência
Desta crise sanitária,
Mudança nos corações
Também será necessária,
Pois a humanidade clama
Perante a lição do drama:
"Quero ser mais solidária!"
14
Ficou provado que somos
Grãos de areia pequeninos
Sujeitos às ventanias,
A seus sopros repentinos,
Levando a outro lugar
Sem que possamos marcar,
Enfim, os nossos destinos.
15
Plantando a flor da bondade,
Colheremos doces frutos,
Conservando em nosso peito
O melhor dos atributos,
Tendo em vista que é sadia
Toda forma de empatia,
Nos mais diversos redutos.
16
Do suplício amenizado
Decerto o povo se orgulha,
O presente perseguido,
Finalmente, desembrulha.
A liberdade é restrita,
Mas é, de fato, bendita
A sutileza da agulha.
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Trabalho classificado em 4º lugar no III Prêmio de Trovas, Poesia e Prosa/2021, promovido pela ALJUG e UBT-Ceará.
Tema: O mundo pós-pandemia do Coronavírus