Minha infância
Da minha infância querida
Eu trago recordações
Das tardes de fome e sede
Das noites de escuridões
Onde eu mijava na rede
Ou no pé de uma parede
Com medo de assombrações.
Eu lembro com emoção
Das histórias de Trancoso
Caipora e lobisomem
Eu era muito medroso
Tinha medo do Pai da mata
De cachorro vira-lata
E de trovão perigoso
Do bicho-papão feioso
Medo do fogo corredor
De vaca brava no pasto
De cobra que vira flor
De tiro de bacamarte
De usar mertiolate
De faca de capador.
Também era assustador
Aquele velho cinturão
Que pai me dava uma pisa
Se brigasse com meu irmão
Era boa a minha arte
Mas hoje isso faz parte
Do acervo do coração.
Não guardei os traumas não
Como os filhos de hoje em dia
Eu guardei só os valores
E simples sabedoria
Coloquei tudo no papel
Transformando em cordel
Em verso de poesia.