APELO POÉTICO
Por Gecilio Souza
Eu implorei a Apolo
O deus grego da cultura
Que me desse inspiração
E expertise na captura
Dos sinais da realidade
Como também da leitura
Para escrever em cordel
Ou qualquer literatura
Com respostas bem difusas
Me respondeu que há musas
Responsáveis à altura
Estou no topo da estrutura
Minha função é comandar
Nove deusas encarregadas
Do exercício de inspirar
Os poetas e os artistas
Em qualquer tempo e lugar
Faça o seu pedido a elas
Que irão lhe proporcionar
Coragem e motivação
Ideias e inspiração
Para escrever e criar
Entendi e fui procurar
Aquele harém divinal
Nove musas protetoras
Da inspiração cultural
A primeira é CALÍOPE
Considerada a ancestral
Deusa da poesia épica
Um marco ou referencial
Patrona da eloquência
Genitora da ciência
No sentido mais geral
O pedido foi igual
A outra musa que inspira
Mas me dirigi a ela
Com um sotaque caipira
Na mitologia é ÉRATO
A quem Apolo admira
Deusa da poesia lírica
Romance de onde se tira
Mensagens afetuosas
Ela usa coroa de rosas
E nas mãos traz uma lira
Quem quer aprender se vira
Não tem a mente preguiçosa
Faz tudo o que for possível
Sem cara feia ou chorosa
Implorei à MELPOMENE
De alcunha melodiosa
Ela é a deusa da tragédia
A pesar de graciosa
Com o seu alegre canto
Tenta maquiar o pranto
Na sorte mal desejosa
A quarta musa famosa
Da grega mitologia
Promotora da gargalhada
Do riso e da alegria
Ela é a deusa da comédia
Feminina ousadia
O nome dela é TÁLIA
Portadora da fantasia
A célebre máscara cômica
Representação astronômica
Cheia de simbologia
Na ordem da galeria
Outra musa de expressão
Devido à sua relevância
Está na quinta posição
É CLIO a deusa da história
Fama, glória e proclamação
Dos fatos e acontecimentos
Mas sofreu uma punição:
Desejar sem parcimônia
Adônis rei da macedônia
Que foi sua grande paixão
E prossegue a relação
Das integrantes do harém
Ocupa o sexto lugar
Outra famosa também
Cujo nome é URÂNIA
Grande poder ela tem
Deusa da astronomia
E dos assuntos do além
Nas mãos um globo celeste
Um compasso para teste
Que com ela sempre vêm
A sétima musa porém
É bastante solicitada
O seu nome é POLÍMNIA
Deusa da poesia sagrada
Ela é "a dos muitos hinos"
Postura diferenciada
Com aquele ar pensativo
Extremamente concentrada
Criou o status precioso
Do culto religioso
E sua histórica sacada
Outra bem posicionada
E não menos importante
Pelo posto que ocupa
Sua função é relevante
Deusa da poesia lírica
E da música concomitante
O seu nome é EUTERPE
À Érato ela é semelhante
Delícia ou plena alegria
É a oitava da galeria
Famosa, não obstante
A última musa marcante
Dessa lista resumida
Ocupa a nona posição
Mas não menos merecida
Afinal assim é a ordem
Por Apolo estabelecida
O seu nome é TERPSÍCORE
Solicitada e ouvida
Ela é a deusa da dança
Na qual se deleita e avança
Para dar leveza à vida
E assim está concluída
A intensa comunicação
Entre o deus Apolo e eu
A título de suposição
Eis aí o resultado
Da hipotética interação
Doze singelas estrofes
E breve composição
Milagre não aconteceu
Por acaso me ocorreu
Uma certa inspiração