Maria, piloto de fogão
para Maria das Flores
De entrada vou dizendo,
que não faço apologia,
mas de pilotar fogão
quem sabe mesmo é Maria.
Vejam só uma façanha,
mas vou contar bem ligeiro,
que se deu há pouco tempo,
em nosso chão brasileiro.
Maria, num dias desses,
pelas 7 da matina,
começou prontar almoço,
feliz tocando sua sina.
Mas veja bem, meus amigo
o tamanho da confusão,
que se deu lá na cozinha,
de Maria e seu fogão.
Maria para o almoço
pensou fazer ensopado,
mas também teve a ideia
de fazer bolo enfeitado.
O bolo que ela queria,
era prá degustação,
do aniversário do neto
que se deu na ocasião.
E Maria checou o gás,
e também checou panela,
mas se esqueceu do relógio
que disparou na banguela.
E logo as hora avançando
já foi se dando “mei” dia,
e nada do rango pronto,
coitada de nhá Maria.
O feijão tava cozido,
pedindo ainda o tempero,
o arroz quase queimando,
imaginem o desespero!
Maria com seu fogão,
passou foi bem apertada,
pois já ia as 3 da tarde,
e o almoço ainda nada.
Quero aqui fazer uma pausa,
e digo pro vosso apreço,
que não fui naquele almoço
porque eu não tinha endereço.
A família de Maria,
já tava toda atiçada,
com a barriga em sinfonia
roncando esvaziada.
Pelas 4 horas da tarde,
Maria disse: cabei.
Agora é só a solada
que de pronto eu farei.
Depois de um pisco de bicho,
preguiça como é chamado,
o almoço ficou pronto,
e os passageiro assentado.
Com os passageiro assentado
na mesa daquela casa,
o povo foi se achegando
igual o fogo na brasa.
Depois do almoço servido,
já 5 horas da tarde,
emendou-se já com o bolo
e a grande festividade.
Se o leitor não se lembra
de Maria a profissão,
ressalto aqui nesta hora
sem nenhuma enrolação:
A sina de nhá Maria,
depois da “posentação”,
é de conduzir panelas
pilotando seu fogão.
Maria é mãe, jardineira,
das Flores em sua graça,
mas prá pilotar o fogão
não há igual nessa praça.
Aqui termino esses versos,
não sei se tá bom de sal,
mas assim bem vou servindo
esse Balai Cultural.
Santana, Silvio S. – Vidal, 23/11/2021
Maria das Flores é uma senhora participante do SCFV do CRAS Rio Quartel, e este poema em cordel é fruto das prosas e cantorias dentro da proposta Balaio Cultural, envolvendo o resgate das músicas, causos e brincadeiras do grupo de senhoras.