DIA DE ZUMBI DOS PALMARES - 20 DE NOVEMBRO DE 1695

 

Sou o Zumbi dos Palmares:

Como Moisés: fui libertador!

Mandei a opressão pelos ares

Com muita garra de lutador!

Doei aos escravos novos ares:

De uma vida digna de senhor!

 

Declarei guerra à vil escravidão.

Levantei a bandeira da liberdade.

Plantei um oásis dentro da nação,

Em meio a tanta dor e crueldade!

Fiz de milhares de negros, cidadão:

Dando-lhes casas e propriedade!

 

Ao invés do silêncio e da omissão?

Declarei guerra á vil escravidão!

Queria que o negro fosse cidadão,

Ao invés de uma peça do casarão!

Um simples produto de exploração:

De compra e venda no mercadão!

 

Ganga Zumba adere o governador.

E aceita pacífico a sua deliberação.

Deixou de atacar ao vosso senhor,

Por temer a sua própria destruição!

Vestiu a capa de bom apaziguador,

Jogando a toalha ante a escravidão!

 

Diante de tanta miséria e pobreza,

E de tanta “gentalha” explorada?

Milhões não têm comida na mesa:

Vivendo como ovelha desgarrada!

Chamando ao filé de vossa alteza.

Pois, é uma negra e desempregada!

 

Negro fugitivo era o mocambeiro,

Que se libertava daquele cativeiro...

Vivia como um “gado” bandoleiro...

Que não aceitava nenhum vaqueiro!

Zumbi era o seu grande “guerreiro”:

Que em “terras brasis” o justiceiro!

 

Mocambos, quilombos e favelados?

O seu significado é sempre igual:

É a moradia de negros explorados,

Apelidados de bandidos, marginal,

Que vivem nos barracos, agregados,

Amedrontados com a visita policial!

 

O quilombola agora virou favelado:

Que viaja num coletivo apertadinho.

Tem medo de ser pela PM autuado,

Enquanto vai para o seu trabalhinho!

Ganha nosso pão de cada dia suado,

Que mal compra o leite do bacorinho!

 

A desigualdade é o nosso pelourinho.

E o bacalhau nos açoita na pobreza!

A senzala na favela é o nosso ninho.

E a feijoada é o prato de nossa mesa!

Viajamos num transporte apertadinho,

E se protestar cai no pau com certeza!

 

Enquanto estiver um negro oprimido

Bem preso no tronco desta pobreza!

Toda nossa bonança não fará sentido,

Pois, o homem do homem virou presa!

Mesmo que o carnaval faça o alarido?

Nossa alegria será falsa com certeza!

 

Favelado não tem Zumbi dos Palmares,

Que lhe possa defender da exploração!

É chamado de bandido pelos populares,

Que merece ser morto por vil fuzilação!

Apesar de habitar barracos como lares?

É “obrigado” a votar em toda a eleição! 

 

Do Livro: POEMAS PROIBIDOS -

        POLITICAMENTE INCORRETOS

                    BIRCK JUNIOR 

 

 

 

Birck Junior
Enviado por Birck Junior em 18/11/2021
Reeditado em 18/11/2021
Código do texto: T7388351
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