A ESPADA DE DÂMOCLES

01

Em Siracusa vivia

No seu palácio imponente

O monarca Dionísio,

Um homem muito influente

Que tinha grande poder

Sobre toda aquela gente.

02

Por causa da posição,

A citada autoridade

Possuía serviçais

Pra qualquer necessidade

E com isso despertou

Num cortesão a vaidade.

03

Ele se chamava Dâmocles,

Um grande bajulador

Que vivia desejando

Ter um reino ao seu dispor,

Sempre elogiando a sorte

Daquele rei, seu senhor.

04

De tanto ouvir o indivíduo

Falando que gostaria

De ter a rotina igual,

Cheia luxo e alegria,

O rei propôs uma troca

Dos lugares por um dia.

05

Depois daquela conversa,

Sendo o desafio aceito,

Dionísio colocou

Na cabeça do sujeito

A coroa pretendida

E, assim, ficou satisfeito.

06

Cercado por ouro e prata,

Prazeres, boa comida,

Estava contente Dâmocles

Com a honra concedida

Até que em certo banquete

A euforia foi perdida.

07

Na mesa havia fartura

De vinhos raros, porções,

Pairavam nobres perfumes

Em todas as direções,

Enquanto, ao fundo, tocavam

Maravilhosas canções.

08

De repente, seu sorriso

Sumiu do rosto exultante,

As mãos tremeram e até

Ele perdeu num instante

O apetite porque viu

Uma cena apavorante.

09

No teto daquele espaço

Notara, presa, uma espada

Que num frágil fio apenas

Reluzia, pendurada,

E para sua cabeça

Estava mesmo apontada.

10

Dionísio, percebendo

O desespero do amigo,

Perguntou, tranquilamente:

- O que aconteceu contigo?

- Esta espada, meu senhor,

Certamente é um perigo!

11

O rei, então, explicou:

- Todos os dias, meu caro,

Esta espada me dá medo,

Pois existe um risco claro

De alguém lhe cortar o fio;

Ao meu governo equiparo!

12

- Se por um lado possuo

Poder, conforto e riqueza,

Também tenho que enfrentar

Todo tipo de ardileza,

Seja inimigo de fora

Ou interno, com certeza.

13

- Ameaças acompanham

Quem está na liderança,

Sempre vai haver a ponta

De uma espada que se lança

No seu rumo, pois nem tudo

É calma, paz e bonança.

14

Dâmocles, arrependido,

Ao perceber seu engano,

Acabou se convencendo

A dar fim no infausto plano

E devolveu a coroa

Para aquele soberano.

15

- Dionísio, realmente,

Pensei que fosse tranquilo

Assumir tua função,

Mas depois de ver aquilo

Eu reconheço que foi

Um gigantesco vacilo.

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- Com essa lição tamanha,

Tua vida não questiono

E, sem rastros de saudade,

O assento agora abandono

Para nunca mais voltar,

Teu lugar é neste trono!

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* Adaptação do mito/lenda