LAMPIÃO ENTRE O AMOR E O CANGAÇO

Nosso Brasil onde existe

Grandes fontes de riqueza

É em sua maioria

Formado pela pobreza

Sem solução, sem revide

Quem tem muito não divide

Pois é grande a avareza.

O rico tem avareza

Pobre não tem abastança

Ao rico não interessa

Se o pobre tem poupança

Rico vive em mordomia

Seu poder não contagia

E só o pobre é quem dança.

Rico vive em segurança

Pobre nao tem proteção

Me faz lembrar a história

De um povo sem tradição

Que terminou em fracasso

Morrendo o Rei do Cangaço,

O famoso Lampião.

Toda organização

Tem que ter um governante

O cangaço tinha lideres:

O Jesuino Brilhante

João Calango, Antônio Silvino

Meia Noite, Virgolino

Foram grandes comandantes.

Antônio Silvino antes

Também foi um criminoso

Protetor de cangaceiros

Mau, perverso e orgulhoso

Que vivia assaltando

E mantinha no seu bando

Um batalhão perigoso.

Os coronéis poderosos

Contratavam cangaceiros

Que saiam em grandes bandos

Pareciam formigueiros

Para assaltar, dar castigo

Eliminar inimigos

E cuidar do seu dinheiro.

O grupo mais desordeiro

De toda a região

Foi o de Antônio Silvino

Governador do sertão

Mas o tempo foi passando

Os bandos se desmanchando

Até surgir Lampião.

De coragem e de ação

Por ter vida cangaceira

Nascido em 4 de julho

O Virgolino Ferreira

Com estudo e precisão

Colho essda informação

De uma fonte verdadeira.

Filho de família ordeira

Tinha obstinação

O batismo o padre disse

Como uma premonição:

Virgolino vai crescer

E um dia ainda vai ser

Falado em toda Nação.

Residente no sertão

Filho de um fazendeiro

Sua família sofria

Torturas o ano inteiro

E muita perseguição

Dor, ganância e ambição

De um coronel encrenqueiro.

Saturnino o fazendeiro

Maior daquela ribeira

Assassinou os seus pais

Tomou sua terra inteira

Virgolino perseguido

Aliou-se com os bandidos

Do chefe Sinhô Pereira.

Assim Lampião Ferreira

Por ser forte e valentão

Aliou-se aos marginais

Cansou de submissão

E injustiças sociais

Enfrentava policiais

E coronéis do sertão.

O bando de Lampião

Andava pela Bahia

Venerado pelos pobres

Pelas coisas que fazia

A todos ele ajudava

No lugar onde chegava

De fome ninguém morria.

O melhor na pontaria

No meio dos cangaceiros

Um exímio atirador

No rifle era ligeiro

De todos se destacava

Quando alguém um tiro dava

Ele dava três primeiro.

Ele era um cangaceiro

Se muita disposição

Não rejeitava parada

Era forte, valentão

Não acolhia desagrado

Matava cabra safado

Com a maior satisfação.

Certo dia Lampião

No Estado da Bahia

Conheceu uma bela moça

Cujo nome era Maria

Linda de olhos azuis

Essa beleza faz jus

A tudo que ele queria.

Nessa cidade Maria

Vivia com um sapateiro

Cansada daquela vida

Ajuntou um bom dinheiro

Pensando em se decidir

Um dia partir dali

E viver com o cangaceiro.

Viveu com o bandoleiro

Uma perseguição maldita

Recebeu de Lampião

A alcunha Maria bonita

Nos dois houve um forte laço

E entre o amor e o cangaço

Nasceu a filha Expedita.

Nessa corrida esquisita

Sem ter onde se abrigar

Brigando aqui e ali

Pronta a morrer e matar

Não podiam ter família

Tiveram que dar a filha

Para um coiteiro criar.

Convocado a guerrear

Tendo o governo na frente

Pois precisavam de ajuda

No combate aos tenentes

Tinham que mostrar servico.

Quem chamou foi Padim Ciço

Por ter fama de valente

A chamada de repente

Impressionou Lampião

Embora bem dedicado

Bem violento e durão

Era um fiel comedido

E não negava um pedido

Ao Padre Cícero Romão.

Patente de Capitão

Lhe fez um ser soberano

Punia até aliados

Que fossem contra seus planos

Mas quem ia combater

Teve que retroceder

Pra não cometer enganos.

Durante dezoito anos

Viveu como cangaceiro

Percorreu de canto a canto

O Nordeste Brasileiro

Combateu muitos soldados

Ajudou mil povoados

Esse notável guerreiro.

A fama de cangaceiro

Foi até o exterior

Implacavelmente foi

Cercado com seu amor

Numa grande emboscada

Em uma manhã raiada

Por causa de um traidor.

O cabra que o entregou

Foi Cangica, um coiteiro

Maria Bonita, a mulher

Foi alvejada primeiro

Se esparramando no chão

E depois foi Lampião,

Era o fim do cangaceiro.

A fuga pelo espinheiro

Ocorreu em disparada

Mas muitos cairam mortos

Durante essa emboscada

Outros foram baleados

E ainda vivos degolados

Com a cabeça decepada.

Cabeças foram levadas

Pra virar exposição

Como troféu dos soldados

Que faziam gozação

Ser pra uns foi alegria

Para a grande maioria

Foi uma indignação.

Com a morte de Lampião

O cangaço se abalou

Mas Corisco juntou todos

Que da chacina escapou

Não deixou ir ao fracasso

Virou Chefe do Cangaço

E a guerra continuou.

Saiu com todo furor

Junto à sua cabroeira

Pra vingar o seu compadre

Lá mesmo na capoeira

Encontrando o traidor

Da mesma forma cobrou

Como era a lei cangaceira.

Dadá sua companheira

Lutava sempre na frente

Lembrando a amiga Maria

Morta pelo chumbo quente

Cada tiro que ela dava

Era uma baixa que causava

No lado do combatente.

Logo um grande contingente

De polícia apareceu

Com armas de precisão

O cangaço enfraqueceu

Quase não tinha mais nada

Dadá ficou baleada

E até Corisco morreu.

Levadas para o museu

Onde estava Lampião

Dadá escapou com vida

Foi levada pra prisão

Com uma perna decepada

E não sobrou quase nada

Do cangaço no sertão.

Uma ou outra informação

De alguns gatos pingados

Tirana com um grupo novo

Zebedeu atrapalhado

Pouco a pouco se desfez

Até se extinguir de vez

O cangaço do passado.

Do cangaço tão falado

Foi grande a repercussão

A dança que eles criaram

Hoje é grande tradição

Aracaju ainda tem

Um museu com muitos bens

Do cangaço do sertão.

Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 07/11/2021
Código do texto: T7380805
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