CHAPEUZINHO VERMELHO
Era uma vez um casal
Que há muito desejava
Inutilmente ter filhos
Enquanto os anos passavam
E eles não desistiam
Muitas promessas faziam
E o sonho não realizavam.
As rezas continuavam
Até que um belo dia
Deus ouviu as suas preces
E ela engravidaria
Com muito amor e esperança
Iam ter uma criança
Pra lhes encher de alegria.
De uma janela que havia
Na casa que habitavam
Viu no quintal do vizinho
Hortas que se fecundavam
Com flores maravilhosas
E hortaliças viçosas
Que pelo chão se espalhavam.
Mas tudo se resguardavam
Através de um alto muro
E tudo era tão intenso
Que chegava a ser escuro
Ninguém o muro escalava
Pois do outro lado morava
Uma pessoa sem futuro..
Do outro lado do muro
Havia uma bruxa má
Uma terrível feiticeira
Que era dona do pomar
Tanta fartura existia
Porém ninguém se atrevia
A tal parede escalar.
A mulher a observar
A horta maravilhosa
Viu uns pés de rabanete
Com grandes folhas viçosas
Que abriu o seu apetite
De provar teve o palpite
Aquelas coisas gostosas.
E a vontade dolorosa
Aumentava a cada dia
Sabendo que era impossível
Conseguir o que queria
Foi ficando abatida
Tristonha, desmilingüida
Com aparência doentia.
Até que um certo dia
O seu marido notou
Seu aspecto doentio
Então se preocupou
Com aquela situação
E perguntando a razão
Tudo ela lhe contou.
Da horta que lhe marcou
Da vontade de comer
Sem aqueles rabanetes
Sabia que ia morrer,
Ele lhe disse, «querida,
Se é pra salvar sua vida
Eu busco eles pra você.
Logo ao anoitecer
No muro pôs uma escada
Pulou o muro e colheu
De rabanete uma braçada
Cumprindo sua promessa
E ela mais que depressa
Preparou uma salada.
E comeu deliciada
A tal salada gostosa
Tinha um sabor diferente
Mas era tão saborosa
Que ela sem resistir
Pensou então repetir
Aquela ceia gulosa.
Triste sina desditosa
Terminou dessa maneira
Marido voltou ao muro
Mas topou com a feiticeira
Que o chamou de ladrão
E ele com emoção
Não conteve a tremedeira.
Explicou pra feiticeira
Os motivos porque vinha
Ela disse, «Eu vou matar
O desejo da vizinha
Leve, não vou impedir,
Mas quando a mulher parir
A criança será minha.»
Pra não brigar com a vizinha
O tal marido cedeu
Passado pois algum tempo
Uma menina nasceu
Bonita e exuberante,
Mas naquele mesmo instante
Feiticeira apareceu.
Cumprindo o que prometeu
Recolheu-a sem demora
«Vai se chamar Rapunzel
E é minha filha agora
Tratem logo de esquecê-la
Porque nunca mais vão vê-la.»
Então sumiu porta a fora.
A partir daquela hora
A feiticeira prendeu
Rapunzel em uma torre
E a criança cresceu
Sozinha e abandonada
Pela mulher visitada
Nunca mais dali desceu.
O seu cabelo cresceu
E ela fazia trança
Davam mais de vinte metros
Mas não lhe dava esperança
Pareciam fios de ouro
Um verdadeiro tesouro
Desde quando era criança.
Cresceu sem ter esperança
Vendo o mundo da janela
Porque não havia porta,
Somente a torre e ela
Quando visitá-la ia
A feiticeira subia
Escalando as tranças dela.
Ali de sua janela
Ela via a amplidão
Passava o dia cantando
Uma dolente canção
Um príncipe que ali passava
Ouviu quando ela cantava
E se tomou de emoção.
Saiu procurando em vão
De onde vinha a melodia
Daquele som mavioso
Que cantava, se expandia,
Quando a torre ele avistou
Tão logo se preocupou
Em saber como subia.
Mas porta ali não havia...
Seria alucinação?
Mas havia uma janela...
Regressou com emoção
Mas voltaria novamente;
Aquela voz comovente
Lhe tocou o coração.
Para espantar a solidão
Rapunzel sempre cantava
Na esperança que alguém
Ouvisse e um dia a salvava;
Deus ouviu seu coração,
O principe, na ilusão
Todos os dias voltava.
Certa vez, enquanto estava
Aquela voz escutando
Sentado atrás de uma árvore
Viu alguém se aproximando
Dessa vez descobriria.
Tudo que a mulher fazia
Ele estava observando.
Ouviu a mulher gritando:
«Jogue as tranças, Rapunzel!»
Viu duas tranças descendo
Como caídas do céu
Até o chão alcançando
E a mulher escalando
Como se fosse rapel.
Escondido no vergel
Viu quando a mulher desceu
Afastou-se do local
E ali nada percebeu
Algum tempo se passou
Tudo em silêncio ficou
E a solidão o envolveu.
Então ele resolveu.
Gritar como tinha ouvido:
«Jogue as tranças, Rapunzel!»
Mas não foi correspondido,
Mas é que ela estranhou,
Porque foi que ela voltou?
Teria algo esquecido?
Mas atendendo ao pedido
As longas tranças jogou
O príncipe subiu por elas
A menina se assustou
Mas ele disse, «Pequena,
Eu sou um príncipe, não tema,
Seu canto me emocionou.
Como foi que aqui chegou
Se não tem como subir?»
Disse ela, «Sou prisioneira
Desde a hora que nasci
Só conheço da procela
O que vejo na janela,
Não posso sair daqui.
Para escrever poesia
Não conto nem um a três
Historinha pra criança
Está sendo a bola da vez
Pra instruir a garotada,
E mais um conto de fada
Eu deixo aqui pra vocês.
Certa vez, era uma vez
Uma doce menininha
Que andava sempre coberta
Por uma vermelha capinha
Que lhe deu fama e renome,
Não sei nem se tinha nome
E também que nome tinha.
Essa doce menininha
Alegre, cheia de vida
Por Chapeuzinho Vermelho
Como era conhecida
Tinha um puro coração
E em sua região
Por todos era querida.
Assim era sua vida
Feliz no mundinho seu
Sempre com a capa vermelha
Que sua vozinha deu
Amiga dos animais
Tratava todos iguais
Nunca algum a aborreceu.
Sua vozinha adoeceu
Ficou sem poder andar
Precisava de ajuda
Ela tinha que ir lá
Não morava muito perto
E um local bem deserto
Teria que atravessar.
Mas ela sempre foi lá
Distância não importava
Já conhecia o caminho
E o bosque que atravessava
Por ali só tinha amigo,
Se houvesse algum perigo
Os animais lhe ajudava.
A sua mãe preparava
Um cestinho pra mandar
Com bolo, manteiga, frutas
Pra Chapeuzinho levar
Não era nenhum presente,
É que a vozinha doente
Tinha que se alimentar.
A mãe a lhe aconselhar:
«Vá andando com cuidado,
Não pare pelo caminho
Que o tempo está nublado
E para seu próprio bem
Não converse com ninguém
Nem entre em caminho errado.»
Com esse conselho dado
Chapeuzinho se apressou
Pegou o cesto e saiu
Mas no caminho encontrou
Um lobo que a espreitava
Enquanto ela caminhava
E dela se aproximou.
Chapeuzinho se assustou
Com aquele enorme animal
Que dela se aproximava
Mas de forma natural
Cumprimentou-o gentilmente
Sem saber que, infelizmente,
Aquele era um lobo mau.
Gentilmente o animal
Falou-lhe com voz mansinha
Fingindo delicadeza:
«Aonde vais, princezinha?»
E ela, sempre sorrindo,
Lhe respondeu: «Estou indo
Visitar a vovozinha!»
L - E andas assim, sozinha,
Por esse ermo lugar?
C - A casa não é tão longe
Sei que perigos não há,
Só animais nos caminhos
E todos meus amiguinhos,
Que gostam de me ajudar.
L - Sei que perigo não há
Os animais são do bem
Se todos são amiguinhos
Eu sou amigo também
Também posso te ajudar,
Mas quero te perguntar:
O que nessa cesta tem?
Será de fato algum bem
Que não podes me mostrar?
C - É somente alguns petiscos
Pra vovó se alimentar
Porque está doentinha,
E como mora sozinha
Está sem poder cozinhar.
L - Levas carne para assar...
C - Só bolo, manteiga, pão
E frutas vitaminadas
E agora peço perdão
Pois estou me atrasando,
E preciso ir preciso andando
Pra cumprir minha missão.
Disse o lobo, «tens razão,
Mas eu vou te acompanhar
Que esse lado da floresta
Não é fácil atravessar
Que é tortuoso o caminho;
Mas te sigo caladinho
Pra você não se atrasar.»
Começaram a andar
O lobo diz: «Veja só,
Você não quis me dizer
Onde mora sua avó,
Se tá longe, se tá perto,
Se é na beira do deserto
Ou é neste cafundó...»
Disse ela, «Minha vó
Mora aqui bem pertinho
Depois daquela amendoeira
Na beirada do caminho,
Se o senhor quiser voltar
Não quero te incomodar
E chego lá ligeirinho.»
Lobo pensou um pouquinho
Cheio de malicunia
Disse, «Certo, meu benzinho,
Mas você bem poderia
Fazer um dengo pra ela,
Veja ali, quanta flor bela,
Leve que ela gostaria!»
Chapeuzinho se angustia
De sua mãe a lembrar
Pra não sair do caminho
Mas ela queria levar
Flores para a vovozinha,
Depois, uma paradinha
Não ia lhe atrasar.
Mas foi ela desviar
Lobo desapareceu
Foi na casa da vozinha
Em sua porta bateu,
V - Quem é que está me chamando?
O lobo a voz disfarçando,
L - Abra, vozinha, sou eu!
A senhora adoeceu
Não pode se levantar
Eu trouxe, bolo, manteiga
E pão pra te alimentar...
Abra-me a porta, senhora,
Está muito frio aqui fora
Não quero me resfriar.
V - Empurre para entrar
Que eu não posso ir abrir.
O lobo entrou na casa
E começou a sorrir.
L - Qual Chapeuzinho , qual nada
A janta está preparada,
Vai ter banquete hoje aqui!
E continuou a rir
Enquanto a velha, chorando
Pedia que fosse embora
E ele a amarrando
Em um armário a trancou
Na cama dela deitou
E ali ficou esperando.
Chapeuzinho foi chegando
Chamou pela vovozinha
Ouviu a voz lá de dentro,
«Empurre a porta, netinha,
Force um pouco para abrir
Eu não posso ir aí
Pois estou bem doentinha!»
C - Pode deixar, vovozinha,
Eu dou um jeito de entrar!
Entrou, mas alguma coisa
Fez Chapeuzinho estranhar,
Pela sua vó querida
Sempre era bem recebida,
Por que agora mudar?
- Bom dia! - Disse ao entrar
Porém ninguém respondeu.
Na cama alguém deitada,
C - Bom dia, vozinha, sou eu
Sua neta Chapeuzinho
Vim lhe trazer um carinho
Pois sei que adoeceu.
Chapeuzinho percebeu
A sua aparência estranha
C - Nossa, Vó, que orelhas grandes!
E o lobo, cheio de manha,
L - É, netinha, é a doença,
Que faz minha aparência
Alterar minhas entranhas.
Minhas orelhas estranhas
É pra te escutar melhor!
C - E estes olhos tão grandes?
L - Pra te ver bem, - disse a «Vó»
E Chapeuzinho, assustada,
Perguntou desconfiada:
C - E essas mãos grandes, vovó?
L - É pra te tocar melhor,
Minha netinha, meu bem!»
C - Mas, vovó, que boca grande!
Que dentes vozinha tem!
L - Pergunta assim não compensa
Que eu não sou quem você pensa.
Isso é pra te comer bem!
E se levantou também
Chapeuzinho se assustou
Abriu a porta e correu
Na floresta penetrou
Com o lobo lhe perseguindo,
Quando estava conseguindo
Aparece um caçador.
E Chapeuzinho gritou
Implorando proteção
Caçador pulou no meio
Entre ela e o vilão
Com um pedaço de pau
Enfrentou o lobo mau
Com coragem e decisão.
Vinha na perseguição
Desse lobo há alguns dias
Conseguiu capturar
A quem ele perseguia
Amarrou-o com cipó
E foi procurar a avó
Que Chapeuzinho pedia.
Caçador obrigaria
O lobo a confessar
O que fez com a avozinha
Ele teve que contar
Onde ela estava escondida
Foram salvar sua vida
Para a netinha abraçar.
O lobo foi pra um lugar
Pra não comer mais ninguém
As duas foram comer bolo
Com o caçador também
Felizes pois se livraram
Daquele que o mal causara
A tanta gente de bem..;
E Chapeuzinho também
Fez questão de aprender
Tudo o que a vida ensina
E nunca mais esquecer
Nem desviar do caminho
E escutar com carinho
O que a mãe tem a dizer.
Historinhas de saber
Também contos infantis
De fadas, da carochinha
Fazem criança feliz
Desde o tempo dos reinados
Dos príncipes encantados
Como a fantasia diz.
Nessa historinha feliz
Chapeuzinho conseguiu
Ser feliz com a vovozinha
Se livrar do lobo vil
Para a mãezinha voltar
E conseguí versejar
Mais um conto infantil.