Rimando céu e cordel

Desde o mundo digital,

Até a realidade,

Me sinto muito à vontade,

Duma maneira geral,

De escrever, bem ou mal,

Em martelo agalopado,

Um verso de pé quebrado,

Que rima céu e cordel,

Sabonete e álcool-gel,

Tesão e recém-casado.

 

Inocência e culpado,

Cheiro de bosta e nariz,

Cabaré e meretriz,

Seu De Assis e Machado.

Arruda e mau-olhado,

Cerca farpada e porteira,

Escabiose e coceira,

Bicho-de-pé e tesão,

Cangaceiro e Lampião,

Absurdo e Zé Limeira.

 

Pé-de-atela e frieira,

Carlos Drummond e Raimudo,

A dama e o vagabundo,

Batente e segunda-feira.

Meia-entrada e inteira,

Pau-de-arara e ditadura,

Afetação e frescura,

Gol de placa e bicicleta,

Alienado e poeta,

Arranha-céu e altura.

 

Digo à geração futura,

A geração Cinco Gê,

Que nem escreve nem lê,

Nem sabe literatura,

Que ignore a leitura

Deste poeta sem graça,

Que, ao sabor da cachaça

Com limão azedo e mel,

Só rima céu e cordel,

Por não achar quem o faça.

 

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 03/11/2021
Reeditado em 03/11/2021
Código do texto: T7377686
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