Rimando céu e cordel
Desde o mundo digital,
Até a realidade,
Me sinto muito à vontade,
Duma maneira geral,
De escrever, bem ou mal,
Em martelo agalopado,
Um verso de pé quebrado,
Que rima céu e cordel,
Sabonete e álcool-gel,
Tesão e recém-casado.
Inocência e culpado,
Cheiro de bosta e nariz,
Cabaré e meretriz,
Seu De Assis e Machado.
Arruda e mau-olhado,
Cerca farpada e porteira,
Escabiose e coceira,
Bicho-de-pé e tesão,
Cangaceiro e Lampião,
Absurdo e Zé Limeira.
Pé-de-atela e frieira,
Carlos Drummond e Raimudo,
A dama e o vagabundo,
Batente e segunda-feira.
Meia-entrada e inteira,
Pau-de-arara e ditadura,
Afetação e frescura,
Gol de placa e bicicleta,
Alienado e poeta,
Arranha-céu e altura.
Digo à geração futura,
A geração Cinco Gê,
Que nem escreve nem lê,
Nem sabe literatura,
Que ignore a leitura
Deste poeta sem graça,
Que, ao sabor da cachaça
Com limão azedo e mel,
Só rima céu e cordel,
Por não achar quem o faça.