O amor.

É um sentimento doído

Insensível e permanente

Algo bom, também sofrido,

É o querer do sonho ardente

È o morrer sem ter vivido

É o ausente estar presente.

É o viver desesperado

Desejando o esperado

É querer o bem querer

É amar o bem amado

É sofrer sem escolher

É calar quem é calado.

É o sofrer do maldizente

O viver do escorraçado

É o passar por paciente

Também por resignado

Á cair no poço ardente

E sair sem ser queimado.

É sofrer no paraíso

É pisar no cadafalso

É retribuir sorriso

Mesmo sabendo que é falso

É nunca ser um narciso

Mas ter sombra no encalço.

É viver vã esperança

Esperando por alguém

É ter sempre na lembrança

Esse alguém que nunca vem

É renúncia à uma herança

Daquilo que já não tem.

É uma dor que dói na alma

É por isso um desalmado

Que acalma a própria calma

Do sonhar sem ter sonhado

É aquilo que se espalma

Mas que nunca é espalmado.

É estar de bem consigo

Nunca estando bem feliz

É viver negando abrigo

Àquilo que o querer diz

É pensar que é muito antigo

Usando um novo verniz.

É passar o tempo inteiro

Querendo ver um alguém

É querer o mundo inteiro

Para dar a esse alguém

É querer ser o primeiro

Pra cercar quem atrás vem.

É passar despercebido

Com a dor que traz em si

É nunca ser conhecido

Por quem também ama a ti

É o sofrer desconhecido

É o viver que não vivi.

É calar o sentimento

Deixando-o bem sufocado

Não ouvindo o lamento

Do coração machucado

Pensando que o pensamento

Pode calar o culpado.

Renato Lima
Enviado por Renato Lima em 26/10/2021
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