Prozeano cum um dotô
Prozeano cum um dotô
Eu sô da zona rurá
Seu dotô vai descurpano
Do jeito d’eu i falano
Mas ancê num leve a má
O dotô pôde estudá
E sabê falá bunito.
Meus modo é isquisito
Meu jeito é de grossêro
Tenho meio destempero
Desconféi igual cabrito.
Só quero é proseá
Cum argúem de sabença
Apesar das deferença
Seu dotô me entenderá
Quero me desabafá
No meu jeito de matuto
Perdoe, num tive istudo
Mau sei lê i iscrevê
Mas a mensage sê pode vê
Causo qu’ela já diz tudo.
Ando mei procupado
Com o que vem assucedeno
Vejo esse mundão morreno
E nóis sendo os curpado
Que o clima destemperado
É dona de nossas mão.
Nem mermo as prantação
Acha força pra vingá
Pois o sol vem castigá
Torriscano nosso chão.
Inté mermo pra trabaiá
Tem qu’escoiê hora certa
Pois o calorão aperta
E mermo sem s’esforçá
A gente pega a suá
Feito tampa de chalêra
Qui sem era nem bêra
O cabôco da tontura
Qui cum tanta esquentura
Só se anda de cancêra.
Já chegô nus meu uvido
Que a causa de tanta... ufa!
É um ta efeito istufa
E o causo é garantido
Pois o povão tem vivido
Muitos dias de inferno
E quano chega o inverno
Às veis é iguá a verão
Parece que a climação
Virô pros tempo moderno.
Diz qui pra nóis ajudá
Tem que corrigi os defeito
Pra acabar esse efeito
E as coisa miorá
Nois num pode arriscá
Dexano tudo as mingua
Que s’essa ferida de íngua
Nois qui vai senti a dô
Nossa ação é de valô
Num pode morrê na língua.
As razão da natureza
A gente num pode tirá
Nóis tem é que trabaiá
Com sabença e destreza
Cuidano de nossa riqueza
Pra vencê os desafio
Teno um futuro de brio
E fartura nas roça
Felicidado na paioça
E miora pros nosso fio.
Ancê meu amigo dotô
Home sero e estudado
Tem mió palavriado
Pra expricá sim senhô
Entonce peço o favô
Ancê que é astuto
Escreva pr’esse matuto
Fala desse efeito danado
Diz qualé os cuidado
Contra o que é farjuto.
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