VIRGULINO, O MACHÃO, OPS, LAMPIÃO

JOEL MARINHO

Me trouxeram uma conversa

Que me deixou boladão

Disseram-me que o Virgulino

O tal vulgo Lampião

Que dava tiro e matava

Mas quando a noite chegava

Se acabava o machão.

 

Falaram, não acredito

Que ele era um beija flor

Que nas manhãs de domingo

Ficava a fazer tricô

Não era bode era cabra

E no meio dos seus cabras

Era só afago e amor.

 

Mas dizem que a mudança

Veio com a tal Maria

Chegou na vida do mesmo

Não sem causar agonia

Colocou o grupo em risco

Porque seu brother Corisco

Sua costela perdia.

 

As más línguas me falaram

Que Corisco se zangou

Chegou até Lampião

E com ênfase lhe falou:

Por que me tira da fita?

Essa Maria Bonita

Jamais lhe dará a mor.

 

E por mais que ela lhe dê

Todo o amor desse mundo

Nada nunca matará

O nosso amor tão profundo

Lampião então falou

Quem disse que acabou

Meu desejo moribundo.

 

Eu já falei com Maria

Da nossa situação

Ela disse que de boa

Nada mudará então,

Portanto, não se preocupa

Sem drama, raiva ou culpa

Continua nossa união.

 

E assim se sucedeu

Acabou a desavença

Por ali tudo ficou

Com a força da mesma essência

Com amor sobreviveram

Até quando eles morreram

Foi tranquila a convivência.

 

Juro que não acredito

Que isso seja verdade,

Pois só vejo Virgulino

Machão com virilidade

Mas como bom ser humano

Posso cometer engano

E fugir da realidade.

 

Mas se é ou não verdade

Não tenho nada com isso

Só escrevo porque tenho

Com as letras compromisso

Se Maria e Corisco aceitou

Então que viva o amor!

Relatar é meu ofício.

 

Mas antes de terminar

Fico aqui imaginado

Aqueles “cobocos” brabos

Um ao outro se pegando

Sem água na caatinga

Eu imagino a catinga

Desses “brutos” se amando.

 

Não me tache de homofóbico

Por minha imaginação

Cada um tem sua vida

Ninguém está errado não

Herói ou bandido foi o homem

Que escreveu o seu nome

Pelas plagas do sertão.