PÉ QUEBRADO

Bora gente refletir

Escritos desta Nação

Nobre folheto de feira

Tem cordel em edição

O tema logo discute

Já falado repercute

Resgates da tradição.

Jogador de pé quebrado

Não joga bem futebol

A bola fica quadrada

De tão quente feito sol

É melhor ficar no banco

Não fingir e ser mais franco

Na frente virar formol.

Um cordel de pé quebrado

Pé quebrado faz cordel

A bengala que sustenta

Sustenta qualquer bedel

Por onde batem os versos

Todos eles bem impressos

Pra rima rodar bordel.

O jogo que vem pra mim

Vem do meu computador

As teclas servem imagens

Pro nobre digitador

Que vive de seu relato

Consigo mesmo faz trato

Cordelista criador.

Fazedores casuais

Te peço satisfação

A literatura diz

O que tem educação

Vou tentar criar um lema

Sem rodeio, sem problema

Nesta metrificação.

Estrofes sendo forçadas

Neste verso não vão ter

Na sextilha do poema

Nada se vai obedecer

Pois, quem conhece tal regra

Ela ligeira se integra

Pé quebrado vai vencer.

Vamos pro campeonato

Pros temas realizados

À base deste improviso

Com base nos pés quebrados

Só assim nossa linguagem

Não terá mais sacanagem

Rabiscos assassinados.

Assassinos de escritores

Que tentam a lei infligir

Trocar todo este sentido

Na rima se permitir

Feito palavras pro vento

São vírgulas no relento

Que o jogo vai poluir.

Mas, que vida mais ingrata

É esta que logo aponto

Se escrevemos mais correto

Logo dizem que estou tonto

Se debruço neste drama

Autor cria melodrama

Guardo tudo, nada conto.

Pé quebrado perde jogo

Não ver a locomotiva

Sai sem nem querer saber

Qual a força nos cativa

Sem prestar-lhes atenção

Morde a corda da paixão

Na cantata reflexiva.

Não queremos ver intriga

Com a classe dominante

Deixe passar o cordel

Ele precisa ir avante

Onde juntos estejamos

Criações vivenciamos

Ele vai ser caminhante.

Pé quebrado já chegou

Trouxeram muita história

Me contou que certo dia

Nós perdemos a memória

Simplicidade te peço

Por ela sempre interesso

Que rimasse com vitória.

O prefácio é trocado

E ninguém nada entendeu

Pé Quebrado inteligente

Um só livro percorreu

Foi essa Língua Portuguesa

Diferente desta Inglesa

Que num instante ele leu.

O que dizia este livro

Pé quebrado me contou

Era o verbo sem justiça

E aquela frase rimou

Ao deixar este advérbio

Buscando todo provérbio

Nosso tempo enfim gostou.

Pancada do coração

Batendo forte bornal

Pé Quebrado sai contente

Exclamando textual

Inícios e fins na reta

Saber é sinal de seta

Exercícios bem e mal.

Ao falarmos para o outro

O motivo se distrai

Tudo vai pela ladeira

Nesta onda tudo se vai

Nascendo tantas ideias

Aplausos vem das plateias

E a métrica logo cai.

É assim que pé quebrado

Me ensinou como fazer

Deixasse de lado a dúvida

Pra saber ter mais prazer

O que fala o coração

Jogar com a prescrição

Só poeta vai refazer.

A rima vem em seguida

Métrica não vem jamais

Do parágrafo escondido

Assim como nos jornais

O assunto é o que prende

A palavra até que ofende

Pro leitor que pede mais.

Consigo com a palavra

Dizer tudo que não sei

Quando tem alguma coisa

Não digo porque pensei

Silenciando o que pensa

Em qualquer luz é intensa

O sentido já mudei.

O cordel não é pecado

Que perdoa o cordelista

Anda certo nesta linha

Como faz o maquinista

Este trem está parando

Os jogadores rimando

Dê de cá minha revista.

Ela tem o que preciso

Inté mesmo a paciência

Narrador, um criador

Carece de penitência

Pé quebrado sentiu

Os raios de seu pavio

Pra resolver a carência.

Oh! Deus desse labirinto

Que habita neste caderno

Metrifica sentimentos

Aqui mesmo neste inverno

Me livra das impurezas

És vida além das certezas

Que me faz ir ao inferno.

Oh! Grande bom pé quebrado

Minhas alucinações

Vem bem junto destas linhas

Alivia conjunções

É que o tempo desse verbo

Na calmaria me entrego

Não elabora nossas canções.

Pé quebrado veio a mim

Fez sua orientação

Para me deixar plantando

Querendo a elaboração

Do que me falta sonhar

É saber versificar

Traçando essa interjeição.

O poema pé quebrado

É muito mais pra bater

Que ultrapassam os limites

E nunca vai debater

Não existe regra de fato

Cadarço sem ter sapato

No chão não vai combater.

Pé quebrado é padrinho

No prazer do literário

Reclama de intimidades

Que vivem do sedentário

Quem não sabe ser ouvinte

Poeta já foi pedinte

No banco universitário.

Visitei este pé quebrado

Que de tão ancho me falou:

Deixe de lado essa ideia

E coloque o que sonhou

Seja forte na verdade

Escreva se tem saudade

Esqueçamos que passou.

Até hoje não entendi

Tudo que foi me dizer

Penso ser coisas escritas

O que pensam do prazer?

Não adianta dar um ponto

Nossa língua quer afronto

Pra existir outro prazer?

Pé quebrado é o amigo

Nas horas das aflições

Traz a resposta pra tudo

Em todas situações

Livra o sujeito da rima

Bota um chapéu lá em cima

Apesar das falações.

Num pedaço de papel

Escritor escreve tanto

Guarda com ele esta ideia

Botando pra virá santo

O pé quebrado agradece

Você é que mais merece

Na cabeça tem um manto.

O drama que sai de mim

É pirraça de menino

Que se encabula com tudo

Na letra faz desatino

Obrigado na leitura

Já provastes da fritura

Se assim for o seu destino.

Brasileiro meu cordel

Está sorrindo bonito

Nesta finalização

Testou frases que repito

Organizamos sistema

Juntos causamos dilema

Rimando feito bendito.

BENTO JUNIOR
Enviado por BENTO JUNIOR em 20/09/2021
Reeditado em 31/08/2024
Código do texto: T7346792
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