PEDAGOGIA DO OPRIMIDO
(Cordelando Paulo Freire)
JUSTIFICATIVA
DA PEDAGOGIA DO OPRIMIDO
A PEQUENEZ DO HOMEM DIANTE DO COSMOS
Vendo de forma dramática
O que está a ocorrer,
Aceitando o desafio
Vão, assim, submeter
Ao seu EU como questões
Que deverão resolver.
São homens que, inquietos,
Buscam pelo conhecer,
Saber mais, sobre si mesmos.
Pois começam a entender
Que é muito pouco o que sabem
De si, do seu próprio Ser.
Saber o quanto é que valem
E o posto que lhes convém
No “Cosmos”, no “Universo”,
Que tamanho imenso tem!
E que em relação ao mesmo
Eles se acham ninguém.
E, sabendo nada saber,
Ficam sempre a indagar
E respondem indagações
Que os leva a formular,
Portanto, novas questões,
Que os torna a preocupar.
Procurando ser tratado
Como quem sabe ele ser
Um ser humano sensível
Sequioso de saber,
Busca o homem por mais simples
Que seja, o que quer ter.
Mas depara com a barreira
Da ‘desumanização’
Os homens são animais
Aos quais outros domarão!”
E o meio melhor pra isto
É usando de opressão.
Esta é a realidade
Que a história vem mostrar.
E ao constatar a verdade
Corrente, a se perguntar
Sobre a humanização,
O homem para a pensar...
É a viabilidade
Da sua humanização
Que o homem, na verdade,
Vê fugir-lhe às próprias mãos
Por ser um ser incompleto,
Imperfeito, em conclusão.
Mas as possibilidades
De humanizar-se, ou não,
São inerentes ao ser
Dos homens que, em si, são:
Incompletos, conscientes
Dessa sua inconclusão.
E ao comparar-se as duas,
Que é: a humanização,
Contrapondo-se com a outra,
A desumanização,
Vemos que só a primeira
Parece ser vocação.
É a vocação dos homens
Que tendem a se humanizar
E que inda sendo negada,
Acaba por se afirmar:
Fazendo que o seu não-ser
Em Ser passe a se tornar.
Negada na injustiça,
Na exploração, na opressão,
Na violência cruel
Dos homens sem coração
Que roubam a liberdade
Da escolha da vocação.
Mas vocação afirmada
No anseio à libertação;
Luta de classe oprimida
Por justa humanização,
Pelo que lhe foi roubado,
Pela recuperação.
A desumanização
Que atinge o oprimido,
Também atinge o opressor
Porém com outro sentido:
O tirano é o SER MAIS
Num sentido distorcido.
É a predestinação
Do SER MAIS que é estendida
De uma forma muito errada,
De maneira distorcida
Onde a vocação do homem
Faz dele um tirano em vida.
No entanto essa distorção
Que atinge o opressor
Ocorre só na história
Da qual ele é o criador.
Não é um destino dado,
Resulta do desamor.
Pois se fosse admitido
A desumanização
Como algo inato ao homem
Na história da criação,
Dar-se-ia o caos total
Sem nenhuma apelação.
Seria o Bem submisso
Ao mal. E, sem esperança.
Nos restando o desespero!
Por não haver confiança,
O cinismo, em opção,
Dando o fiel da balança.
E a luta por liberdade,
Por desalienação,
Pela afirmação dos homens
Como humanos que são,
Já não teria por quê
Nem significação.
Pois se não podiam “ser
para si” – o próprio SER,
Como iriam se afirmar
Sem ter algo em que se ater?
Certamente um resultado
Bom, já não iriam ter.
Lutar pela liberdade...
Paulo nos dá o recado:
Só é possível, porque
Não nos foi predestinado.
É o que uma injusta “ordem”
Deu-nos como resultado.
Opressores no comando
Com o poder do mandado,
Nos oprimidos mandando
Dá-nos, como resultado:
De um lado e do outro, vê-se
Ser-menos sendo criado.
E isso só é possível
Com a perda da humanidade,
Que é um fato real
Da história, na verdade.
Não há predestinação!
Há domínio da maldade.
Não há “o predestinado”
Mas só o que resultou
De uma tal “ordem” injusta
Que a violência gerou
Dos opressores. E esta
O ser menos, pois, criou.
A opressão violenta
Dos opressores que os faz
Também desumanizados,
Não vai conseguir, jamais,
Formar outra vocação.
A distorção do Ser Mais.
O ser menos como sendo
Do Ser Mais, a distorção,
Vai levar o oprimido,
Cedo ou tarde à ação
Contra os seus opressores
Com o fim de libertação.
E o sentido nessa luta
Só virão a angariar
Se a sua humanidade,
Ao tentarem resgatar,
Em opressores tais homens
Não venham se transformar.
Ou seja: o oprimido,
Ao conseguir se livrar
Daqueles que o oprimem,
Não deve se transformar,
Também, em um opressor!
Matando o ideal de amar.
Porque o ideal em si
Não é o de transformar-se
Em opressor do opressor,
Porém o de renovar-se:
Levando a humanidade
A, em ambos, resgatar-se.
E eis aí onde está
Do homem o grande labor:
O libertar-se a si mesmo
Também ao seu opressor
Com a própria liberdade
Que enche o seu ser de amor.
Aos opressores que abusam
Em razão do seu poder,
Oprimindo e explorando,
Violentando a valer!
Não lhe é dado possuir
A força pra conseguir,
Libertar seu próprio ser.
>>>
Assim, além de oprimir
O que ele vai conseguir
É só tornar-se um NÃO-SER.
Rosa Regis
Natal/RN
UFRN – 2005
Revisto em 13/07/2021
(Cordelando Paulo Freire)
JUSTIFICATIVA
DA PEDAGOGIA DO OPRIMIDO
A PEQUENEZ DO HOMEM DIANTE DO COSMOS
Vendo de forma dramática
O que está a ocorrer,
Aceitando o desafio
Vão, assim, submeter
Ao seu EU como questões
Que deverão resolver.
São homens que, inquietos,
Buscam pelo conhecer,
Saber mais, sobre si mesmos.
Pois começam a entender
Que é muito pouco o que sabem
De si, do seu próprio Ser.
Saber o quanto é que valem
E o posto que lhes convém
No “Cosmos”, no “Universo”,
Que tamanho imenso tem!
E que em relação ao mesmo
Eles se acham ninguém.
E, sabendo nada saber,
Ficam sempre a indagar
E respondem indagações
Que os leva a formular,
Portanto, novas questões,
Que os torna a preocupar.
Procurando ser tratado
Como quem sabe ele ser
Um ser humano sensível
Sequioso de saber,
Busca o homem por mais simples
Que seja, o que quer ter.
Mas depara com a barreira
Da ‘desumanização’
Os homens são animais
Aos quais outros domarão!”
E o meio melhor pra isto
É usando de opressão.
Esta é a realidade
Que a história vem mostrar.
E ao constatar a verdade
Corrente, a se perguntar
Sobre a humanização,
O homem para a pensar...
É a viabilidade
Da sua humanização
Que o homem, na verdade,
Vê fugir-lhe às próprias mãos
Por ser um ser incompleto,
Imperfeito, em conclusão.
Mas as possibilidades
De humanizar-se, ou não,
São inerentes ao ser
Dos homens que, em si, são:
Incompletos, conscientes
Dessa sua inconclusão.
E ao comparar-se as duas,
Que é: a humanização,
Contrapondo-se com a outra,
A desumanização,
Vemos que só a primeira
Parece ser vocação.
É a vocação dos homens
Que tendem a se humanizar
E que inda sendo negada,
Acaba por se afirmar:
Fazendo que o seu não-ser
Em Ser passe a se tornar.
Negada na injustiça,
Na exploração, na opressão,
Na violência cruel
Dos homens sem coração
Que roubam a liberdade
Da escolha da vocação.
Mas vocação afirmada
No anseio à libertação;
Luta de classe oprimida
Por justa humanização,
Pelo que lhe foi roubado,
Pela recuperação.
A desumanização
Que atinge o oprimido,
Também atinge o opressor
Porém com outro sentido:
O tirano é o SER MAIS
Num sentido distorcido.
É a predestinação
Do SER MAIS que é estendida
De uma forma muito errada,
De maneira distorcida
Onde a vocação do homem
Faz dele um tirano em vida.
No entanto essa distorção
Que atinge o opressor
Ocorre só na história
Da qual ele é o criador.
Não é um destino dado,
Resulta do desamor.
Pois se fosse admitido
A desumanização
Como algo inato ao homem
Na história da criação,
Dar-se-ia o caos total
Sem nenhuma apelação.
Seria o Bem submisso
Ao mal. E, sem esperança.
Nos restando o desespero!
Por não haver confiança,
O cinismo, em opção,
Dando o fiel da balança.
E a luta por liberdade,
Por desalienação,
Pela afirmação dos homens
Como humanos que são,
Já não teria por quê
Nem significação.
Pois se não podiam “ser
para si” – o próprio SER,
Como iriam se afirmar
Sem ter algo em que se ater?
Certamente um resultado
Bom, já não iriam ter.
Lutar pela liberdade...
Paulo nos dá o recado:
Só é possível, porque
Não nos foi predestinado.
É o que uma injusta “ordem”
Deu-nos como resultado.
Opressores no comando
Com o poder do mandado,
Nos oprimidos mandando
Dá-nos, como resultado:
De um lado e do outro, vê-se
Ser-menos sendo criado.
E isso só é possível
Com a perda da humanidade,
Que é um fato real
Da história, na verdade.
Não há predestinação!
Há domínio da maldade.
Não há “o predestinado”
Mas só o que resultou
De uma tal “ordem” injusta
Que a violência gerou
Dos opressores. E esta
O ser menos, pois, criou.
A opressão violenta
Dos opressores que os faz
Também desumanizados,
Não vai conseguir, jamais,
Formar outra vocação.
A distorção do Ser Mais.
O ser menos como sendo
Do Ser Mais, a distorção,
Vai levar o oprimido,
Cedo ou tarde à ação
Contra os seus opressores
Com o fim de libertação.
E o sentido nessa luta
Só virão a angariar
Se a sua humanidade,
Ao tentarem resgatar,
Em opressores tais homens
Não venham se transformar.
Ou seja: o oprimido,
Ao conseguir se livrar
Daqueles que o oprimem,
Não deve se transformar,
Também, em um opressor!
Matando o ideal de amar.
Porque o ideal em si
Não é o de transformar-se
Em opressor do opressor,
Porém o de renovar-se:
Levando a humanidade
A, em ambos, resgatar-se.
E eis aí onde está
Do homem o grande labor:
O libertar-se a si mesmo
Também ao seu opressor
Com a própria liberdade
Que enche o seu ser de amor.
Aos opressores que abusam
Em razão do seu poder,
Oprimindo e explorando,
Violentando a valer!
Não lhe é dado possuir
A força pra conseguir,
Libertar seu próprio ser.
>>>
Assim, além de oprimir
O que ele vai conseguir
É só tornar-se um NÃO-SER.
Rosa Regis
Natal/RN
UFRN – 2005
Revisto em 13/07/2021