MEU IRMÃO PEGA UM AVIÃO SEM TER PASSAGEM NA MÃO

Castelo Branco, Natal

Moleque foi lá parar

Era de João Pessoa

Este bairro popular

Desse jeito que se deu

Quando deixou de voar

Alguém pode perguntar

Eu vou ter que responder

Histórias deste caçula

Que terá que logo ver

O que foi que Tita fez

Voando sem nem saber

Desta forma vamos ter

Resposta com emoção

É que Tita pegou voo

Lindo, sutil avião

Direto para ter pouso

Na casual sensação

Era mil e novecentos

E oitenta e oito, naquele ano

No famoso Castro Pinto

Foi notícia do meu mano

Nas manchetes dos jornais

Deste solo paraibano

Diz ele, foi por engano

Quis somente visitar

Não queria nem subir

Vejam só no que vai dar

Nos conta com tanta graça

Tentarei bem explicar

Avião faz encantar

Temos curiosidade

Pessoas querem entrar

Sair a dizer na cidade

Não daquele jeito doido

Que nos leva pra maldade

Nesta tal sinceridade

Tita foi nos explicando

Todos detalhes do dia

As lembranças anotando

Tinha guarda no local

Mas ele foi desviando

Meu mano continuando

Foi dizendo que tentou

Parar aquela zoada

Daquele que decolou

Pois, estando vendo nuvens

Cores do bem avistou

Neste dia que passou

Imprensa fez cobertura

Tentaram compreender

Mas, que tamanha tontura!

Bom irmão criava fatos

Meus pais indo à loucura

Meu mano com a doçura

Foi, porém, exagerado

Falando à reportagem

Tinha sido sequestrado

Meu pai desconsiderava

Tudo dito, registrado

Mas, que menino danado

Quase que morre de susto

Viajando pela VASP

Tinha sido grande custo

Ninguém nunca processou

Falando que não foi justo

Ele conta, nem assusto

Que total insegurança

Daquele nobre guri

A solitária criança

Que conseguia voar

Eis esta total herança

Não teve mais esperança

Havendo vil acidente

Ninguém nunca saberia

Nem mesmo daquela gente

Pois, seria por encanto

Que surge tão de repente

Mano é inteligente

Na certa não quis voar

Mas um plano dá errado

Nos restam apreciar

Tão belo sutil espaço

Para ter o que contar

Pronto para viajar

Sendo tão bom estudante

Na cidade Porto Alegre

Noticiário gigante

Passou-se tudo que conto

Deste pirralho farsante

Falei boçal, elegante

O voador é irmão

Notícia nacional

Na frágil ocasião

Liguei pros familiares

Tive clareza na mão

Somos imaginação

Do dissabor ocorrido

O Tita não ser barrado

Fiquei mais aborrecido

De volta com mais tesão

Diriam bem merecido

Tantos teriam sofrido

Sem termos informação

Pessoa sem documento

Vejam que judiação

Algo ruim ocorrendo

Que sangue no coração

Hoje, sempre má gestão

Pra depois incoerência

Muitos aproveitam

De toda maledicência

Nem importam com a vida

Não buscam ter paciência

Numa frágil inocência

Não soube do que tratava

Na rapidez avião

Realizou que gostava

Voando da Paraíba

Em Parnamirim pousava

Primeira vez que voava

Este bom irmão caçula

Que conta sempre sorrindo

Como se ler uma bula

Que depois de ser bem lida

Tomar comprimido chula

Tita nem sequer calcula

O que tudo representa

Garoto que fez novela

Voa nos anos oitenta

Na Vereda Tropical

O seu cachê atormenta

Grana que nos alimenta

Tita não viu nem cor

Um saco de pirulito

Se melava com sabor

Este seu grande cachê

Com prazer e com amor

Avião, foi que ficou

Gravado nessa memória

Para contar traquinagens

Vividas com tanta glória

Na visão desse meu mano

Numa de suas histórias

Reportagens vexatórias

Existem ainda guardadas

Dos recortes de jornais

Estão digitalizadas

Pro drama se confirmar

Destas falas anotadas

Me lembro das garotadas

Todas ao seu redor

Querendo só ouvir Tita

Se viram raios de sol

Já desconversava logo

Para não ficar pior

Meu bom irmão foi melhor

Contador de sua vida

Não teve tempo direito

Tentando qualquer saída

Ficava nos ideais

Voadas estremecidas

Encenações parecidas

São filmes que tem ação

Aeroportos no mundo

Provocam afirmação

O que discorreu com Tita

Já virou, foi tradição

Tempo foi de precisão

Isto tudo dando certo

Meu mano chegou ligeiro

Já estava tão bem perto

No Rio Grande do Norte

Assunto quase deserto

Nunca sei se tô correto

E nem vou discriminar

Acontecimentos, sim

É viver para provar

Voando pelos os céus

Soube bem saborear

Quem quiser vá procurar

Tudo desta sã escrita

Pra se ter coisa melhor

Procure, porém o Tita

Que sabe bem que passou

Nesta famosa desdita

Esta palavra é dita

Deste mano curioso

Entrando num avião

Que lhe deixou fervoroso

O mês datado foi julho

Ele ficando choroso.

BENTO JUNIOR
Enviado por BENTO JUNIOR em 06/09/2021
Reeditado em 04/09/2024
Código do texto: T7336766
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