ENTRE FEIJÃO E FUZIL, A FOME
JOEL MARINHO
Feijão é coisa de pobre
Fuzil é coisa de rico
O rico quer dar seus tiros
O pobre pede “pinico”
Matar se tornou troféu
É gozo, lua de mel
Ao pobre só “estrupico”.
 
Senhor, não quero fuzil!
Eu quero mesmo é feijão
Imagina o que eu faria
Com uma arma nas mãos
Eu não quero nem pensar
Porque sem me alimentar
Sou mais feroz que o cão.
 
Quem na vida passou fome
E ouve uma coisa assim
Vem à tona um sentimento
Uma sensação ruim
Eu vou por aqui parar
Porque se continuar
Meu espírito sai de mim.