NAS RODAS DO PATINETE

Eu nasci na capital

Na Paraíba me criei

Descendo de patinete

Diversas vezes brinquei

Já tive tanto brinquedo

Não guardo nenhum segredo

Certamente já contei.

Do patinete gostei

Que me fez viver infância

Rodava no calçamento

Dirigir sem petulância

Guiando, depois garupa

Carregando Gato Lupa

Nesta moral importância.

Brinquedo sã elegância

Batizei de Pontaria

Um nome de motorista

Que tanto bem merecia

Real majestoso nome

Que tirava minha fome

Amor, também alegria.

O pequeno Pontaria

Dava para se levar

Caçula chorava tanto

Não conseguia parar

Eu quase que levo surra

Levando peido de burra

Para nunca mais brincar.

Patinete quis quebrar

Eu tão somente brincava

Culpa do meu bom irmão

Que sozinho reclamava

Minha mãe ficou com pena

Com sua voz bem serena

Bem junto de mim sentava.

De Pontaria gostava

Fui dar uma voltinha

Perceber irmão contente

Nessa tão grande ladainha

Entreguei com a tristeza

Patinete, que riqueza

No cantar desta modinha.

Irmão naquela quedinha

A mãe só aborreceu

Quis dá fim no patinete

Logo desapareceu

Por tantas vezes gritava

No fundo não constatava

Que lugar aconteceu?

A perna por fim, doeu

Vermelha feito tomate

O sangue por todo lado

Precisou mertiolate

Para sarar a ferida

Da ladeira preferida

Causada neste combate.

No bairro tinha Passate

Desta cena me recordo

Foi tanta velocidade

No sonho por fim acordo

De falar num bom assunto

Do papo nesse Conjunto

Pois, nunca mais que discordo.

Alegre, nisto transbordo

Descendo no patinete

Com tanta gente sentada

Até o tal Espaguete

Correndo mais do que tudo

Na ladeira não me iludo

Disputando com Chiclete.

Apelido Bernadete

Filha do Velho Mané

Batendo no povo todo

Gritava pra dar olé!

A gente se revoltava

Tudo, porém suportava

E dali dava no pé.

Patinete de Zezé

Era bem mais elegante

Enfeitado de bandeira

Era líder Elefante

Aquilo tudo comprido

Seu brinquedo preferido

De colorido chocante.

Campeonato Galante

Eu tirei quarto lugar

Didi ficou no segundo

Mixengo quis aprontar

Discordou do resultado

Um menino revoltado

Fez tudo para ganhar.

Tem ponto pra recontar

O Mixengo foi primeiro

Espaguete só falou

Recebeu logo terceiro

Pessoas inconformadas

Outras já bem conformadas

Abrem logo seu berreiro.

O prêmio, lindo faqueiro

Caríssimo bem formal

Pendurado numa fita

Tudo é coisa normal

Entregue pros vencedores

Nada para os perdedores

Naquele tal carnaval.

Mixengo foi genial

Lavando seu Patinete

O filho de Terezinha

Riba da caminhonete

Gritava pra todo mundo:

- O vencedor foi Raimundo

É Campeão Espaguete!

Isto revolta Chiclete

Com a mãe dele foi ver

E levando grande pisa

O pai botou pra valer

Jamais sairia de dia

Na corrida só perdia

Pra ninguém anoitecer.

Patinete faz rever

Sonho nenhum apagou

O meu tempo de criança

Boa saudade ficou

Lembro tanto patinete

Por nome de infitete

De tão frágil se quebrou.

Betinho só aprontou

Feito com bom cuidado

Mas na peleja se foi

Nada é aproveitado

O patinete tem dono

Para tirar qualquer sono

Ficou bravo, bem zangado.

O nome bem engraçado

Eu me lembro de Cascão

Vindo da São Rafael

E Nado com seu Balão

De Badá era calango

Pintado da cor morango

Numa vã animação.

Vi tanta situação

Aproximava Maçã

O bom carrinho de Toinho

Com um grande rolimã

Se não fosse pelo sinal

O patinete sem pedestal

Seria guriatã.

Os tantos de Jacumã

Apelido bem pegou

Chamado de qualquer coisa

Um menino não gostou

O patinete correndo

Tanta corrida vencendo

Ele logo se zangou.

Nele tanta estampa botou

Seu dono dele Joãozinho

Uma confusão tamanha

Meu Deus! Que povo brabinho

Mixengo desapartou

Cascão sozinho enfrentou

E ficou com o carrinho.

Alguns chamavam trenzinho

Do brinquedo Patinete

O transporte dos meninos

Ganhava de Marinete

Com tanta velocidade

Zoada por toda cidade

A roda toda derrete.

Ligeiro bom Espaguete

Patinete de primeira

Nunca nós pegamos ele

Quando descia ladeira

A roda do tal carrinho

Parecia um diabinho

Pulava tal quebradeira.

O mundo na brincadeira

Pra dá tempo na corrida

Daquela tal meninada

Com tanto prazer na vida

Ganhando velocidade

Seu roncar me dá saudade

Nas voltas, como nas idas.

Lembranças que são vividas

Nunca deram pra contar

Fora todas que vinham

Com a gente se juntar

De patinete corremos

Tantas vezes nós vencemos

Meu brinquedo popular.

Poucas brigas a narrar

Aventura é fictícia

O Mixengo cientista

Nesses guidons fez perícia

Apaziguando problema

Sempre pautou num dilema

Cabra cheio de notícia.

Menino sem ter malícia

Boa de recordação

Mexe com o sentimento

E faz bem pro coração

Patinete foi brinquedo

Que jamais me causou medo

Causando-nos emoção.

Tem rolimã na tração

Meu patinete corria

Na ladeira do Castelo

Muita gente subia

Aquele bicho veloz

Voando feito albatroz

Com certeza ganharia.

Desta forma Pontaria

Apelidado Corcel

Haja gente na disputa

Como fosse carrossel

Dos parques daquele tempo

Oh que belo passatempo

Na ponta do carretel.

Chego no fim do Cordel

De Patinete falei

Daquele nosso carrinho

Que tanto tempo vibrei

Agora neste meu drama

Cordel nenhum não reclama

Só eu sei do que passei.

BENTO JUNIOR
Enviado por BENTO JUNIOR em 29/08/2021
Reeditado em 24/08/2024
Código do texto: T7331153
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