O SEGREDO DA MOÇA
A Paquera - Abertura
Vou compor esse cordel
Nessa colheita me abrigo
Essa ficção bem contada
Na ótica de um amigo
Correndo bravo no pleito
Se errar, não temo perigo.
Acontecendo contigo
Aceite logo está pronto
Viva todo o argumento
Descreva este belo conto
Mesmo que ele sempre deixe
O teu corpo um pouco tonto.
Tentarei dá um desconto
Neste assunto proferido
Da Revista Letras Raras
Eu fiquei comprometido
Através desta linguagem
Serei um pouco intrometido.
Não quero ser atrevido
Trilhando fico feliz
A Gracielle M. Santos
O Francisco L. de Assis
Escreveram com prazer
Disto tudo sou aprendiz.
É água de chafariz
Que não se brota café
Feito fonte conectada
Nos pergaminhos da fé
Com tudo isto se imagina
O que pratica a mulher.
Firme e batendo no pé
Vou transformar esta história
Escrita por uma dupla
Que me serve de oratória
Eu montado em minha mesa
Deixo tudo na memória.
Nesta fase vexatória
Das visões tão brasileiras
O paraibano viaja
Campina à Cajazeiras
Ele solteiro e educado
De olho nestas parideiras.
Eu sou feito as fofoqueiras
Degustando a vida alheia
Penso naquele camarada
Levando uma grande peia
Para poder vislumbrar
Os encantos da sereia.
Fone de ouvido, a pareia
Na famosa melodia
Que este simples estudante
Do curso de Engenharia
Ficou se deliciando
Enquanto a hora passaria.
Naquele singelo dia
Em plena Rodoviária
Cidade Campina Grande
Tanta gente sedentária
Direcionando os lados
Tanta coisa era precária.
Passageira proletária
No âmago e sem ofensa
Após querer paquerar
Depois duma dita crença
Uma bonita princesa
Onde o flerte lhe compensa.
Toda espera é intensa
E o cabra só espiando
Lindo vestido de malha
De formosura mostrando
O rapaz compenetrado
Cada vez mais vai gostando.
Neste azul incendiando
Lhe chamou bem atenção
Com certeza o figurino
Já despontava paixão
Aquele universitário
Não previa a ocasião.
O seu aparelho na mão
A música não interessa
Tudo que importava agora
Era ver aquela peça
Com aquele seu caimento
Coração bate na pressa.
Pois, ele mais que depressa
Nem precisou de assobio
Lá mesmo naquele canto
Deixou aceso o seu pavio
Vendo aquela exuberância
Num rebolar de quadril.
A viagem sumiu
Queria um consentimento
Pra dialogar com ela
Dona daquele caimento
Um bumbum arredondado
Lhe virando o pensamento.
Este sujeito no assento
Sem muito o que fazer
Traquinando chegar pra ela
À procura de saber
Que ônibus pegaria
Mas não quis foi se meter.
Queria lhe conhecer
Como fazia uma evódia
Pra dona deste decote
Diante daquela ecnódia
Só tramando em viajar
Mas não acertava a prosódia.
Todo juízo em paródia
Recordando as namoradas
Advindas destas viagens
Das noites enluaradas
E bem perto dele estava
Belas coxas torneadas.
Em sonhos lá nas touradas
O decote insinuava
Seios rijos, porte médio
Cajazeirense babava
Belezura com alcinhas
Ele somente endoidava.
Nada mais lhe incomodava
Naquele setor de embarque
Carolina, olhar em transe
Cantava Chico Buarque
Neste seu fone de ouvido
Lembrava canções de parque.
É bom aqui que se marque
Romance pela saúde
Este sexo feminino
Aparentando virtude
Dois olhos se cruzaram
Formando uma plenitude.
E assim sem uma atitude
Com o pensar feito trapo
Não chegava a hora dele ir
Levar com ela bom papo
Mas era perda de tempo
Igual cantiga de sapo.
Quis ele dar um sopapo
E pensou quebrar a manha
Chegando na mansidão
Se entregar praquela estranha
Com aquele olhar de mel
Pois, qualquer homem se assanha.
Pense não sendo piranha
E o cabra quer algo mais
Quem sabe trocar o número
Idealizava em paz
Pra botar no celular
Daquele pobre rapaz.
Assim já é bom demais
Calculava este discente
Também futuro engenheiro
Se sentindo inteligente
Atento pro seu relógio
E pra pequena decente.
Foi tagarelando a mente
Um tal som anunciou
Seu destino, Cajazeiras
Ele então se levantou
A pessoa em movimento
E o cabra logo observou.
Ela a bagagem pegou
Usando o traje de alcinha
Com uma das mãos puxando
Sua mala de rodinha
A outra pegava na roupa
Pra não mostrar a calcinha.
Naquele instante que vinha
Se ofereceu pra ajudar
Ela então, tão sorridente
Rapidamente aceitar
Notando no seu trajeto
Algo estranho no seu andar.
Uma das pernas mancar
Com depósito na mão
Produto feito de plástico
Foram para lotação
Ela indo na sua frente
E ele sendo a marcação.
Vejam então a sensação
Deste exímio bom critério
Pois, sentaria na frente
Sem se dá ao impropério
Mas teve logo uma ideia
Que o fez ficar pouco sério.
Não topou fazer mistério
Foi sentando com a bela
E diz na cara de pau
Receando levar rela
Daquela gata tranquila
Bilhete é junto dela.
A Viagem – Parte II
E aquele bom tagarela
Se vai rumo à viagem
Coloca no bagageiro
A grandiosa bagagem
Depois começa o diálogo
Trocando baita bobagem.
Estes dois vendo a paisagem
Quase um interrogatório.
Primeiro: - Como te chamas?
Se viu num escritório.
Ela: - Me chamo Sofia
Agora, seu falatório.
Estágio de sanatório
Diz: - Luís Carlos me chamo
Deste abençoado nome
Eu que nunca que reclamo
E é até bom pra mim
Que esse reinado proclamo.
Ele nunca foi do ramo
Interpretar os atores
Ela foi logo na bucha:
- Dois nomes de imperadores!
O Luís e este de Carlos
É dupla de ganhadores!
Vasculhava bons autores
De tamanha inteligência
Falava dos grandes clássicos
Com bastante competência
Depois de um longo silêncio
Fica ela na impaciência.
No trato da consciência
Insistindo pra dormir
Mas para a sua surpresa
Novo papo consentir
Pois, quis então ela saber:
- Você nasceu por aqui?
E ele não fez por mentir
Dando um riso sem asneiras
Abordando ter orgulho
Ser da terra Cajazeiras
Ela sem medir esforços
Diz que nasceu em Bananeiras.
Nordeste das brasileiras
Mulheres inteligentes
Andantes cotidianas
Dos cordéis e dos repentes
Na leitura popular
São fêmeas mais que decentes.
Estes jovens competentes
Traçaram a sua sina
Neste ônibus noturno
Que saía de Campina
Indo lá para o sertão
Onde o drama se destina.
Esta sublime menina
Com o seu estojo pequeno
Colado no seu artefato
Sem lhe dá nenhum aceno
Despertando no Luís
Saga noite de sereno.
Num ônibus somos pleno
Inconstante, vulnerável
Ele, em Campina estudava
Naquele curso admirável
Assenta querendo ouvir
O que não é inegável.
Num ímpeto deplorável
E quis mais este estudante
Da habitante lá de Souza
Pai tipo comerciante
Voltando do Paraguai
Naquele dia inconstante.
Pulsava no seu semblante
E começava explicar
Mesmo morando tão próximo
Ia mais pro Ceará
Pra Souza ia lá tão pouco
Vejamos no que vai dar.
Belas pernas a ostentar
No menino uma visão
Do vasilhame à mostra
Segurado pela mão
Tinha curiosidade
E começou a falação.
Levou em conta uma questão
Do Paraguai quis saber
Ela: - Fui fazer compras
Você nunca vai entender
Comprei pouquíssimas coisas
Mas não vou me arrepender.
O Luís a perceber
Aquele grande aconchego
Cuidando de um potinho
Que lhe tirava o sossego
De ver aquela garota
Sob o domínio do apego.
O rapaz feito morcego
Utiliza a ferramenta
Sobre a ida ao Paraguai.
E ela na voraz tormenta:
- Fui resolver as coisas
Decerto bem me contenta.
Resposta como pimenta
E ficou ali só pensando
Nisto que havia ali dentro
E foi se questionando
Estas pernas, uma na outra
Vez em quando se tocando.
As coxas dela corando
O rapaz imaginava
Levar um papo mais íntimo
Quem sabe se conquistava
Se mantém impaciente
E praquele estojo olhava.
O potinho atrapalhava
Utensílio bege fosco
Com aquela tampa rosa
Deixando-lhe um tanto tosco
Que sem maldade pensou
Em mandar-lhe pro briosco.
Valha, oh! Grande Deus convosco
Por que tanta segurança?
Com este recipiente
Parece ser de criança?
Palavras desesperadas
Que não comporta esperança.
Um ciúme de matança
Quase que por um capricho
Se ele pudesse, talvez
Ia pelo carrapicho:
- Que havia no interior
Subo, chego lá e picho?
Com uma cota de bicho
Já perdendo aquele encanto
Manteve sem dizer nada
Sentado ali no seu canto
Olhando praquele corpo
Teve nele vago espanto.
Ele não queria santo
Calculou sua verdade
Nunca se incomodaria
Tentou não ser um covarde
Aquele seu sentimento
O fruto da puberdade.
O jovem na tenra idade
Era o lanche que ela tinha
Má fama de nordestino
Tecendo a fome que vinha
Arrebentando a barriga
Bom mesmo era uma galinha.
Pois, assim naquela linha
Numa viagem noturna
No translado sertanejo
Vindo da vida diurna
Teria que ter apoio
Nesta ação mais que soturna.
Tudo aquilo dentro da urna
De bem extraordinário
Se interessava o viajante
Naquele tardar de horário
Quando o ônibus parasse
Já se sentindo ordinário.
Não quis ser um mercenário
Uma primeira parada
Sofia e Luís descendo
Pra dar aquela jantada
Quem sabe naquela mesa
A coisa é desvendada.
Ela sempre adiantada
Faz pro rapaz o convite
Este assim de prontidão
Sente o cheiro de Afrodite
E sai pra jantar com ela
De procurar não desiste.
O pesquisador insiste
Querendo saber daquilo
Que tem no potinho bege
E lhe faz ser tão intranquilo
Que fica ali do seu lado
Naquele enorme sigilo.
O moço nem deu um cochilo
De práxis ter um apreço
Por algo tão curioso
E dizia: - Eu não mereço!
Se comportava o Luís
Um pouco sem endereço.
Quase tudo pelo avesso
Um grande ódio nutria
Por aquele pote bege
Empecilho nisto via
Aonde o casal estava
Este estojo se metia.
O Segredo – Parte III
Era enorme essa agonia
Deste pote descarado
Nomenclatura foi dada
Naquele instante marcado
Processando bom jantar
E o fiscal daquele lado.
O cara nela vidrado
E com raiva do parceiro
Foi explicando de mansinho
Naquele olhar bem certeiro
Que podia ir lá no fundo
Pois lá ficava o banheiro.
Na condição passageiro
Pela cabeça passou
Indo fazer estas coisas
Pois, ele alegre ficou
Ficaria aquele pote
Ela consigo levou.
Ele não se contentou
E pensou numa nojeira
Que ela comeria lá
Naquela grande sujeira
Tinha tanta repugnância
Daquela tal passageira.
Falando sem brincadeira
Antes da sua parada
Já que ela morava em Souza
Era tudo, ou mesmo nada
Direto e firme no tema
Mesmo dando uma mancada.
Ele de forma apressada
O Paraguai é citado
Sofia respira fundo
Soletra: - É complicado!
E deu aquela longa pausa
Num suspiro condensado.
O terapeuta lascado
De uma tamanha empatia
Foi ouvindo daquela boca
O que a turista fazia
Comprando no Paraguai
O que tanto ela queria.
Nesta tal melancolia
No causo da sensatez
Quando Sofia diz pra ele:
- Eu percebi a rapidez
Portanto, sei o que tu queres
Mas vai chegar tua vez.
E ele: - Pura flacidez
Onde eu fui me meter
Bulindo com certas coisas
E agora nós vamos ver
Ela descerá em Souza
Vai pedi para eu crescer.
Nada veio acontecer
Soube tudo aquele estranho
Pronunciada da própria
Com aquele olhar castanho
Sentindo ser uma ovelha
Bem perdida entre o rebanho.
Até sem jeito: - Me assanho!
A colheita se contrai
Esta donzela explicava
Porque foi pro Paraguai
E aquele pequeno estojo
Que tão somente lhe atrai.
Falou da mãe e do papai
E o rapaz meio indeciso
Auto se questionava
Que daquilo: - Não preciso!
Em silêncio se explicava
E ela num ato conciso:
- É meu espelho, meu narciso
Eu sei que isto me incomoda
Como pra você também
E eu pensei logo: - É foda!
Lhes contarei tudo, sim
Se é isto que acomoda.
Era um carro sem a roda
Solto num acostamento
Que vislumbrava o rapaz
Naquele seu atrevimento
Se mais lhe questionasse
Teria aborrecimento.
Chegou porém o momento
Que ela se fez essa crônica
Desembuchando detalhes
Assim meio que eletrônica
Ele somente abismado
Num gole de água tônica.
É temática antagônica
Dizendo que era ignorante
Aquele seu genitor
Apreciando o estudante
Das brutalidades dele
Intransigente e arrogante.
A filha vai radiante:
- Experiente em revenda
Das simples mercearias
Que conhecemos por venda!
E assim começando a fala
É bom demais que se aprenda.
Nos traçados de uma lenda
Fala dos familiares
Que nunca teve seu apoio
Foi criada pros altares
Pois, quem sabe um casamento
Ser fiel de todos lares.
No Quilombo dos Palmares
Onde a guerra teve início
Lutar na antropologia
Exaltava o sacrifício
Pessoas desta maneira
Caem sempre em precipício.
Pensava sem malefício
Porque estava aquilo ouvindo
Grande curiosidade
Que já ia se permitindo
Sofia num desabafo
Neste drama construindo.
Luís entrou e foi sentindo
O que ela estava passando
Ele através do seu olhar
Foi também lhe conformando
É que: - Todo pai age assim
Nós vamos se acostumando!
Ela quase soluçando
Faz da cena uma emoção
Pra ele ouvir sua ladainha
Sem qualquer explicação
Ele sendo aquele estranho
Melhoria a relação.
Não quis atrapalhação
E nem ser interrompida
Continuou esta narrativa
Como estivesse sentida
E foi dispor o seu nome
Um tanto comprometida.
Pois, assim ninguém duvida
Juventude tão bem prática
Este seu nome era Ulisses
Olhem só essa didática
Se fez ela de Sofia
Que a deixou, porém apática.
Mulher um tanto dramática
Sentiu num labirinto
Aquela grande surpresa
Daquele ser tão distinto
Ele procurou lugar
Porém, seguiu seu instinto.
Por que mesmo tudo sinto?
O sangue todo fervendo
A Sofia era um traveco?
O que estava acontecendo?
Toda voz dela embrulhava
Ele ia lhe conhecendo.
Inquilino esmorecendo
Pois, quase que se padece
Neste transporte da noite
Ele tão logo enaltece
Disse para aquela moça:
- Conte tudo que acontece!
O pote é sua prece
Naquela noturna trilha
Ela se expressando assim
Que era uma única filha
Neste dito trocadilho
Tem aquele olho que brilha.
É por aí que se humilha
Ulisses é a discórdia
Pois, tudo que importava era
Sofia ser a concórdia
Livre daqueles conceitos
Virgem Mãe Misericórdia.
O aluno em plena mixórdia
Achando aquilo normal
Mas é que foi caindo a ficha
Vendo tudo natural
Sonoridade tranquila
De uma nota musical.
A Redesignação Sexual - Final
Desta questão sexual
No Paraguai tem-se o corte
Praticou esta senhorita
Sem, porém, temer a morte
Aquilo tudo verdade
Enfatiza: - Tive sorte.
Pode ser fraca ou ser forte
Qualquer um famoso drama
Escrito por este Ulisses
Naquela bendita trama
Luís ouve atentamente
Que dizia aquela dama.
E ela somente reclama
Sem nem bater a retina
Foi fazer a operação
Na clínica clandestina
No Brasil tem fila grande
Comentava esta menina.
Uns dizem ser assassina
Que nada lhe contaria
O rapaz na inquietude
Diz: - Continue Sofia
E ela soprava o cabelo
Pois, quem sabe até sofria.
Ela falando, ele ouvia
Do testículo tirado
No ônibus o silêncio
Tudo foi desperdiçado
Incutiu o tal malandro
Que lhe chamou de malvado.
Sofia ter arrancado
É um ato de coragem
Quando ela chegar em casa
Desconstruí esta imagem
Que retirando o seu falo
Qual será sua mensagem?
Que se parece visagem
Estampado no vestido
Da malha presa no corpo
Com algo dentro enrustido
Conserva assim o maldito
Feliz ter compreendido.
Há porém, mal entendido
Daquele objeto na mão
Dentro vivia um testículo
Era tudo maldição
No pote de tampa rosa
Mora aquela perdição.
Luís sem os pés no chão
Não achou foi nada engraçado
Pois sabia que ali dentro
Um falo estava guardado
Deixando meio confuso
Isto é o resultado.
Ulisses era um danado
E foi abrindo aquele estojo
Pois, dentro dele os dois vivem
Este rapaz teve nojo
Lamentando: - Ela devia
Era pôr tudo no bojo.
Com a salmoura e miojo
Fervido, tudo ali exposto
O ônibus chega em Souza
Naquele bom mês de agosto
E antes daquela parada
Reparem só que mal gosto.
Disto fez o tira-gosto
E foi ligeiro engolindo
Mastiga com precisão
Este negócio sumindo
Por toda sua garganta
Bebendo água e sorrindo.
Limpa-se e fica tossindo
Muita gente desceu
Luís: - Estamos em Souza!
Pra ajudar se ofereceu
Se despede com modéstia
E o seu número lhe deu.
A Sofia respondeu
E guardou aquele papel
O Whatsapp de Luís
Do futuro bacharel
Solidificando assim
Produzir este cordel.
Sendo pintado em pincel
Será um bom quadro abstrato
Nos traços deste pintor
Naquele belo retrato
Numa foto em preto e branco
A depender do contrato.
O dinheiro tem extrato
Arte não tem cerimônia
Seja aqui na Paraíba
Ou até mesmo na Polônia
Na peleja do matuto
Ou travestido de Sônia.
Poeta não tem insônia
Todo cordelista escreve
A receita do remédio
Qualquer médico prescreve
Temperatura na baixa
Só cabe em terra de neve.
Sofia tudo descreve
Para aquele ouvinte ativo
Onde tudo é surpresa
Naquele espaço cativo
Como bêbado em bodega
Tomando seu aperitivo.
Viver como um lenitivo
Onde a novidade impera
É verso solto em galope
Os vícios da alma sincera
É cupido sem a flecha
Adorando a nossa fera.
Na estrada tudo se espera
Ônibus segue o destino
Pois, cada um é importante
Segredos do desatino
Conto é literatura
Numa cadeira do Ensino.
Sacristão toca seu sino
Todo fiel vai na igreja
Rezando mais um Pai Nosso
Até que Jesus proteja
No catolicismo, Amém
Espiritismo, Assim Seja!
Sofia nunca deseja
Talvez outra criatura
Ela sabe do que quer
Sem cometer a loucura
Pois, mesmo tendo ciência
Sobreviver na amargura.
Nunca diga que não jura
Nestas ações narcisistas
Conte o que sabe pro povo
Como vivem os artistas
Pule a corda desse tempo
Como fazem otimistas.
Dúvida nos pessimistas
É nada ser impossível
A Sofia matou Ulisses
Ele que foi invisível
Estes dois numa só carne
Intimidade terrível.
Todo sonho imprevisível
Faz lembrar deste testículo
Para os preconceituosos
Isto é mais que ridículo
Mas no fundo da questão
É vida feita em versículo.
Nem é preciso currículo
Pra decifrar agressões
O que viveu esta Sofia
Faz doer os corações
Ela narrando seu texto
Incita provocações.
Atuando nas paixões
O conhecimento atua
Todos machos se inflamam
E o cérebro só flutua
A escrita é poderosa
Onde o dilema situa.
Sofia não foi perua
Famosa marca antológica
Ela mexeu com o tempo
Desta forma psicológica
Não se pode confirmar
Qual a razão mitológica.
Neste convívio da lógica
O filósofo acredita
Em viver uma amizade
Onde o encontro não se evita
Se dirigindo pra Souza
Acabando esta desdita.
Fecho este laço de fita
Neste ciclo a Gracielle
No conto experimental
Que arrepia nossa pele
Pois, onde ele for contado
Tudo há que nos esfacele.
Não deixe que se cancele
Ilustre amigo Francisco
Muito bom que se diga
O valor que tem petisco
Bem antes de qualquer ceia
Ficar sem ele é risco.
O Luís é quase um disco
Sofia compositora
Estes dois são personagens
E são a base construtora
Da inspiração literária
Nesta arte mais sedutora.