COBRA DE DUAS CABEÇAS
Bora gente refletir
Escrever com precisão
Nobre Folheto de Feira
Tem Cordel em edição
O tema logo discute
Já falado repercute
Resgates da tradição.
Nem é preciso falar
Tudo que podemos ver
Nos olhos daquela cobra
Há projéteis no volver
A cobra rodando mundo
Num desengano profundo
Está vivo para crer.
A cobra tem seus mistérios
É história popular
Quem quiser que conte tudo
Ou deixe mais um passar
Os caminhos tem espinhos
Onde cantam passarinhos
Somente cobras vão lá.
Tem várias espécies, sim
Que tenta te possuir
A cobra tem seu veneno
Isto podemos sentir
Ela quando ferra gente
Deixa marca de seu dente
Pra seu corpo poluir.
Todo veneno de cobra
Se vende corporalmente
Ele se vele do corpo
Matando pessoalmente
No mato, cobra cipó
Te sangra, vai dando nó
Quando não, mexe na mente.
Grande cobra cascavel
Já fisgou bom caçador
Só sai do telhado, dizem
Quando caixão de lacrou
Jararaca conhecida
Entre todas, atrevida
Tanta luta se ferrou.
Estas cobras estão gordas
Precisam atendimento
Rastejam pelos palácios
E criam o movimento
Multidões nos hospitais
De picadas anormais
Com cobras no ferimento.
Num enredo musical
Cobra dança sinfonia
Agarrada na garganta
Veneno na sintonia
Cobras gigantes refletem
Entre todas que competem
Vão sugar na sacristia.
A cobra que ver igreja
No degrau desses conventos
Há soro tirado delas
E tantos bons elementos
A cobra é assassina
Logo mais é vitamina
Preparando seus fermentos.
Tanta cobra no país
Bandida destruição
Dentro da zona rural
Mata nossa plantação
Na picada da coral
Verme é acidental
Fingem vozes do galpão.
As cobras vivem cansadas
Propaganda gira-mundo
Junto da pequena mala
Tem cobra lá bem no fundo
Dita cobra caninana
Que cheira cana caiana
Nos estudos, aprofundo.
Que cobra mais esquisita
Foi pousar bem lá embaixo
Arrastando seu chocalho
Dentro dela só encaixo
São Bento és protetor
Nos livrai deste terror
Por cobra, não me rebaixo.
Chegam cobras num balaio
Pescadas na grande praia
Suas cabeças terríveis
Outras com faces lacraia
As cobras bem indiscretas
Gostam de seguir as setas
Que cobra nenhuma traia.
A jiboia sai ferida
Se mete pela floresta
Fica de longe pensando
Com rasgão na sua testa
Sucuri no rio vendo
Nestas águas se batendo
Lhe chamando para festa.
No Brasil ocidental
Tem cobra feito visagem
Muitas delas são mortas
Para mudar a paisagem
São partes da natureza
Na pequenez ou grandeza
Elas rolam na rodagem.
Homem tem parte de cobra
Mulher é parte traída
Cobra feminina faz
Do macho é distraída
Ambos brigam pela cobra
Exercitam a manobra
Cobras curando ferida.
Qual cobra que te mordeu?
Foi sorrindo Cascavel
Ninguém sabia resposta
Nem mesmo nosso cordel
A terra sofre calada
A cobra vive fadada
Por um pedaço do céu.
Jiboia é cobra grande
Frequentadora do sol
É conto final de noite
É medo que dá um nó
Cobras mostram ser pessoas
Rios quentes, nas lagoas
Jamais caem em anzol.
Cobras remando canoas
Guiando sonhos de luz
Postando fotos vencidas
As que trabalham no SUS
Tanta cobra milagrosa
Nunca foi vitoriosa
Usam nome de Jesus.
Tanto mais inteligentes
São todas cobras humanas
Sem pensarem, planejam
Satânicas, bem ciganas
Cobras do mestre Moisés
Com bastão dos infiéis
Pôs fim cobras desumanas.
No rastro de toda cobra
Há resquício de saber
Cobras que nos dão mistério
São falsas sobreviver
Seres são ninhos de males
Cobras são soltas nos vales
Nem chegaram a nascer.
Existem cobras cantoras
Que vão cantar só em dó
Fazem parte do coral
Que não se viu pior
O som artificial
Rompe com que é normal
Vi cobra gentil avó.
Cobra de duas cabeças?
Por que discutir o tema?
Eis a cobra sem ter vida
Sem amores e sem lema
Há tantos mundos vazios
Organizações sem brios
As cobras são do sistema.
Duas cabeças são cobras
Que se dão bem nas ofensas
Desconhecem os segredos
Compram todas as imprensas
Duas cobras degustando
Da malandragem gostando
As cobras tem suas crenças.
Cobras irracionais
Melhores na crueldade
As ditas racionais
Cruéis na sociedade
Picam fortes o poder
Alimentam o sofrer
Cabeças nacionais.
É impossível obter
Resultados indiretos
Estas cobras são diretas
Destruindo seus afetos
Cada cabeça que cala
A cobra somente fala
Na visão dos desonestos.
Cobras por si só são cobras
Venenosas, egoístas
São mamíferos estranhos
Slogan dos positivistas
Atormentam as nações
Defendem suas facções
Todas são malabaristas.
A cobra nasceu com mundo
Diz o guia criador
Debaixo de qualquer sombra
Esconde todo pudor
Onde passa sã cabeça
Foi cobra, desapareça
E fique com que sobrou.
Miseráveis cobras loucas
Pulando nos calçadões
Na defensiva são brutas
Querem os seus esquadrões
Nessa peste secular
Ela procura seu par
Depois fisgam seus patrões.
Modestamente traíras
Existem cobras pro gasto
Em lugares bem escuros
Correm doidas ao pasto
Cada cabeça gerada
É a máscara do nada
Neste campestre tão vasto.
Cuidado com as cobras
As mansas são mais piores
As claras são mentirosas
Elas se veem melhores
Uma cobra tem fuzil
Mas cessaram o pavio
São vivas, não dos folclores.
Brasileiro meu Cordel
Está sorrindo bonito
Nesta finalização
Testou frases que repito
Organizamos sistema
Juntos causamos dilema
Rimando feito bendito.