SANTA INSPIRAÇÃO

Donde vem tantos estilos

Na mente do cordelista

Se cantas tuas estrofes

Eras mago repentista

Mas, cada qual tem dever

Nem é preciso saber

Faz razão por ser artista.

Prever que pensa poeta

Tarefa sem fundamento

Tantos temas inspirados

Decifrar é um tormento

Deixem brotar criação

Conosco na provação

Em ríspido sacramento.

Na chegada duma noite

Um peso todo desponta

Poeta vai mais além

Inspiração nele monta

Fala versos pros amores

Nem sonha pensar nas dores

Carência bate na ponta.

Ao dormir, os poetas

Desejam mundo melhor

Brincam com belas palavras

Pingam fortes o suor

Assim seguem a rotina

Refletindo na retina

Na cabeça dando nó.

Oh! Santíssima Maria

Vou nas pressas refletir

Um mote bem atual

Juro que não vou partir

Confiemos nobre Santa

Bela canção nos encanta

Um poema vai surgir.

Depressa depois do sono

Eu pus os meus pés no chão

Encontrei vários rabiscos

Publicarei gratidão

Poesia vem de Deus

Nas bênçãos destes ateus

Pra defender a paixão.

O que ficava comigo

Logo fiz um juramento

Pra não mudar as escritas

De qualquer esquecimento

Todo sonho que se tem

Único, não se desdém

Só me dá contentamento.

Bela Maria tão fértil

Em trajes celestiais

Ao falar noutras coisas

Nos males ocidentais

Foi me cobrindo de beijos

Naquele pudor dos queijos

Nos dias de carnavais.

As sambistas dançavam

Todas lendo meu cordel

Agradar Nossa Senhora

Eterna dona do céu

Feitos das inspirações

Noutras instituições

Como bem é seu papel.

A Santa preocupada

Com este belo País

Me falou que brasileiro

Era povo bem feliz

Não teve politicagem

Nesta visão sem imagem

Só enxergam o nariz.

Sentei do lado do sono

E comecei suspirar

Com tanto conselho dado

Tive que me cuidar

Ter sempre simplicidade

Num olhar cumplicidade

Quando formos publicar.

Santa Maria das rimas

Dê-me força nestas horas

Bem além inspiração

Me deixe ficar de fora

Eu vou botar pra memória

Nem quero dedicatória

Depois nós vamos simbora.

História que é fictícia

Alertou Santa Maria

Cenário à brasileira

Governo sem sintonia

Vai sucumbindo fatores

Nas cenas faltam atores

Deixam frágil poesia.

Assim nós vamos prestar

Atenção nesta leitura

Sei tudo que sempre fiz

É uma Sã Criatura

Enviada pelo sonho

Para bons dramas proponho

Numa noite formosura.

Nunca teremos o tempo

Pra nós podermos fazer

Porém, meus caros poetas

Vou ter que só escrever

Tal a Santa que descreves

Mexericos nem atreves

Eu tenho que lá mexer.

Falamos de forma triste

Tristonho fico também

Imaginem quem é Santa

Eu que não furtei ninguém

Como ficam os da Pátria

Falam os da parte Mátria

Para se plantar o bem.

Uma nação desgarrada

Daquilo que é sabido

Se preocupa com outros

Por aqui tem desistido

De fazer o que é certo

Estando longe, bem perto

Barganhando com partido.

Logo peguei bons sinais

Na questão parlamentar

Traçada por tanto tempo

Economias do lar

O País se desmantela

Só caem em esparrela

Não praticam criticar.

O Brasil está em guerra

Você sabe quem é ela

Querem fazer o complô

Em Cuba, Venezuela

O problema é aqui

Visões foram ressurgir

Temos que cuidar dela.

Governantes brasileiros

Querem dar fim violência

Mentirosos em escudo

Nos anais incoerência

Defendem todas as armas

Que sofrimento dos carmas

Nessa tal inconsistência.

O dilema é tão sério

Que não tem explicação

Mesa do poder é farta

Brigar é a solução

Tantas lorotas contadas

As santas desapontadas

Um país sem direção.

A nação perdeu seu rumo

Como burros sem espora

Pessoas ficam aqui

Dentro de mais, dando fora

Não suportam desengano

Inspirar farda, paisano

E no cantinho só chora.

O chefe mor se perdeu

Difícil sem encontrar

Educação sem ter livro

Pode solucionar?

Incerteza nos assola

Infinito faz esmola

Nas reuniões vão só passar.

Viés das contradições

Brasil multiplicidade

Não tem projeto concreto

Faz pela própria vaidade

Muda-se seus governantes

Métodos desconcertantes

Com sua prioridade.

Nós temos terra do sim

Quem se chega quer ficar

Simplesmente com o tempo

Só querem logo mandar

Nós somos a frágil luz

Santa fala de Jesus

Que não dá para contar.

Como resolver problema

Da casual inflação?

Há tantos anos atrás

Combate-se corrupção

Mas ela foi só crescendo

Até a santa dizendo:

- Contaminas região!

A santa bem escrevendo

Olhando nos olhos meus

De posse destes escritos

Elogiou bons ateus

Falando que toda gente

Sente medo da serpente

Esquecendo nome Deus.

Preconceito ronda tempo

Circula nos hemisférios

Levando gente pras ondas

Enterra nos cemitérios

Extremismo é pecado

Quem faz é desmantelado

Nestes gastos adultérios.

Ideias tem as manobras

A santa fez a ciência

Deu beijo de despedida

Pros sonhos mostrou decência

Fez de mim seu mensageiro

Neste Cordel Brasileiro

Sigamos na competência.

A Santa não quis ficar

Foi pros céus e não voltou

Despede-se, foi simbora

Tanta sorte desejou

Eu fiquei na pasta certa

Olhando corações Beta

Com tudo que me deixou.

Acordado numa rede

Sem querer me levantar

Pensando cada palavra

Gosto sim, pronunciar

Reflexão para leitura

Condicionando cura

A quem posicionar.

Inspiração dos meus sonhos

Que prazer sem ter maldade

Qualquer pedaço de chão

Faz nascer a claridade

Finalizando cordel

Mais um naquele plantel

Gentil permissividade.

BENTO JUNIOR
Enviado por BENTO JUNIOR em 26/08/2021
Reeditado em 31/08/2024
Código do texto: T7328605
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