EU SINTO QUE A POESIA É O MEU BÁLSAMO SAGRADO
POR JOEL MARINHO
Dizem que nasci no dia
De um dilúvio tão forte
Andei nos braços da morte
Em meio a tanta agonia
Os deuses me abandonaram
Até os anjos piraram
Só Calíope do meu lado
Fez-se minha mãe de guia
Eu sinto que a poesia
É o meu bálsamo sagrado.
 
Um anjo bêbado me olhou
E disse esse já era
Não verá a primavera,
Mas Calíope me falou
Não ligue pra esse maluco
Um anjo velho caduco
Perdeu as asas, coitado!
Viva e sinta essa magia
Eu sinto que a poesia
É o meu bálsamo sagrado.
 
Cresci em meio a desgraça
A barriga nas costelas
A fome não era bela
Tomava água em cabaça
Já com dez anos de idade
Fiz a primeira “viagem”
Dormi no canto jogado.
Foi uma noite tão fria
Eu sinto que a poesia
É o meu bálsamo sagrado.
 
A cachaça desde menino
Foi a minha companheira
Vendia bombom na feira
E andava sem destino
Minha mãe me abandonou
Meu pai nem sabe quem sou
Fugiu, me deixou lascado
Praticou tal covardia
Eu sinto que a poesia
É o meu bálsamo sagrado.
 
Depois de tanto eu sofrer
Calíope me pôs nos braços
E me deu um forte abraço
Me ensinou a escrever
E disse, vá meu menino!
Escreve o teu destino
Pois és um anjo alado
Daquele bendito dia
Eu sinto que a poesia
É o meu bálsamo sagrado.
 
Eu não virei escritor
Também sou pouco letrado
Faço versos mal rimados
Das letras sou amador
Mas se me der um momento
Eu rimo bento com vento
E faço o meu “caqueado”
Sou noite e também sou dia
Eu sinto que a poesia
É o meu bálsamo sagrado.
 
 
A vida é um sofrimento,
Porém nasci pra ser forte
E que se lasque a morte
Ela que tome intento
E nem venha me dizer,
Pois não quero nem saber
Que sou “desabonitado”
Vá pra lá mente vazia
Eu sinto que a poesia
É o meu bálsamo sagrado.
 
Aos amigos meu abraço
Aos inimigos também
Porque a mim me convém
Conhecer todos seus passos
Mas o amor é comigo
Jamais fiz um inimigo
Amizade é meu legado,
Hoje só tenho alegria
Eu sinto que a poesia
É o meu bálsamo sagrado.