AÍ, MENTE!
Eu nunca que vi caneiro
Que não fosse mentiroso
Na certa quis aprender
Com tal de Mané Gostoso
Um cangaceiro de fama
Lá das bandas de Trancoso.
Mentir é mais tenebroso
Porque falamos de cana
Mentiras andando livres
Montadas na caninana
Dizer lorota não pode
Quem fizer torna sacana.
Tomar Uma - é bacana
Pois, quem ver é ilusão
O bar a ser escolhido
Não pode dá confusão
Se não vai ter quebradeira
Nos livrai Frei Damião!
Vai servir de solução
Assim falou Roberval
Relógio roda depressa
A turma fica no grau
Local bom vimos aqui
Tem amizade legal
Seu Bento de bom astral
Quando o dia amanhece
Abre logo a barraca
Se benze, faz sua prece
Fica esperando seu povo
Que pra servir se oferece.
Cliente não se aborrece
Ao comentar mentira
Ele fica bem vermelho
Pra fingir logo se vira
Numa banca do Castelo
Está difícil ter ira.
Bêbado triste respira
Seu bafo todo subiu
O bicho tando de porre
Não tem grana, sumiu
Procurando no seu bolso
Que tudo dele fugiu.
Acenderam o pavio
Devedor tem que pagar
É assim que bodegueiro
Sua venda vai enfrentar
Ele pega a peixeira
No chão peleja a riscar.
Tem cachaça pra tomar?
Fala fino um cachaceiro
Com medo daquele cabra
Esconde até o traseiro
Mas, o assunto não é esse
Vá sentar num formigueiro.
A Banca no ano inteiro
É só festa no pedaço
Pé de Pano, cabra bom
Sai dizendo: - Tudo faço!
Tomando caeba braba
Misturada com melaço.
Roberval não ver fracasso
Em quem nega da verdade
Mas, se diz não ser santo
Porque usou de crueldade
Acabou mais de mil brigas
Nas bodegas da cidade.
Aqui se tem liberdade
No almoço preparado
Este dá um belo prato
Muito bem cozinhado
Pé de Pano mete mão
Fica todo lambuzado.
Oh! Cabra esculhambado
Vai falando quem bebeu
Tiragosto saboroso
Gritou ali quem lhe comeu
A cachaça estava quente
Quem pegou já entendeu.
Sem Futuro - até perdeu
Pisou no rabo da gata
Praticante é sujeito
Cruzeta que não desata
Falando do nobre povo
A nós todos desacata.
Um tanto falastrão pata
Foi pego fazendo aquilo
Na noite plena escura
Que cantava aquele grilo
De posse da safadeza
Vive pensando naquilo.
Velho bom fica tranquilo
Vendo toda conta paga
Dá aquele bom sorriso
Feito jogador de zaga
Vende depois só fiado
Esta é a sua saga.
Tita senta numa vaga
E passa logo a frescar
Todo mundo fica triste
Sem ter algo para dar
Ele chama o pariceiro
Energias vão trocar.
Roberval tende a chamar
Na tamanha cachorrada
Brinca com filho do dono
É grande a presepada
Gaitada toma de conta
Dá pulos o Coalhada.
Numa grande palhaçada
Tudo ali quer se meter
Uns pensam tomar papuda
Outros nem querem beber
Tita tira somente onda
Pro dono vir a ferver.
Neguinho chega pra ver
Fica falando baixinho
Matutinha tomou todas
Tentando sair de fininho
Pé de Pano quer um gole
E ficou, porém, bebinho.
Bento naquele cantinho
Com a máscara no rosto
Fica soltando piada
Em pleno mês de agosto
Dizendo que gente beba
Não passa de um encosto.
Roberval não tem desgosto
Fala tanto de ciência
Gosta de tomar cerveja
Haja tanta paciência
Visual está mudado
Bebo tem que ter decência.
Quem mente tem a ciência
Que não se deve mentir
Somente na Nova Vida
Nós podemos permitir
AÍ MENTE, mente sim
Biriteiro quer sumir.
Refletindo pra partir
De repente eu voltei
Fui ouvir o Roberval
Portanto, mico paguei
O bicho grelou seus olhos
Feito cururu teitei.
Quem vai por ali é rei
E tem muito respeito
Vive de fazer o bem
Bebendo dá um efeito
Muído com sua pinga
Fica ali meio sem jeito.
Piada boa eu aceito
Roberval solta a melhor
Babuíno sem saber
Entra logo na pior
Pedindo mais uma dose
Fica igualzinho mocó.
Frequentador dá um nó
Só fala de despedida
Como bêbado cansado
Curando sua ferida
Bebe pra não ver o tempo
Coisa melhor nessa vida.
Saideira é a pedida
Ninguém pensa ir embora
bebum tem saudade
De vez em quando ele chora
Recebe cartão vermelho
É preciso ir simbora.
O Bombado só implora
Querendo cana outra vez
O brabo já revoltado
Conta de um até três
Contagem dos bebedores
Daquele pior freguês.
Ninguém dorme no xadrez
Me falou o fujão Bento
Este meu amado pai
Desde o nosso nascimento
Eu, neguinho, meu irmão Tita
Somos deste movimento.
Se bebes, fiques atento
Conserve tua memória
Como fez o Coalhada
Que vive contando glória
Pareia de Pé de Pan
Dupla que contém história.
Façamos dedicatória
Pra esse povo, AÍ MENTE!
Gostamos de todos eles
Dessa nossa boa gente
Na Barraca Nova Vida
Se chegue, tem aguardente.