RETORNO DAS AULAS PRESENCIAIS
As aulas presenciais
Abastecem meu viver
Mestre tome precaução
Nisto tudo tu vais ver
Use máscara no rosto
Só assim temos que ter
Cuidado no comer
Aluno vem estudar
Em locais abarrotados
Juntos vão se contemplar
Álcool em gel nos falta
Olhem só no que vai dar
Retorno é pra mostrar
Pros donos capitalistas
Não se tem educação
Políticos egoístas
Porém, neste tema dito
Vem processos casuístas
Nossos nobres, bons artistas
Tememos tristes momentos
Nós, seres, desprotegidos
Iremos cair em tormentos
Professores, professoras
Como fluem sentimentos?
Vejam distanciamentos
Estampado nesta porta
Muitos querendo sair
A sala jamais comporta
Os pais e mães só cobram
Isto tanto nos importa
O que é que lhe conforta?
A resposta ninguém tem
Nos segmentos escolares
Pretendem bater além
Diretores seguem ordens
Se viram em mais de cem
Poderes, nesses porém
Não conseguem responder
Vivendo das negações
Fazem tudo se perder
Correm apressadamente
Nem procuram entender
As lousas vão se tremer
Lápis não topam riscar
Os problemas são mais claros
Líderes sem enxergar
Botam crianças nas salas
Reflitam no que vai dar
Docentes podem contar
Mas, sentem muito medo
Suas palavras não são
Vistas sempre no segredo
Educação quer respeito
Não quando tem este dedo
Esta volta é brinquedo
Que vai fazer com a gente
Entregar nossos alunos
Num lugar indiferente
Onde todos se comprimem
Nada nos fará contente
Um dever intransigente
Na frágil economia
Aulas tem seu calendário
Numa larga pandemia
Morrendo nos hospitais
Gente na melancolia
Nessa fácil agonia
Não respeita professor
Este que é ator, sim
Um só não valorizou
Foi fazendo ruindade
Disto tudo que restou
Bom ensino que ficou
Veio dos isolamentos
Computadores ligados
Resolveram os tormentos
Discentes cumprem deveres
Distante dos seus assentos
Falamos dos movimentos
De forma politizada
Inspetores intranquilos
Lidando com meninada
Não teremos nem sossego
Questão que se faz errada!
É doença condenada
Que mexe com todo mundo
Pode ser bom estudante
Ou quem sabe, vagabundo
Ela faz o cidadão
Se perecer num segundo
O coração mais profundo
Vai gritar dizendo não
Pedindo para governos
Façam avaliação
Ouçam todos professores
Não criem contradição
Tudo pela contramão
A volta é mais incerta
Escolas despreparadas
Variante mais aberta
Ela se faz bem mais forte
Nos deixa rua deserta
As ações só nos aperta
Nos enfraquece completo
Criança pra cuidar
Argumento é afeto
Cuidemos uns dos outros
Nós todos em nosso teto
O caminho não é reto
Nesse discurso perdido
Só queremos o fazer
No passo desconhecido
Deixar o normal instante
Chegando no prometido
Assim nunca tem sentido
Que querem realizar
Lotando todas as salas
Pra sonhos fragilizar
Fazendo destes alunos
Desta volta não gostar
Eu não vou querer mostrar
O quanto é responsável
Porque falou quando volta
Neste mês indispensável
Quase final do bimestre
Pro tempo ser mais saudável
Um regaço mais palpável
Agora é impossível
Mas, eles forçam a barra
No vírus imprevisível
Tenhamos muitos sonhos
Viramos sim, invisível
Tudo pode ser possível
Quando principiar hora
Favor, respeitem a vida
Muita família chora
Sei do que passam os jovens
Tantos querem ir embora
O vento chove lá fora
Louco negacionismo
Governos contribuindo
Num exibicionismo
Fazem da nossa ciência
Um plural malabarismo
Sala tem companheirismo
Escolas de coronéis
Saúde discriminada
Educar os bacharéis
Falta pros familiares
Visão clara dos quartéis
Igrejas são dos fiéis
Mas, todos negam os fatos
Seus filhos no virtual
Nos trazem tão bons relatos
Vivemos sem entender
Estes benditos maus tratos
Nas capitais, também Patos
Escolas estão sofrendo
Muitas, mato cobrindo
Profissionais morrendo
O que fazer por enquanto
Prefeitos só prometendo?
Eu vou sim, me protegendo
Duas doses já tomei
Penso coletividade
Para forças me calei
Vou planejar todas aulas
Tento fazer, enganei
Não sou, porém não serei
Da Pátria seu salvador
Não temos a luta brava
Há muito dissabor
Alunos e professores
Haja sorte por amor
Ao começar calor
Nosso corpo terá vez
Janelas serão fechadas
Toda voz tem altivez
Alunos vivem cantando
Dessas aulas é freguês
Este governo burguês
Não pensa nesses critérios
Prefere morrer babando
Seus planos e seus mistérios
Sempre seremos perigo
Na gripe dos cemitérios
São tantos os impropérios
Levando pro sucumbir
Livre por tão poucas coisas
Muitos querem fugir
Não suportam o poder
Vivem tramando sentir.