São coisas do meu sertão - Parte 2
Eta! quintura da muluesta
Nesse torrão esquecido
Onde o sor arde na testa
Mas aqui tenho vivido
Entre clamores e festas
Nesse binboque perdido
Te digo sertão fervente
Onde passarim fazem festa
Bem no mei desse ardor
Derramo o suor da testa
Valei-m meu sinhô
Eita! Calor da mulesta
Menino vou te contar
Uma veis tava baquiado
Foi deveras uma tormenta
Vich! maria dava dó
Só cum leite de jumenta
É que fui ficar mió
Há tantos vexames na vida
Que dar tristeza em contar
O povo amargando a partida
Arribando do lugar
Trocando a terra querida
Por um frio de lascar
No meu sertão muito tem
Zé mané, beradeiro e capial
Baba ovo, fogoió e cheleleu
Lelé da cuca e caga pau
Pra todos tiro o chapéu
Tudim são boa e não do mal
Matuto tem cada mania
Que é mesmo de lascar
Segura o saco primeiro
Pra começar a falar
Usa folha de mamoeiro
Quando sai para cagar
Zé gome é cabra ajegado
Quem disse foi as cunhã
Quando cai na buraqueira
Só deixa de mão de meam
Eita! Home lasqueira
Pra dar valor a maça
Lá tinha um sanfoneiro tinhoso
Que quando tocava um festão
Mantinha os bolso rasgado
Pras cunhâ por a mão
Retirar o lenço listrado
E só encontra diversão
Manezim de Arfredo encrontou
Cum uma caboca forgosa
O fogoió tava abrasado
Se encostou na gostosa
Mas na hora do leriado
Fartou na língua a prosa