Ze migué sujeito mandrião
Vizinho de um fazendeiro
Não conseguia dinheiro
Por não gostar do batente
Pensou numa solução
Aproveitando a ocasião
Que o vizinho estava ausente
Abriu então a cancela
Coisa de cabra malvado
Soltou a tropa de gado
Porem a sua intenção
Era fazer que o fazendeiro
Fizesse dele um herdeiro
De algum pedaço de chão
Pegou o melhor cavalo
E foi recolher o gado
Pôs de volta no cercado
Numa luta muito intensa
E agora era só esperar
E a sua herança ganhar
Em forma de recompensa
Trabalhou extenuado
Até amanhecer o dia
Debaixo de gritaria
Para chamar a atenção
Queria que todos notassem
E seus gestos aprovassem
E avisassem o patrão
E lá ficou esperando
O fazendeiro voltar
Pra sua história contar
E receber o seu naco
E quando o patrão chegou
Zé migué se aproximou
Do seu jeito puxa saco
Disse o seu gado fugiu
Eu não pude me isentar
Passei a pastorear
Um por um eu resgatei
Coloquei todos no cercado
Me sinto recompensado
Pelo suor que derramei
Respondeu o fazendeiro
Eu fico muito agradecido
Tu serás reconhecido
Pela forma destemida
Foi uma atitude arriscada
Lidar com essa manada
Arriscou a própria a vida
Em contato com a família
O fazendeiro reconheceu
Que o zé migué mereceu
Ser bem recompensado
Então resolveu lhe ajudar
Pois queria muito pagar
Pelo serviço prestado
Tenho terras preparadas
E todo tipo de semente
E um adubo excelente
Prontos para a plantação
Pode plantar a vontade
Na minha propriedade
Tu serás igual um irmão
Só que não era bem isso
Que o Zé Migué pretendia
No seu plano não incluía
Qualquer trabalho pesado
No mínimo um guardião
Pra ficar lá de plantão
Em algum banco sentado
Bastante desiludido
Zé migué então sumiu
Ninguém sabe ninguém viu
Aonde ele foi morar
Num bilhete estava escrito
Eu queria o peixe frito
Mas me mandaram pescar
E foi assim que surgiu
Mais esse velho ditado
Até hoje é muito usado
Não se pode botar fé
Em qualquer ocasião
Que aparecer um mandrião
Cuidado... lá vem Migué