VAMOS ESTICAR A CORDA
Jamais estiquem a corda
Deixem tudo como tá
Este general falou
Por não ter o que falar
O Brasil é uma corda
Não podemos suportar.
A corda quer esticar
Ouça bem meu coroné
Essa corda é tão grande
E ninguém vai dar no pé
Nossa corda representa
Gosto bom que tem café.
Cada copo tem a fé
Que nos faz se permitir
Estiquem a grande corda
Nem pense querer fugir
A luta das esticadas
Nós jamais vamos sumir.
A corda quer se partir
No país deu grande nó
General saiu correndo
Em consciência cotó
Povo sequer intimida
Do que vem não é pior.
Militares tem suor
Tanto mais que jaburus
Discriminando civis
Em corpos pros urubus
A corda mora distante
Mais longa que sururus.
Sendo Norte, sendo Sul
Ninguém quer a ditadura
Aquele louco provoca
Tão pequena criatura
Não sabe bem o que faz
Nessa profunda loucura.
A rua é a doçura
Nossa corda tem amor
Vamos esticar com calma
No poder vai dar pavor
O pobre com os problemas
Outroras acostumou.
Sabem do risco da dor
Continuam a sofrer
A classe média é fogo
Pensando que é poder
Sonha chegar a riqueza
E pobres não voltam ser.
Você talvez vá fazer
Sugere tal general
Ele pensa no dinheiro
E pra nós quer sempre mal
A corda meu coroné
É honra, não capital.
Militar tem hospital
Na saúde faz mistério
Tem vacina pela noite
Num terrível impropério
Dá declarações absurdas
Todas elas sem critério.
Caixões vão pro cemitério
A corda é esticada
Os pobres morrem de tédio
Denúncias não dão pra nada
Deputado senta bunda
Numa grande papelada.
Câmara desconfiada
É esse maior tormento
Uns se vendem por tão pouco
Outros fazem o lamento
Senado tem tanta grana
Pra criar seu movimento.
Haja tanto sofrimento
Causando só aflição
Vem chegando general
Daquela repartição
Envio das ameaças
Pra todo ser cidadão.
Nossa corda tem paixão
Meu bom povo bem ordeiro
Voz do povo é de Deus
No governo passageiro
Vamos desatar o nó
Estimado brasileiro.
Quem luta é baderneiro
Me disse farta milícia
O poder se desgastando
Surgindo força fictícia
Nos faltando segurança
Dão pros ricos, a polícia.
No governo da malícia
Pirâmides enriquecem
Economia burguesa
Outros entes empobrecem
Tentamos o que fazer
As cordas nos fortalecem.
Populações entristecem
Tudo fica bem estranho
Corrupção virou foi moda
É como se tomar banho
Tem uma corda comprida
Lá vem o povo castanho.
Vamos tanger o rebanho
Voltarmos a ser feliz
Construindo novo tempo
A corda tem lá um xis
Marcado com nosso canto
Na voz que conduz Elis.
Todo povo sempre quis
Alegria sem ter medo
Estudar para saber
Escritos do bom enredo
Brasil precisa de paz
Isto jaz nenhum segredo.
Eles pensam que é cedo
Mas é chegada tal hora
As nossas armas são livros
Precisamos sair agora
Não podemos mais viver
Nosso filho é que chora.
Quem pensa quer ir embora
Principalmente meu pobre
Sem espaço pra viver
Sofre povo que é nobre
Sai procurando nas ruas
Um quilo de puro cobre.
Não tem comida que sobre
As quais nem virão pros pratos
A corda perdendo força
Passeatas fazem tratos
Generais cumprem acordos
Coronéis testam contratos.
Contas perdem seus extratos
Este banco levou renda
Negro proibido fazer
Nos terreiros, oferenda
Nossa dança ganhou corda
Militar você aprenda.
Não tem o trigo na venda
Perde-se todo salário
A boquinha vai crescendo
Para cabo sedentário
Capitão doma comando
Pro bando sexagenário.
Um crápula mandatário
Se torna mais populista
Enriquece burguesia
Mata fuzil ativista
Ele gosta de dá corda
Pedala como ciclista.
Sem apoio, bom artista
Não tem espaço na lei
Vivendo fazendo bico
Digo porque já passei
As amarguras do tempo
Eu vivo só enfrentei.
A corda nunca deixei
Coroné tem a vacina
Aplique neste seu braço
Gritava bela menina
Nestas manifestações
O ódio se contamina.
Nada no poder ensina
Apenas a grande corda
Não vá tentar esticar
Este general acorda
Vai te processar ligeiro
Esborrando tua borda.
Nós comemos até sorda
Tudo que nos atrapalha
Corda precisa de gente
Unidos numa só malha
Vencendo grande poder
Considerado canalha.
O bom atleta não falha
Não tem nem a preferência
Arrisca-se motoqueiro
Em si tanta paciência
Subindo ruas da vida
Maldiz ter inteligência.
Tenhamos a consciência
Tal ilustre condutor
Jamais estiquem a corda
Só serve para doutor
A morte da classe pobre
O vilão nem evitou.
Estiquem sim, com amor
E chega de ter pilhéria
O país está no caos
E cresce toda bactéria
Generais são conluio
Nesta tão vasta miséria.