MINHA HERANÇA EM CORDEL
Minha herança na Arte Popular
brotou como uma flor, rente ao chão
de terra solta e ardente,
lá pras bandas do Sertão
foi no Sítio Palanqueta, mais precisamente,
um vilarejo da região
Onde minha avó, Anália Bezerra,
Mestra do Guerreiro Estrela Guia,
criadora de embaixada
se enfeitava em brilho e alegria,
com seus amigos marchava
numa grande euforia
Munidos de pandeiros, pífano, sanfona
e o apito, com Anália, dava a largada
trazendo pra população
com suas cantigas rimadas,
do Natal ao São João,
festa alegre e animada
Minha mãe horando sua ancestral
cresceu e espalhou a semente
ensinando dos folguedos, a herança
das cores, das músicas, a vertente
e foi em busca de segurança
sempre seguindo em frente
Empenhou-se com mais vontade,
cursando Formação do Ator
reencontrou sua verdade
em transmitir todo valor
aprendido em tenra idade
e o representar com louvor
Mas o desejo de ir além
nunca a deixou descansar
para ingressar na Faculdade
prestou o vestibular
e assim matar a saudade,
de aprender e ensinar
Teatro Licenciatura, seria uma professora
o que lhe daria o motivo
de trabalhar e estar feliz
repassando conhecimento, ativo
tudo que em aula se diz,
depois de passado em crivo
Muito criança fui envolvida
das Artes participar,
minha mãe me incentivava
em concursos publicar
ela sempre me apoiava
escrever, cantar, dançar
fosse através de rimas
poemas de belas estrofes, de poeta secular,
declamados com doçura ou euforia
fazendo o publico sonhar…
mas o que me causa alegria
é ver, o olho de minha mãe brilhar…
Quando vestida de Velho vaqueiro
Maria Pitombeira, a Mãe de Cancão de Fogo
Sagrada Diana, no pastoril
ou ainda em Tartufo, no Prólogo,
representando the masked devil
tudo era começo, não Epílogo
e assim eu cresci vivendo
em meio as apresentações,
no palco da sala branca
Antiga Sala Preta, presenciando emoções
pois a Arte ninguém desbanca...
ela arrasta multidões…
No teatro, no palco ou nas coxias
minha mãe me acompanhava
pro Teatro Deodoro, ou Centro de Convenções
Jofre Soares ou Sesi, ela sempre lá estava
não havia distinções
aonde quer que eu fosse ela me acompanhava
Cantando desde Mozart a taieira
vestida no filé da Barra, lá do Pontal
Mulher Rendeira, dançando
exercício musical
com a Orquestra de Tambores, cantando
e minha filha aplaudindo, uma emoção sem igual
Saudando todos os cantares
e de Deus O Grande Poder
vestida em Palha da Costa
para ao Grande Omulu, graças render
iniciando a dança, que o Orixá mais gosta
vestida em saia rodada, para a roda refazer
Recebi como herança, a Arte
pois nunca fui deserdada,
os cordões Azul e Encarnado
sendo do pastoril, a Diana consagrada
aquela que levanta o brado:
Não tenho partido, fico com a criançada.
Porque a Vida É Bonita
não dá pra dizer que não
coberta de fita ou molambo
no meio da multidão
num palácio ou num mocambo
o que vale é a diversão.