SOBREVIVER, EIS A QUESTÃO
Meu folheto popular
Feito pela consciência
Poeta refaz o verso
Na criação da ciência
Nessas rimas impregnadas
Louva tua paciência.
Povo tem inteligência
Vive rentabilidade
É cidadão desse tempo
Dentro da sociedade
Muitas vezes consegue
Dar solidariedade.
No mundo realidade
Há congestionamento
Buracos pelas vielas
Fazem nosso calçamento
Os cofres vivem nas casas
É o banco do momento.
Moram num apartamento
Em condomínios fechados
Outros em grandes setores
Só desprivilegiados
Condôminos tão seguros
Nós outros, despreparados.
Os bairros desajustados
Tantas associações
Civis com os militares
Variadas profissões
Seres vão sobrevivendo
Nessas civilizações.
Exemplos dessas Nações
Nesses temas se refletem
Nativos uma só gente
Os erros só se repetem
Seres egoístas, sim
Uns nus, outros bem se vestem.
Os impostos mal investem
Humanos nesse pavor
Farmácias e drogarias
Nessas, a morte deixou
Drogas que matam doentes
Dar proteção pro doutor.
Comunidade terror
Moradores atuantes
Por vezes numa pobreza
Noutras são sonhos errantes
A população se perde
Muitos nas cartomantes.
Passageiros são calmantes
Nessa grande lotação
Sentar é questão de luxo
Em pé sofre multidão
Tantos querendo libido
No pensar depravação.
Da cultura faz ação
Nesse campo social
Somam-se tantas riquezas
Num tal país tropical
Governantes disputam
Seu mísero capital.
No Brasil Ocidental
Governo cria pedágio
Classe rica no domínio
Maléficos em contágio
Na luta à moradia
Precisa-se ter estágio.
Reivindicar é um plágio
Apoia militarismo
Várias greves produzidas
Resultam num ostracismo
Nas idas ao trabalho
Faz tão frágil moralismo.
Morrer imperialismo
Viventes são sacrifícios
Pedintes naquelas ruas
Causando-lhe malefícios
Desemprego nos assusta
Mostrando seus artifícios.
Nos casarões, edifícios
Vendagens ganham herdeiros
Religião que é laica
Quer fechar nossos Terreiros
O toque dos atabaques
É sangue dos brasileiros.
Morrendo tantos coveiros
Que não sabem que é gruta
Os patrões desprezam, sim
Usando da força bruta
Encurralando mendigos
Que vivem querendo fruta.
Morando fazendo truta
Apelam pra todo santo
Cobrem o rosto sangrado
Não podem tirar o manto
Ficam todos melancólicos
Defendendo simples canto.
Tantas pessoas no pranto
Que pensam num só milagre
Falta das informações
Faz o cabeça de bagre
O poder corrompe seres
Porque tem quem o consagre.
Saboreando vinagre
Verdadeiros desatinos
Sem perspectiva nenhuma
Sofrem meninas, meninos
Na caminhada lutando
Efetivando destinos.
Dão risada vis cretinos
Estado tá impossível
Lugarejos expulsam
Dentro do medo terrível
Quem fica vem isolando
Naquele ser invisível.
Direito é concebível
Atropela bom poder
Governo quer gastar pouco
E não fazer seu dever
Negando guarida, sim
Viver é ir perecer.
Foi complicado saber
Essa conta desgraçada
Capitalismo maltrata
Na luta petrificada
Ter qualidade de vida
Cidadania tirada.
Face racista mudada
Aplaude falsa mensagem
Doença nos alastrando
E vão por toda rodagem
Espalham pelo caminho
Má pandêmica folhagem.
Nesse capital selvagem
Os bebês sem mamadeira
Famílias em desespero
Desconhecem macaxeira
Faltam-lhes comida básica
Nessa Pátria brasileira.
Nossa paz é estrangeira
Perde-se no tal horário
Trabalho é sucumbido
Pois, falta-lhes bom plenário
Felizes nesta cidade
Quem desfruta do salário.
Modesto, bom operário
Polivalente, decente
Andando sem encontrar
O que faz ser indigente
Lugares abarrotados
Se ganha só aguardente.
Um poder intransigente
Criando tanto conflito
O pobre sofrendo dores
Jogadores num aflito
Nem o joelho consegue
Fazer ele ficar flito.
Nisto tudo me reflito
Qual bússola que vivemos?
Teto faltando no lar
Profundamente morremos?
Quando nós vamos gritar
A bela frase: - Vencemos?
Logo mais envelhecemos
Negociam adultérios
Entram naquele buraco
Faltam muitos critérios
Olhares já bem cansados
Visitando cemitérios.
Essas razões dos mistérios
Naquele caixão pequeno
A brutalidade cresce
O pão completo veneno
Os deveres expurgados
Na Lei das Terras, enceno.
No mortífero sereno
Raízes exploradoras
Sobreviver? Que fazer?
As forças trabalhadoras
Saindo com suas bandeiras
Com as mágoas vingadoras!
Os doutores, as doutoras
Gozando desses horrores
Contaminam nossa luta
Ficam, enfim, dissabores
Em grandes templos erguidos
Falsos guias e pastores.
Sobreviver com as dores
Pintamos belo pincel
A Paraíba faz cena
No Nordeste Menestrel
Nas aquarelas dos versos
Eis aqui nosso Cordel.