A LENDA DO PIRARUCU
01
Lá na tribo dos Uaiás
Surgiu a lenda do Norte
Quando um dos filhos do chefe,
Pirarucu, índio forte,
Por causa do seu caráter,
Viveu uma triste sorte.
02
Pai do moço, Pindarô,
Homem de muita bondade,
Viu que o filho não herdara
A citada qualidade,
Tinha mesmo era arrogância,
Grande egoísmo e vaidade.
03
Sempre o jovem se gabava
Por ser valente e robusto,
Reclamava até dos deuses,
Agia mal, sempre injusto,
Queria se promover
No lugar, a todo custo.
04
Enquanto o pai visitava
As tribos da cercania,
Certa vez, ele prendeu
Uns índios da sua etnia
E matou sem ter motivo,
Só mesmo por tirania.
05
O deus maioral, Tupã,
Em razão da violência,
Perdeu de vez com o jovem
Toda a sua paciência:
Aplicou, com outros deuses,
Merecida penitência.
06
Enquanto estava pescando,
Vieram vento e torrente,
Mas ele não se abalou,
Era um índio resistente,
Ainda zombou dos deuses
De forma grossa, insolente.
07
Polo e Lururaruaçu
Cumpriram o seu dever,
Entretanto, foi preciso
Mais um deus aparecer
Para dar uma lição,
O problema resolver.
08
Tupã chamou Xandoré,
Um deus que odiava humanos
Que, com raios e trovões,
Punia os atos insanos
Daquele que não detinha
A ternura nos seus planos.
09
Ele tentou escapar
Ao perceber o perigo,
Procurou, despesperado,
Encontrar algum abrigo,
Contudo, um golpe certeiro
Consumou o seu castigo.
10
Um dos raios penetrou
No meio do coração,
Nem assim se arrependeu
De toda a malcriação,
Não deixou de lado a zanga,
Tampouco pediu perdão.
11
A maldição foi lançada
Sobre o soberbo rapaz:
Por ele não ter morrido,
Tupã foi muito sagaz,
Tirou seus braços e pernas,
Criando um quase incapaz.
12
Os outros índios disseram
Depois de tanta diabrura
Que ele, transformado em peixe
Escamado, cor escura
E de tons avermelhados
Do rio fez a clausura.
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* Adaptação de uma das versões da lenda.