SERRAR O VELHO OU AS PRESEPADAS DO MAURÍCIO
Vou dar início ao enredo
Se errar logo me corrija
Este Drama tão Brincante
Na Terra que tem botija
Aqui nesta Paraíba
O Cordel traz lá de riba
Urgente que se redija.
Meu nobre amigo Maurício
Mesquita seu sobrenome
Sonoplasta Tabajara
Boa música consome
Me contou uma presepada
Desta sua terra amada
Cabedelo é seu nome.
Naquela bela cidade
O Maurício viveu infância
Nos muros do cemitério
O medo tinha elegância
Coitado do Homem do Pão
Sexta-Feira da Paixão
Quase vai numa ambulância.
Foram tantas as histórias
Que este meu cabra viveu
Parceiros na madrugada
Olhem o que aconteceu
Numa Quarta-Feira Santa
De contar ele se encanta
Com gente que até morreu.
Acreditem se quiser
Nesta tão famosa história
Título: Serrar o Velho
Tão viva em sua memória
Na casa de um escolhido
Havia grito, gemido
Tome ato de escapatória.
Na frente daquela casa
A cova com uma cruz
Batendo na grande lata
Onde o terror se conduz
O nome de qualquer Velho
Distante dum Evangelho
Pregava o nome Jesus.
Com o Serrote na mão
Madeira para serrar
Eles davam a carreira
Quando fossem aprontar
Maurício foi bagunceiro
Um moleque arruaceiro
Tão somente amedrontar.
Ele contador dos fatos
Praticados na Cidade
Pra risada não ter fim
Daquela ingênua maldade
Serrar Velho é Folclore
Mesmo que nos apavore
Pros meninos, Liberdade!
Maurício tem lá seu jeito
Rindo do acontecimento
Aprontando em dias Santos
Leu muito Testamento
Até pro dito prefeito
Mesmo dispondo respeito
Partiu para o lamento.
Serrar o Velho, lembrado
Pelos simples habitantes
A peripécia Infantil
Contada aos visitantes
Nas ondas de uma charanga
Quem soube, logo se zanga
Por não prender os errantes.
Quem escuta dá risada
Anedotas do Maurício
Fazer o povo ter medo
Já causando malefício
Cabedelo se recorda
A notícia se transborda
Mesmo não tendo comício.
Nesta Cidade Portuária
Molecada tinha vez
Fazendo tantas asneiras
Tanto velho foi freguês
Sendo acordado na noite
Saía dando um açoite
Sem nada de ser cortês.
O ato contribuiu
Nesta farta animação
Sem saber qual importância
Lá na frente a falação
Esta do serrar velhotes
Feita por estes frangotes
No temas da Tradição.
Maurício tanto aprontou
Que traz a delicadeza
Lembra de cada detalhe
Narrativa de riqueza
Mestre das recordações
Das muitas emoções
E das Artes com pureza.
Ser menino é assim
Um vivente merecido
Com gente de suas lidas
Um ente bem protegido
Brincando de fazer medo
Desvendando só segredo
Daquele que tem sofrido.
Maurício com sua turma
No lugar que lhe criou
Sempre pós a meia noite
Um despacho ele encontrou
Com jeito, com esperteza
Beberam na malvadeza
Com galo que já cantou.
Serrar Velho é história
Merece boa paisagem
Cabedelo, grande palco
Desta sensata miragem
Discutida até no Rádio
E divulgada no Estádio
Nas ondas dessa mensagem.
Maurício Cabra de Peia
Expressou Bendita Madre
Espalhando pelos campos
Na Igreja do Santo Padre
Foi a fofoca tão sem fim
Falou o Velho Joaquim
De todos o bom Compadre.
A turma toda animada
Pensando na grande festa
Preparava dias antes
E ninguém ali contesta
Beata já bem velhinha
Acendiam a velinha
Com cruz pintada na testa.
Juiz querendo pegar
Pagando tamanho mico
Acordado ali na sala
Nem sequer abriu o bico
Mas os meninos artistas
Foram ilusionistas
Para enganar qualquer rico.
O assunto de Cabedelo
Virou caso de polícia
A brincadeira foi tanta
Mesmo não tendo malícia
Maurício foi comandante
A batucada elegante
Naquela visão fictícia.
Serrar Velho é questão
Manifestar brincadeiras
Era somente risadas
Ultrapassando as trincheiras
Brincaram sem prejuízo
Porque era mesmo preciso
Recuar dessas peixeiras.
Toda ação tem seu retorno
E revolta surgiu
Assombraram viajante
Tripulante de um navio
O marujo bem perdido
Achando-se sem sentido
Gritou, depois sumiu.
Cabedelo em tempos idos
Viveu este grande mistério
Almas penadas gritando
Naquele tal cemitério
Maurício com a mortalha
O terror todo se espalha
Mas com muito critério.
Nas festanças populares
Este era o santo remédio
Saíam pela cidade
Acabando todo tédio
Não sinta ódio, não vá
Isto pode até passar
Nos dramas de puro assédio.
Em Cabedelo se ver
O que ele vivenciara
Com instrumentos nas mãos
As mortes anunciara
Nas portas de tanta gente
Rezava em pleno batente
Logo adiante dispara.
Imaginação guri
É coisa que dá um breque
Criando qualquer espécie
E depois tomam pileque
Ao zombar doutro mundo
Nem ato de vagabundo
Portanto, ação de moleque.
Este assunto satisfaz
Muito porém me acalma
Com paciência divina
Bendita seja Vossa Alma
Maurício foi responsável
Levando de forma amável
Escritos na sua palma.
O Serrar o Velho tem
Dita cura pela sonda
O Maurício se recorda
E todo falar se estronda
Lembrando de tanto rolo
Naquele tempo de tolo
Onde o passeio lhe ronda.
O Maurício grande líder
Para ele sobrava o bife
Na bagunçada da turma
Tinha até famoso pife
Tocado por um rapaz
Tido como um satanás
Todo mundo era patife.
Assim meu lúdico amigo
Que Ternura, tanto Encanto
Vivendo contando causo
Que nos causa louco espanto
Cabedelo com seu porto
Ouve da boca do morto
Que voltaria pro santo.
Este Cordel Brasileiro
Maurício logo agradece
Por esta trama arretada
Que ninguém não se aborrece
Histórias que são vividas
A escrita tem as guaridas
E pro leitor oferece.