O CÃO POR DENTRO DO MATO

O CÃO POR DENTRO DO MATO

Miguezim de Princesa

I

Um diabo chamado Lázaro,

Que de uma vez matou quatro,

Baleou três no caminho,

Pisa em espinho sem sapato,

Agora está conhecido

Como o Cão Dentro do Mato.

II

Tanto faz dentro do mato

Como dentro da cidade,

O sujeito é violento

E repleto de maldade,

Já roubou e estuprou,

Mas estava em liberdade.

III

Sem ter dó nem piedade,

Dizimou uma família

Matou os pais e dois filhos

Numa cidade de Brasília,

Porque queria roubar

Umas peças de mobília.

IV

Lázaro fugiu pra Goiás,

Se escondeu no matagal,

Atirou em chacareiros,

Deixou três passando mal,

Derrubou quatro cancelas

Com uma força descomunal.

V

Juntaram cinco polícias

Numa grande perseguição,

Num sítio de Cocalzinho,

Perto de um pé de açafrão,

O bandido se “invurtou”,

Transformado num tição.

VI

Ele prossegue fugindo

Dos cercos policiais,

Da PM e da Civil

De Brasília e de Goiás,

Já comeu cocô de vaca,

Bebeu sangue de animais.

VII

Contam que em Cocalzinho,

Numa touceira de capim,

Para escapar das polícias,

O bandido, muito ruim,

Soltou um cheiro de enxofre

E se virou num cupim.

VIII

Numa chácara abandonada,

Ele se escondeu ligeiro,

Passou a noite grunhindo

Com olhos de fogareiro,

De manhã só havia ossos

Espalhados num chiqueiro.

IX

Disse uma velha rezadeira,

Que se criou no Sertão,

Que Lázaro desaparece

No meio da escuridão,

Porque ele certamente

Tem parte com o Cramunhão.

X

O delegado Miranda

E o coronel Tonhão

Mandaram benzer uma bala

Na Igreja de Catalão

Pra meter no rabo dele

Daqui para o São João.

Miguezim de Princesa
Enviado por Miguezim de Princesa em 16/06/2021
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