A CONSUMIÇÃO DO CAIPIRA
Cumpade tu te aprochegue
Entra aqui vamo conversá
Escuite só uma coisa
Que eu tenho pra te contá
Pegue um banquinho e se assenta
Pra mode nós prozeá
Eu tive dando umas vorta
La pras banda da cidade
Mas vortei diziludido
Com aquela realidade
parecia um formigueiro
Coisa feia é barbaridade
Os povo não se arrespeita
Todo mundo anda apressado
La tem mais carro que gente
Tudo novinho importado
Mas o povo não é feliz
É um povo acabrunhado
Carroça não puxa mandioca
Nem tem roda de madeira
As roda são de artomóve
Coisa feia de terceira
E as carga que eles puxa
Só coisa véia tranquera
O rio que corta a cidade
É puro óio queimado
La não tem mais peixe vivo
Só ví uns morto boiado
Já não tem mais saracura
Andando pelos banhado
Peneu véio de caminhão
Mesa véia e inté cadeira
Saco de lixo e latinha
Bicicreta e geladera
São jogado la no rio
Entuiando as corredeira
Por isso que cando chove
E facinho de dá enchente
Dize que cobra e inté rato
Invade as casa dos vivente
Espaiando aquela doença
Que ataca os figo da gente
La não tem mais criação
Não tem porco nem galinha
Diz que agora é proibido
diz que incomoda as visinha
Só que os cachorro de lá
Usam pra brigá nas rinha
Em todo canto da cidade
Tem muito zoios espiando
Eles vê o que nois fais
vê inté a gente mijando
Diz que pra predê bandido
Mas nois tumem ta passando
Tô procupado cumpade
pois do geito que a coisa tá
Essa chugeira dos inferno
Um dia ainda vem pra cá
pra acabá com meu sussego
não sei se vou aguentá
Ja tô cuma certa idade
E é aqui que fui criado
Não troco essa vida na roça
Por todos carro importado
Quero acabá os meu dia
Sentindo o cheiro do gado
Pruquê o pogresso ité é bão
A ele eu ja recorri
Em caso de doença braba
A gente tem que adimití
que o pogresso é bão demais
ele la e eu aqui
FIM