A HISTÓRIA DE MELANCIA
Agora vou contar um história
Que acompanhei lá no sertão
Sendo que o protagonista
É um dos meus irmãos
De apelido Melancia
Que fez viagem só de ida
Prus confins da escuridão.
Pelo nome de José Edimilson
Ninguém lhe conhecia
Por causa do cabeção
Lhe chamavam de Melancia
Todo mundo da cidade
Exceto sua família.
Na Banca Confiança
Jogo do bicho ele vendia
De bicicleta Pelo o Teixeira
Durante a maior parte do dia
E cum dinheiro que ganhava
Melancia ajudava em casa
Com as feiras que fazia.
Mesmo sem amigos, Melancia
Era conhecido pela população
O trabalho de bicheiro
Lhe afastava da solidão
Aproximando-lhe dos clientes
Que o tratava de bom coração.
Sem beber e sem fumar
Melancia era um ser reto
Assíduo na vida e no trabalho
Tinha um comportar discreto
Andava o dia pela cidade
Interagia com pessoas de idade
Sem linguajar peripatético.
Por onde Melancia passava
O povo parecia lhe adorar
Apesar do seu jeito sério
E do apelido singular
Ele impunha mui respeito
Em que faziam lhe apelidar.
Ao invés de Melancia se ofendera
Aceitava de forma natural
O apelido que lhe deram
Devido a cabeça colossal
Que já chamava atenção
Desde quando ele era bebezão
E de boné passava mal.
José Edimilson Martins de Oliveira
Nome completo de batismo
Católico por influência dos pais
Melancia tinha o catecismo
Apesar não ir mais pra igreja
Ele cultivava o seu civismo.
Ele só trabalhava de boné
Na sua monark vermelha
Pedalando de uniforme
Pelas as ruas do Teixeira
Levando sempre consigo
O bloco do jogo do bicho
No bolso da camiseta.
Logo após o trabalho Melancia
Perto da noite voltava pra casa
Cansado e bem sério
Além da cara avermelhada
Trazendo bolos e pães
A família toda devorava.
Melancia era o irmão mais velho
Dentre aqueles três da família
S'alguém precisasse de roupas
Ele ia na loja que as vendia
Seja a vista ou fiado
Vestes deixavam-nos animados
Estas compradas por Melancia.
Ele tinha uma relação harmônica
Com a família e todo mundo
Nessa época não conheci nada
Que o deixasse furibundo
Apesar de só vê-lo sério
Sem dá sinais de jocundo.
Apesar do seu jeito sério
Melancia não era de mimimi
Enquanto muitos da sua idade
Só sabiam dormir
Melancia era o contrário
Labutava no meio comunitário
Até suas forças se exaurir.
Com o dinheiro que ganhava
Melancia se vestia muito bem
Comprava roupas de marca
Que custava um bom vintém
Sem deixar faltar grana
Pra ajudar em casa também.
O meu pai bebia vez e outra
De grana era descontrolado
Quando o fim mês chegava
Pagamentos ficava atrasado
Estes Melancia quitava
O nome de pai se limpava
Ficando nós tranquilizado.
Meu pai trabalhava de segurança
Na EMBRAPA Patoense
Minha mãe: dona de casa
Da nossa morada Teixeirense
Seus filhos: corintianos
Que odiava os palmeirenses.
Com o salário do meu pai
Ele fazia grandes feiras
No fim do mês eu o via
Subindo a ladeira;
Voltando pra casa de jumento
Na caçamba os alimento
Graças a sua empreita.
Mas só que de tão comilona
A prole devorava tudinho
Antes de acabar o mês
Não restava um tiquinho
De qualquer comida
Tornando a casa um desalinho.
Nessas horas como um anjo
Do céu Melancia surgia
Escrevia no papel
Tudo que nós lhe pedia
Depois ele saia de casa
Horas depois voltava
Com as compras que fazia.
Uma fase difícil que passamos
Foi quando Pai perdeu o emprego
Pra manter a prole alimentada
Trabalhou de carroceiro
Debaixo do sol quente
Onde passava o dia inteiro.
Um tambor d’água que Pai enchia
Ele vendia por sete conto
De tão barato que era
Ninguém pedia desconto
Além de água vendia barro
No dia frio ou ensolarado
Ele labutava até com sono.
Pai trabalhava mais que o Jegue
Só que não era suficiente
Pra pagar as contas de casa
Que fodia o rabo da gente
Sem dinheiro pra nos criar
Suplicou ao Deus Potente.
Disfarçado de Melancia Deus surgiu
Dando conta de quase tudo
Papel de água e energia
Pagava em valor absoluto
Naquela fase de languidez
Quando vinha o fim do mês
Ele arcava com quase tudo.
Com o tempo felizmente
Tudo voltou a melhorar
Ajudado pelo meu tio
Pai voltou a trabalhar
De segurança na EMBRAPA
Voltando tudo a melhorar.
Porém Melancia encarnou
A angústia do poeta
Clamando por algo melhor
Do que a sua bicicleta
Dizendo para Pai
“bike não dá mais
Preciso d’uma motocicleta.”
Havia na época um tipo de moto
E esta tinha o nome de biz
Ligeira, eficaz e econômica
E já tinha várias pelo país
Nela Melancia queria trabalhar
Isso levou Pai a comprar
La na loja uma motinha blue
Sorrindo Melancia montou nela
Orgulhoso acelerou como fera
Na linda tarde de céu azul.
Meu pai tinha parcelado a biz
Assim sendo em várias prestação
Ralou pra pagar a entrada, só que
Tinha orgulho do meu irmão
Isso fez Pai se alegrar
Na moto vendo seu filho trabalhar
Sem que fosse no bicicletão.
Melancia com sua Honda Biz
Trabalhava pela cidade
Com a obtenção da moto
Demonstrava felicidade
Como se aquele novo bem
Lhe trouxesse jovialidade.
Quando pai e mãe precisava
Melancia lhes dava atenção
Levava-os pra qualquer lugar
Causando-lhes satisfação
Além de usar ela pra trabalhar
Levava pai e mãe pra passear
E também os seus irmãos.
As vezes eu subia na biz
E ele ligava o motor
Pelas ruas passeávamos
Tendo Lua como imperador
Eu voltava transformado
Repleto de bom humor.
Uma vez ele me levou
Pra uma viagem pelo campo
Conheci Poço, Riacho Verde
Lugares verdes e escampo
O que senti nessa viagem
Pelos lugares e paisagens
Era muito mais que brando.
Quando ele chegava em casa
Com nossa mãe na garupa
Ela sorria de contentamento
Após um dia de labuta
Que tivera no sítio
Fazendo as obrigação sua.
Certa vez lá em casa
Levei um grave acidente
Sofri um corte na cabeça
Ele ágil rapidamente
Melancia me pôs na garupa
Acelerando a motinha sua
Chegamos no hospital de repente.
Levei quatro pontos na cabeça
Melancia me trouxe pra casa
A única coisa que eu sentia
Era a bunda anesteciada
Foi graças ao meu irmão
Que o fim me tranquilizava.
Melancia tinha mais zelo pela moto
Do que pela própria aparência
Era comum vê-lo no Açude Novo
Realizando a experiência
De passar cera na motinha
Até deixa-la bem bonitinha
Irradiando luminescência.
Ele comtemplava a sua biz
Como uma obra de arte
Cuidava tanto dela
Que ouvia bons aparte
Como: “Essa tua biz brilha
Como o sol que nasce.”
Por ela Melancia nutria carinho
Conservando nela a beleza
Lavando-a e polindo-a
Até enchê-la de viveza
O ciúme dele equivalia
Ao mesmo que o Otelo nutria
Pela a sua amada duquesa.
Trabalhando com sua biz
Melancia era mais produtivo
Se deslocando com agilidade
Vendia mais jogo do bicho
Cuja posse da moto
Causava um capricho.
As pessoas que tinham moto
Formavam um grupo social
Melancia encontrou o seu
Após obter o bem material
Na companhia dos novos amigos
Fazer rolê nos dias domingos
Tornou uma prática fundamental.
Os meus pais reprovaram e muito
Quando ele começou a fumar
Quando mãe o via com cigarros
Quebrava-os e lançavam no ar
Dizendo que sentia muita vergonha
Quando via seu filho fumar.
Quando Melancia levou seus amigos
Pra farrear na nossa residência
Ele pôs uma mesa em frente de casa
Com comidas cheias de suculência
Peixe cozido e feijoada
Bebias alcoólicas e churrascada
Dando uma grande experiencia.
A fumaça do churrasco subia
Neblinando a noite iluminada
Junto com as comidas quentes
Um bom cheiro irradiava
Naquele clima de unção
Uns com os outros conversava.
Um amigo de Melancia tinha trago uma tv
De mais de trinta polegada
Que conectada ao DVD
Ficava na calçada de casa
Ecoando músicas de forró
Naquele canto do seridó
Onde o êxtase pulsava.
Na rua havia uma fileira
De motos, biz e motocicletas
Umas bonitas e outras feias
Com a de Melancia entre elas
Como se as outras fossem vassalos
Da dele qu’era a donzela.
Cada uma daquelas motos
Era de um dos seus camaradas
Que ganhavam a vida
Fazendo viajadas
Vendendo lençóis e redes
A moto era o transporte deles
Que usava nas labutada.
tempos depois Melancia
Largou o trampo de bicheiro
Devido ao novo trabalho
Ao lado dos companheiro
Iniciando a sua odisseia
Pelo o mundo sertanejo.
Ele passava umas três semanas
Viajando pelo sertão ensolarado
Tabira, Vista Serrana
Bom Sossego e Curral Queimado
Eram exemplos de Municípios
Que Melancia e seus amigos
Desbravava um bocado.
Quando voltava de viagem
Melancia parava na residência
Depois ele com seus amigos
Desfrutava da experiência
De farrear pelos bares
Sendo na praça de preferência.
Logo quando ele chegou
Eu tava comendo feijão
Até que o prato caiu da mesa
Se espatifando no chão
E ele mandou eu limpar
Acatei a ordem sem hesitar
Deixei tudo bem limpão.
Na mesma hora enchi o prato
E fui me sentar na mesa
Até que o derrubei de novo
E levei um tapa da cabeça
Esta dada por melancia
Que assumiu expressão fria
E fez um ato de bruteza.
Ele pegou um cabo de vassoura
E começou a me espancar
Quanto mais ele me batia
Mais o cancão fazia piar
Esguio e Litlle como eu era
não tinha forças pra revidar.
Corri ligeiro pru banheiro
Lá a situação se agravou
Levei cassetada nas costas
Só chorei de muita dor
Eu gemendo estirado no chão
Melancia possuído pelo cão
Me bateu com desamor.
Mais tarde meus pais chegaram
E lhes relatei o acontecimento
Só que eles nem me ouviram
Nem demonstraram sentimento
Só deram razão a Melancia
Que me feriu por dentro.
Fiquei com tanta raiva
Que planejei matar Melancia
Decidi que realizaria o ato
Enquanto ele dormia
Peguei uma faca e a escondi
Mas na madrugada nada fiz
Tomado pela a covardia.
Peguei uma camisa dele
Que era da marca maresia
Rasguei-la com as próprias mãos
Destilando o que sentia
Raiva por aquele verme
Que agiu com selvageria.
Uns dias depois ele saiu na biz
E voltou sem a motocicleta
Disse a Pai e a Mãe
“Na blitz ela foi pega
Por eu não ter habilitação
Que me dá a permissão
De dirigir livremente ela.”
Como ele a conseguiu de volta não sei
Só sei que a conseguiu
Passado uns dias foi trabalhar
Do Teixeira partiu
Só retornando pra casa
Quando a viagem concluiu.
Nesse tempo um amigo meu
Tinha furtado uns garrafão
E foram disser pra Melancia
Que também foi o seu irmão
Esse irmão dele sendo eu
Que nas garras dele sofreu
Sob muita pressão.
Melancia cum pedaço de pau
Começou a me ameaçar
Dizendo:”Me dê os garrafão
Senão suas pernas irei quebrar!”
Respondia-lhe:”sou inocente
Não tenho nada pra falar...”
Sem acreditar em mim
Melancia começou me batendo
Até surgir mancha nas canelas
E elas ficaram ardendo
S’eu num tivesse ideia
Ele lascaria minhas canela
Me deixando nada portento.
Pedi para que Melancia
Fosse até o meu amigo
Ele foi mas fez questão
De me levar consigo
Vimos o Daniel na rua
E desci da moto do imigo.
Melancia conversava com ele
Enquanto eu estava aflito
Observando distante os dois
Não enxerguei conflito
Até que ele veio até mim
Disse: “Vamos pra casa enfim
Está tudo resolvido.”
Quando Melancia vinha de viagem
Tornou comum vê-lo jogar
Junto com seus amigos
Perto da igreja que tem lá
Baralho ou dominó
Onde eles faziam apostar.
Quando eu passava nesse local
Melancia tava numa mesa circular
Cum bolo de grana em cima dela
Além dos seus amigos estar
Sentados envolta dela
Segurando cartas ou peças
Apostando pra ganhar.
Uma vez eu passei na feira
E vi Melancia jogando bzó
Que por ser um jogo de azar
Era diferente do dominó
Presenciar ele perdendo
Me fez sentir muita dó.
Quando o copo era levantado
E os dados revelado
Melancia se agoniava
Como sendo sufocado
Eu pude ver naquilo
Meu irmão ficando liso
E também aperreado.
Melancia tirou moedas do bolso
Sendo todas de um real
Aquilo que tinha restado
Parecia o ato final
Ele me levou lá na roleta
Onde vi algo surreal.
Ele apostou as moedas no burro
A roleta começou a girar
Quanto mais o tempo passava
Mais ansioso ele parecia ficar
O giro começou a diminuir
Ela parou e Melancia ali
Começou a comemorar.
Muito mais do que tinha perdido
Ali ele tinha ganho
Só que ao invés de continuar
Pegou o lucro de bom tamanho
E foi até o frigorífico
Onde comprou bem muito lanho.
Tempos depois vi ele discutindo
Com o meu pai no corredor
Senti uma apreensão crescente
Como a sombra quando o sol se pô
Ele gritou: “Dela eu preciso
Vou levar a biz comigo
Seja lá pra onde eu for.”
O meu pai levantou a voz:
“Você num vai andar nela não!
Pois a polícia vai te prender
Já que tu num tem habilitação
As multas dela irei pagar
Após vendê-la num leilão”.
Melancia exclamou:
“Preciso da habilitação!
Pois com esse documento
Ela nunca vai pra prisão
Só que pai dizia:
“Minha carteira tá vazia
Num tenho grana pr'isso não”.
Era preciso quinhetos conto
Que hoje em dia seria uns mil
Para ele tirar a habilitação
E não ser visto como um vadio
Pelas blitz que prendia
A sua biz de noite e dia
Naquele canto do Brasil.
Só que mais que o valor da habilitação
As multas tinham que se paga
Que equivalendo ao preço da biz
Ninguém da família arcava
Era por isso Pai dizia
Que a venderia na leiloada.
Para com o dinheiro pagar as multa
Só que Melancia não aceitava
Quanto mais ele e Pai discutia
Mais alto o cancão piava
Até que Pai repetiu altão:
“Vou vender ela no leilão
Pras multas ser quitada!”
Foi aí que Melancia se explodiu
Numa ira que nem o cão chega perto
Deu um tapa no meu pai
Que revidou do jeito paterno
Eles começaram a brigar
Destituídos de afeto.
Após a briga Melancia saiu
O clima se tranquilizou
Dias depois pai vendeu a biz
As multas ele pagou
Com a justiça se resolveu
Mas Melancia se fudeu
Porque o patrão lhe chutou.
A biz lhe servia de ponte
Que unia ele ao trabalho
Quando esta ponte foi rompida
O ligamento foi torado
Sem a vida que tinha antes
Um novo rumo foi tomado.
Sem trabalho no interior
Melancia queria ir pra Brasília
Trabalhar cum irmão meu
Qu’instalou lá sua família
Só que Pai e Mãe lhe falava
Que certo pra ele lá não dava
Só que ele não lhes ouvia.
Até que Melancia desapareceu
Deixando Pai e Mãe no sofrimento
Quanto maior o tempo passado
Maior era o lamento
Cartazes foram distribuídos
A cidade ficou sabendo.
Além dos cartazes de desaparecido
Espalhado por toda a cidade
A rádio Teixeira FM ajudou
Em gesto de solidariedade
Anuciando o desaparecimento
Que além de sofrimento
Nos causou tempestade.
Pai e mãe desesperados
Começaram a agir rápido
O Véi pediu ajuda
Por um político foi ajudado
Ambos foram procurar
Melancia por tudo o lado.
O político foi útil pra Pai
Fornecendo seu transporte
Neste ambos iam procurá-lo
Totalmente entregue a sorte
Tendo o coração a milhão
Pai ia e vinha na escuridão
Tendo a aflição de consorte.
Pelas cidades onde pai passava
Mostrava o cartaz de melancia
Raramente um desconhecido
Dizia que certa vez o via
Com isso da angustia de pai
Uma frágil esperança surgia.
Só que os dias foram se passando
Com pai vindo da jornada
Que nos dando a notícia
A nossa fé era apagada
Pela chuvosa incerteza
Que como bruta correnteza
Muito nos prejudicava.
Até que passados 30 dias
Que Melancia tinha dado sumiço
Lá em casa apareceu
Uma mulher do jogo do bicho
Dizendo que recebeu uma ligação
Do desaparecido.
Uma irmã minha de São Paulo
Que naquele tempo tava na cidade
Retornou a ligação
Sentindo tranquilidade
Ao ouvir a voz de Melancia
Que falava mas não dizia
A sua localidade.
Quando ela insistiu pra que ele
Informasse o local
Melancia desligou na cara
Tendo ela uma ação genial
De pesquisar o número na internet
Pra achar o nome do local.
Ela pesquisou até encontrar
Uma cidade do interior da Bahia
De nome Camaçarico
De onde ligou o Melancia
Ela agiu imediatamente
Fazendo posteriormente
A ligação que o traria.
Minha irmã ligou pra polícia
Da cidade de Camaçarico
Relatou o caso de Melancia
Sendo ele bem descrevido
Por ela a encontrar ele
Os polícia foi instruído.
Logo ligaram pra ela de Camaçarico
Ela ouviu um policial da corporação
Dizer-lhe: “achamos uma pessoa
Que confirmou ser seu irmão
Ele tá bem sujo e desnutrido
E pareceria um Sibito
Se não fosse o cabeção.”
Ela perguntou: “você pode segurar ele?
Pois o meu pai tá perto daí
Mandarei dinheiro pra você
Pra cuidar do Melancia aí
Posso depositar na sua conta
Por meio do banco daqui.”
O policial concordou
Com a condição que fosse rápido:
”Por não ter desobedecido a lei
Não posso manter encarcerado
Prum hotel levarei ele
Darei roupa nova pra ele
Cum dinheiro depositado.
Minha irmão ligou pra Pai
Lhe informando a localização
De onde Melancia estava
Mudando o Véi a direção
Correndo pra Camaçarico
Rápido como um trovão.
No dia seguinte Pai chegou
Junto com o meu irmão
Melancia mostrava calma
E sinais de desnutrição
Que Mãe e Pai ignorou
Só no lado bom focou
Decidiram dá um festão
Compraram bolo de refrigerante
Pra comemorar a volta do filho
Vi que nos olhos de Pai e Mãe
Havia um intenso brilho
Com a volta do filho
Os dois voltaram pru trilho.
Naquela noite eu vi Melancia
Dá um murro no meu outro irmão
Ficando este revoltado
Agredido sem explicação
Depois ele agrediu madre
Cuja cena covarde
Me gerou muita tensão.
Melancia continuou
A insistir ir pra Brasília
Até Pai e Mãe assentir
Financiando a sua ida
Só que Melancia voltou
Depois duns sessenta dia.
Mãe contou para mim:
“Ronaldo disse que ele voltou
Porque Edimilson fez coisas
Que seu patrão não tolerou
Como faltar sem explicação
E não cumprir bem a função
Que ele se encarregou
Ronaldo inda me disse
Que a noite lá é violenta
Que quem sai tarde de casa
Nem chega aos cinquenta
Pois as pessoas más de lá
São como cobras peçonhenta
Só que Edimilson não lhe ouvia
E saia prus bares na noitada
Chegando tarde toda vez
Alimentava a enleada
Entre ele e Ronaldo
Que ficando preocupado
a volta dele planejava.”
Agora Melancia estava de volta
Após a ida não bem-sucedida
Desempregado e sem trabalho
E sem amigos e amigas
O que seria do seu futuro
Isso ninguém sabia.
Só sei que qualquer coisa pra Melancia
Virou motivo de violência
Um dia meu outro irmão
Em estado de sonolência
Na rede estando deitado
Por Melancia foi abordado
Com aturdida consciência.
Melancia lhe pediu pra sair da rede
O meu outro irmão se recusou
Melancia fechou o punho
A cabeça dele socou
Cujo o pipoco foi tão forte
Que meu outro irmão chorou.
Outro dia acordei de madrugada
Vi a minha mãe na cozinha
Cum pano enrolado no pulso
Mais duas pessoas lá tinha:
Melancia e meu outro irmão
Que com raivoso coração
Dizia que brio ela não tinha.
Ele queria que mãe ligasse pra polícia
Pra contar o que Melancia lhe causou
Lhe questionei e ele me disse:
“O pulso dela esse louco cortou”
Pressionamos nossa mãe pra ligar
Só que ela não ligou.
Outro vez ele estava cortando um peixe
Com o meu pai estando lá
Melancia se estourou
E começou a relinchar
O meu pai ele encarou
E de repente exclamou:
“Eu ainda vou te matar!”
O meu pai se estourou
Tirando uma faca da cintura
Apontou ela pru seu filho e disse:
“De mim nem o cão abusa!
Pois não tamo o falso afago
da mais perversa criatura!”
Melancia saiu dando berros
Bastante aperreado
Dizendo olhando pru meu pai:
“Tu acha isso arretado?
Tô ainda vai ver só
Vou te estripar em dó
E te deixar dilacerado.”
No dia seguinte pai tava vulnerável
Embriagada de cachaça
Da família somente eu
E Melancia tava em casa
Até que este bateu em pai
Dando-lhe umas cipoada.
Pai começou a chorar
E Melancia tomou seu dinheiro
Corri até onde a minha mãe
Estava passando o dia inteiro
Avisei pra ela o que tinha visto
Melancia em Pai tinha batido
E roubado seu dinheiro.
Voltei pra casa sozinho
Melancia não estava lá
Aparentando ter tomado banho
Pai começava a se preparar
Pra ir para o sítio
E só no conseguinte voltar.
Depois mãe chegou
Ficando em casa só eu e ela
Vi que no seu semblante havia
Um misto de asco com mazela
No tempo da biz de Melancia
Como alguém livre ela sorria
Agora parecia tá numa cela.
Outro dia Melancia estava em casa
Meio apertado do juízo
Se dirigiu a minha mãe e disse:
“Você não duvide disso
Ainda vou matar você
Espere só por isso!”
Mãe retrucou: “venha seu desgraçado!
Que eu chamo a pulíça
Coloco você no xilindró
Além de te fazer notícia
Pru povo vê quem tu é
Por fazer daqui um cabaré
Com essa tua malícia.”
Melancia começou a quebrar tudo
Nos fazendo se aperrar
Nesse dia exceto o meu pai
Os demais estavam lá
Pra polícia ser chamada
Mãe mandou a vizinha ligar.
Eu perambulava pela a sala
Já bastante agoniado
Até que Melancia apareceu
E me derrubou de lado
Ficando eu estirado no chão
Se defendendo com as mãos
Dos chutes do desgraçado.
Ele pegou as molduras de santo
lançando cada um deles no chão
O mesmo com o computador
Só escapando a televisão
Mas de resto quebrou quase tudo
Artesanatos, louças e decoração.
Mãe que tinha apego por essas coisas
Ficou muito mais aperrada
Após voltar da casa da vizinha
Bastante desalentada
Clamou a vinda da polícia
Que apareceram de vista
E prenderam ele no fraga.
Os vizinhos logo apareceram
E consolaram minha mater
Que de tão agoniada
Não tinha palavras pra descrever
De como era ter um filho
Que paz não deixava ela ter.
Deram um copo de garapa pra ela
A fim de Mãe relaxar
Depois menos tensa ela disse:
“Ele disse que ia me matar....”
As pessoas consolaram ela
Que por ele ir pr’uma cela
Ela tinha que se acalmar.
Logo depois Mãe foi interrogada
Por uns policiais que vieram lá
Indagada se ele usava drogas
Ela disse: “não, nunca vi ele usar”
Mas um policial descordou
“Pelo o jeito dele ele só pode usar.”
Mãe disse: “ele sofre de depressão
Mas ele não é drogado”,
Indiferente o policial ordenou:
“Preencha esse formulário
E quem viu tudo
Terá que relatar tudo
No depoimento a ser dado.”
Melancia logo foi solto
Precisamente no dia seguinte
Queixa ninguém deu
Após a cena desobediente
Protagonizado por Melancia
Que atou noutra seguinte.
Deste outra ficamos sabendo
Quando Zé Mário apareceu
Em casa junto com a polícia
E Pai lhes atendeu
Zé Mario disse a ele:
“Minha filha foi ameaçada por ele
Melancia agora se fodeu.”
Zé Mário era um dos homens mais ricos
Daquela cidadezinha do interior
Que de outrora catador de ossos
Um rico homem se tornou
Tinha um posto de gasolina
e a “Meira Construção qu’ele fundou.
A polícia procurou Melancia em casa
Mas não encontraram sinal dele
Deram uma volta pela cidade
Pra finalmente prenderem ele
Fora do prisão do Teixeira
Depois de seis meses na cadeia
Foi que puder ver ele.
Durante todo esse tempo
Mãe não tinha ido lhe visitar
Só quem ia era Pai
Deixar comida pra ele lá
Agora que Melancia saiu
Ninguém sabia no que ia dá.
Lembro da sua primeira noite em casa
Quando ele saiu da prisão
Acordei e o vi na madrugada
Enrolando cum lençolão
Com a pele dos pés nua
Ele saiu para a rua
Onde tinha pouca claridão.
Apesar de lá ser bem tranquilo
Mãe ficou bem preocupada
Com sono acompanhei ela
Até na calçada
Ela viu ele e gritou: “Edimilson
Volta pra casa!”
Melancia continuou andando
Até sumir na esquina do açude
Movido pelo instinto de Mãe
A Véa teve uma atitude
Vestiu um casaco e partiu
Logo em casa os dois surgiu
Num clima de quietude.
Desde o dia em que foi demitido
Melancia deixou de ter dinheiro
Pra sustentar o seu vício
De fumar Calton o dia inteiro
Tendo só condição pra fuma
Boró o dia inteiro.
Boró como era conhecido
É um tipo de fumo barato
Que com apenas dois conto
Podia ser comprado
Assim sempre que precisava
Melancia a pai implorava
Que lhe desse uns trocado.
Melancia usava folhas de caderno
Pra bolar os seus borós
quando ele acendia um em casa
criava um fumaceiro só
que tinha um cheiro tão ruim
que só o de bosta era pior.
Passou a ser comum
Ver na mesa de jantar
Melancia sentado na cadeira
Fumando sem parar
E escrevendo num livro
Coisas que por não terem sentido
Nos levou a estranhar.
Mãe dizia: “É esse boró véi
Que tá deixando ele desse jeito”
Os outros discordavam
Eu não opinava a respeito
Apesar de ver que Melancia
já era doutro sujeito.
As vezes Melancia chegava bêbo
No chão de casa ele vomitava
Revoltada Mãe dizia:
“Isso só pode ser palhaçada
Se num fumasse esses boró
Ai invés dele tá pior
Sua vida estaria calma”.
Melancia ia direto pra cama
Deixando pra Mãe a limpeza
Que limpava sem ânimo
Com o olhar sem beleza
Que brilhava quando Melancia
Era cheio de viveza.
Outra vez mãe chegou da rua
E ela disse a mim:
“Acabei de ver o padre
E ele contou pra mim
Que viu Edimilson na igreja
Cum lito de cana e boné na cabeça
Bem comportadin.”
O que depois nos deixaram perplexos
Foi flagar Melancia falando sozinho
Enquanto fumava e escrevia
Num pequeno caderninho
Coisas sem sentido algum
Que não se vê em zinhos.
Aquela tinha sido a primeira vez
Que isso acontecia
Logo se tornou comum
A cidade inteira via
O que começaram a dizer
Com a certeza de quem vê
Ser a doidiça de Melancia.
Como a cidade era pequena
Lá todo mundo sabia
Que eu era o irmão
Do louco Melancia
Bastava apenas ouvir falar dele
Que a vergonha me batia.
Uma vez eu tava na calçada
Até que apareceu o Nadin
Que disse: vi teu irmão na praça
Falando sozin
E outro logo emendou:
“Melancia se endoidou
como O estranho do Nin.”
Assim como muita gente
Tornou comum eu ver pela cidade
Melancia falando sozinho
Sem demonstrar felicidade
Gesticulando e bramido som alto
Atraindo atenção de toda idade.
Como a notícia de alguém que morreu
A de Melancia foi se espalhando
Passou a ser comum ouvir:
“Doido ele tá ficando”
Isso o jeito dele já mostrava
Mais quanto mais me falava
Mais eu ia me aperreando.
Nunca na minha vida
Vi Melancia cum uma Muié
Ele não era mulherengo
Nem bonitão ele é
Muito menos do tipo desenrolado
Que pegava qualquer muié.
Depois da ameaça à filha de Zé Mário
Melancia a tinha deixado em paz
Porém alguns meses depois
Voltaram lá os policiais
Junto com o empresário
Que muito revoltado
conversou sério com pai.
Zé Mario lhe contou:
“Melancia foi na minha loja de construção
Levando um pedaço de madeira
Cum desenho de caixão
Deu pra minha filha e disse:
‘É pra você, minha paixão!’"
Logo Melancia foi localizado
Pelos policiais ele foi preso
Dessa vez não foi pru xilindró
Mas pru hospício João Ribeiro
Que fica em João Pessoa
Onde internam pessoas
Que caem no desnorteio.
Cinco meses depois ele voltou
Bastante gordo e não parrudo
Falava sozin com frequência
não parando um minuto
De fumar e escrever coisas sem sentido
Tinha piorado em tudo.
O psiquiatra tinha recomendado
Dois tipos de medicamento:
Um pra ele se acalmar
Outro pra deixa-lo sonolento
Só que por Mãe não acreditar
Que os fármacos poderia funcionar
Ela acabava os escondendo.
Pai criticava muito Mãe
Por ela esconder os medicamento
dizia: “A culpa é sua
Por ele tá se enlouquecendo
s’ele tomasse tudo certinho
Já taria em melhoramento.”
Enquanto pai culpava mãe
Ela culpava os boró
Dizia: “Se ele num fumasse
Estaria muito melhor
Se nunca tivesse fumando cigarro
Ao invés de tá nesse estado
Taria belo como o sol”.
Quando teve alta do João Ribeiro
Sua cabeça tava careca
só que o tempo foi passando
com cabeços crescendo nela
e na barba até ele ficar parecido
com um homem das caverna.
Além do cabelão e da barbona
Ele também parou
De tomar banho com frequência
E os remédios recusou
De toma-los todo dia
Só fumar boró fazia
A situação se agravou.
Num dia eu estava num beco
Quando Melancia passou lá
Duas crianças que viram ele
Começaram a acelerar
E um deles disse a mim:
“Tinha medo dele me pegar.”
Apesar da aparência horripilante
Melancia não tava mais agressivo
Virou uma pessoa solitária
Sem sequer nenhum amigo
Falava sozinho e fumava
Cachaça as vezes tomava
Sem isso tornar um vício.
As pessoas que me conhecia
Quando me viam riam de prazer
Diziam: “alguém mais doido que Melancia
Eu nunca cheguei a ver
Alguém assim tão louco
Eu nunca vou conhecer.”
A minha mãe teve que trancar
À chaves no seu quarto
Tudo aquilo que Melancia
Passou a pegar de fato
Que era santos e estatuetas
E decorações da saleta
Qu’ele dava sumiço no mato.
Pra Melancia fazer a barba ou o cabelo
Era uma tremenda luta
Pai e Mãe tentavam convencê-lo
A cuidar bem da sua
Aparência que assustava
Até crianças na rua.
Mãe dizia pra ele: “Vá cortar teu cabelo
E te darei uns real
Pra essa tua aparência
Ficar bem legal
Do jeito que tu tás
Os outros afastarás
Como um feio animal.”
Melancia tornou-se estranho
Mas não perdeu a esperteza
Quando ouvia mãe dizendo
Ele propunha com clareza:
“Quero os mirré adiantando
Pra tratar minha beleza.”
Quando mãe atendia o pedido
Ela ficava decepcionada
Porque assim qu’ele saia
Voltava de mãos carregada
Cum cabelo no mesmo estado
Mas segurando no seu braço
Um lito cheio de cachaça.
Ele bebia até ficar meio lerdo
Ao som da radiola
Depois que a lombra batia
Pra cama ele ia embora
Passando horas dormindo
Bem diferente de outrora.
Os amigos do tempo da moto
Não mais iam lá em casa
Melancia tava com problemas
A vida deles continuava
Trabalhando e bebendo a toa
Sem o outrora camarada.
Quando não tava riscando papéis
Melancia riscava as paredes
Mãe ficava enfurecida
Com muito raiva dele
Dizia: “Se ele continuar assim
Vou dar uma surra nele!”
Melancia indiferente
Continuava suas estripulias
Outro dia quando cheguei no sítio
Uma imensa fumaça subia
Pai estressado reclamava
Com o autor da queimada
Que era o Melancia.
Mais que ver Melancia fazendo
As suas bizarrice
Eu ouvia relatos do povo
Sobre as esquisitice
Que tendo ele personagem
Rendia tagarelice.
Uma vez eu na sala de aula
Em plena manhã do dia
Um aluno começou a falar
Sobre o Melancia
Disse que de tão feio que ele tava
A loucura lhe habitava
E cum bicho parecia.
Até que o professor meu perguntou
Se ele era o meu irmão
Eu vergonhoso e triste
Fiz joinha com a mão
Enquanto muitos davam risada
Falando da mal do meu irmão.
Outra vez eu sentado na calçada
Plena tarde de terça era
Um conhecido veio e me perguntou:
“Tá ligado quem era César?”
Indaguei: “acho que sei
Foi o que há muitos mês
Morreu de motocicleta?”
Ele acenou a cabeça e continuou:
“No cemitério ontem passei lá
E vi teu irmão Melancia
Segurando uma pá
Me disse que o seu amigo César
Ele queria desenterrar.”
Noutro dia eu tava numa sinuca
E lá apareceu João
Que me disse: “Toma cuidado
Pra não ficar como teu irmão”
Esse dizer me deixou triste
Nenhuma palavra eu disse
Calado pela a aflição.
Outro dia eu com outros rapazes
Um deles se dirigiu a mim
Dizendo: ”toma cuidado
Pra não seguir o mermo camim
Trilhado pelo teu irmão
Que da cabeça tá doidim.”
Dias depois fui com uns conhecidos
Fumar maconha lá no mato
Até que por Biu da Macaca Oca
Comecei a ser zuado:
“Tu vai ficar igual Melancia
Doido daqui a uns dias
Ninguém aqui tem duvidado”.
Césarim concordou com ele
Já muito lombrado
Dando risadas me disse:
“Tu vai ficar endoidado
Igualzinho a teu irmão
No mesmíssimo estado.”
Nadin quando me viu
Me indagou desse jeito:
"Tu fala sozinho
ou rasga dinheiro?
Respondi-lhe: "Não"
E fiquei na calação
Meio que sem jeito.
Léo de Hernando me criticou
por eu responder a questão
E Nadin disse: "cuidado
Pra não ficar como teu irmão"
Esse dizer me deixou triste
e fui pra casa em desolação.
A insanidade de Melancia
Afetava toda a família
Seja mãe, pai ou irmão
Todo mundo sofria
Eu ficava com muita raiva
Quando alguém me avistava
E fazia pilheria.
As pessoas da cidade diziam
Que ele tinha que se aposentar
Porém quando pai tentou isso
Não conseguiu concretizar
A aposentadoria de Melancia
Porque não conseguiam provar.
Pois quando pai o levou ao psiquiatra
Sinais de loucura o alienista não achou
Porque cada teste feito por ele
O Melancia passou
“Você é doido?”
Melancia respondia afoito
“Doido eu num sou”.
Ele não conseguiu se aposentar
Nem após ser diagnosticado
Com esquizofrenia
Nome que foi carimbado
A saúde mental dele
Que o deixou inviabilizado...
Inviabilizado de trabalhar
E isso era compreensível
já que seu estado de saúde
Se tornou irreversível
Além de não mais trabalhar
Da vida de antes desfrutar
Já não era mais possível.
Depois que vim pra São Paulo
Conversei com meus pais
Eles me disseram que Melancia
Melhorou um pouco mais
Tomava remédio todos os dias
Diferente de um tempo atrás.
Apesar da sua índole distorcida
Ter sido acalmada desde então
Melancia fumava com intensidade
porém cuidava mais da feição
Apesar de fazer coisas sem sentido
E verbalizar só consigo
Sentenças sem conexão.
Muitos acham que foi por causa da filha e Zé Mario
Que Melancia se endoideceu
Mas pra você que leu este cordel
viu que muita coisa aconteceu
Pra cada infortúnio uma machadada
que na lucidez dele bateu.
Santo André, 09 de Junho de 2021