" NESSE TEU NEGRO OLHAR. "

Foi nesse teu negro olhar,

Que encontrei o meu sonho,

Quando em mim penetrou,

Como grande pandemônio,

Foi como chuva de verão,

Que inundou meu coração,

Deixou meu mundo risonho.

Foi nesse teu negro olhar,

Que senti toda inspiração,

Vi neles a calma do mar,

Vindo em suave canção,

Compungiu-me a saudade,

De tê-los em fim na verdade,

Em vibrante sensação.

Foi nesse teu negro olhar,

Que me ofuscou toda alma,

Uma luz incandescente,

Que me trouxe infinda calma,

Foi como uma brisa suave,

Que vindo balança as árvores,

Com raios da estrela D’alva.

Foi nesse teu negro olhar,

Que me arrisquei escrever,

Deixando meu ser a sonhar,

Sem mesmo á conhecer,

Pude as insônias afastar,

Neles pude me encontrar,

Pra nunca mais me perder.

Foi nesse teu negro olhar,

Que senti grande interstício,

Como passagem venturosa,

Pra longe do precipício,

Neles recompus meu vigor,

Pude perceber o amor,

Castigando-me como vicio.

Foi nesse teu negro olhar,

Que encontrei a sensatez,

Neles consegui descansar,

Refazendo-me de uma vez,

Neles fartei-me da fome,

Descansei qual pobre homem,

A restaurar-me de uma vez.

Foi nesse teu negro olhar,

Que me deixou adormecer,

Pode instruir-se a sonhar,

Pois despertou-me o querer,

Num soprar nas entranhas,

Com uma coragem tamanha,

De não querer mais acordar.

Foi nesse teu negro olhar,

Que me senti navegando,

Nas asas da imaginação,

Noutros mundos passando,

Vivendo intensa aventura,

Já muito próximo à loucura,

E música célica escutando.

Foi nesse teu negro olhar,

Que senti confirmação,

De que não estava louco,

Ou qualquer alucinação,

E pude assim confirmar,

Que estava pronto a amar,

Com restaurada razão.

Foi nesse teu negro olhar,

Que achei minha liberdade,

Quando refletido em mim,

Trouxe-me tal sobriedade,

Regou-me o ser por inteiro,

E aquele espirito aventureiro,

Encheu-me de tranquilidade.

Foi nesse teu negro olhar,

Que me fez parar no tempo,

Refrescando-me por inteiro,

Ao som de embalado vento,

Tomando-me com prudência,

Acalmando-me a consciência,

Longe de qualquer tormento.

Foi nesse teu negro olhar,

Que enxerguei meu caminhar,

Muito conquanto solitário,

Pude-me então concentrar,

Pude entender que a vida,

Nem sempre estará colorida,

Mais vale a pena sonhar.

Foi nesse teu negro olhar,

Que encontrei meu destino,

Conquanto sem paradeiro,

Ambulante qual peregrino,

Pois sem querer encontrei,

Tudo que eu mais procurei,

Desde os tempos de menino.

Foi nesse teu negro olhar,

Que me vi qual navegante,

Um completo aventureiro,

Por passagens hesitantes,

Eu que vivo tão sozinho,

Sendo pássaro sem ninho,

De cabisbaixo semblante.

Foi nesse teu negro olhar,

Que descobri nova estrada,

Dessemelhante as demais,

Por floreias toda adornada,

Pelas encostas das selvas,

E das verdejantes relvas,

Em suaves peregrinadas.

Foi nesse teu negro olhar,

Que notei o refletir da lua,

Choquei-me em tal miragem,

Em qual deusa seminua,

Deixando-me enciumado,

E um tanto estonteado,

Perante a tal imagem tua.

Foi nesse teu negro olhar,

Distingui novo horizonte,

Assistindo ali o entardecer,

O Sol sombreando montes,

Na penumbra pude avistar,

Que era ali teu negro olhar,

Pingos d’água em diamantes.

Foi nesse teu negro olhar,

Quais lindas jabuticabas,

Que consegui distinguir,

Neles lindas poças d’água,

Que regou meu coração,

Deixando-me sorver então,

Das fontes de águas rasas.

Cosme B Araujo.

06/06/2021.

CBPOESIAS
Enviado por CBPOESIAS em 06/06/2021
Código do texto: T7272772
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