"UM CORDEL INTERESSANTE- 04".

Amigos eu estou de volta,

Trazendo a aqui dessa vez,

Mas um texto magnifico,

De versos em triplo de seis,

Pra aquele que tem ouvido,

Vou aguçar seus sentidos,

Isso eu garanto a vocês.

Bugios gostam de cantar,

No alto da madrugada,

E aquele que não conhece,

Jura que é onça pintada,

Porém quem corta cebola,

Vai chorar sem ter escolha,

Deixando a face molhada.

Jacamins aves silvestres,

Tem as pernas esverdeadas,

Escolhe o lugar que dorme,

Só nas árvores desfolhadas,

Pensa num bicho sabido,

Deixa os filhos escondidos,

Pra não perder a ninhada.

Tem na floresta uma fruta,

Que chamam de Pariri,

É fruta de três sabores,

Sendo a única que já vi,

Tem um sabor adocicado,

A outros não comparados,

Dessa nossa flora aqui.

Ela também tem três cores,

Branco, amarelo e marrom,

Feito no leite de castanha,

Pensa num negocio bom,

Quando menino eu bebi,

Mais disso nunca esqueci,

Por isso fiquei seu fã.

Temos o caju silvestre,

De um sabor diferente,

Com um azedo apurado,

E de pequena semente,

Pelo que estou relatando,

É de quatro em quatro anos,

Que tal produz realmente.

Papagaio come milho,

Periquito leva fama,

O sujeito só trabalha,

Porque precisa de grana,

Sem querer fazer firula,

Mas o remédio sem bula,

É pouca gente que toma.

Cresci cortando seringueiras,

Nas florestas desse estado,

Sem conhecer as cidades,

Nem vivendo preocupado,

Porém no século atual,

Nem futebol e carnaval,

Deixa o povo conformado.

Essa sociedade moderna,

Deixou o povo maluco,

O novo fica estressado,

Os velhos ficam caducos,

Até os recém-nascidos,

São bem mais evoluídos,

Nesse grande vuco, vuco.

Se eu contar pra vocês,

Como a vida evoluiu,

Na época que eu nasci,

A areia era o Bombril,

Já hoje é bem diferente,

Sabão virou detergente,

Arames viraram fios.

Tem uma frutinha azeda,

Por nome de Bacuri,

Ela quando está madura,

Tem a cor de um caqui,

Do tamanho de goiaba,

Sua casca é ressecada,

Ácida que nem Buriti.

Tem aqui uma palmeira,

Por nome de Patouá,

Nascida em terra firme,

Também no alagado está,

Dá um suco saboroso,

Com um azedo gostoso,

Quem provou vai concordar.

Há também nessa floresta,

Um ramo muito engraçado,

Conhece-se por Anilina,

De trabalho apreciado,

Os índios da região,

Tingem cestos e cordão,

Com seu tom arroxeado.

Assim o idioma indígena,

Com todas suas culturas,

Cada tribo comunica-se,

Por dialetos ou figuras,

O que acho interessante,

Que nenhum é semelhante,

Nas cores, estilo e altura.

Na língua dos índios Araras,

Tem cada coisa engraçada,

Todos chamam de MECÓ,

A grande onça pintada,

A rede tecida é MANICA,

A tal de Mãe Gran indica,

A toda cobra encontrada.

Tenho visto nessa vida,

Coisas de me admirar,

Já desci em cachoeira,

A ponto de me afogar,

Toquei em andor de santo,

Na vida simples do campo,

Foi que aprendi contar,

Já furei os pés em prego,

Numa grande construção,

Ficando um mês de repouso,

Sem botar o pé no chão,

Na capital deste estado,

Um ano desempregado,

Só por não ter profissão.

Morando de aluguel,

Eu já vivi maus bocados,

Na cidade de Vilhena,

Onde passei apertado,

Em perspectiva curta,

Combati vencendo a luta,

Fui por Deus abençoado.

Nunca encontrei moleza,

Nas batalhas que lutei,

Comendo bocado insosso,

Mas com garra triunfei,

Já sendo homem de idade,

Sempre caçando a verdade,

Tudo que sempre busquei.

Alegre estou finalizando,

Mas um intrigante poema,

Com vinte estrofes completas,

Com sete frases apenas,

Em minha simplicidade,

São escritos com verdades,

Dissipadas em cada cena.

Cosme B. Araújo.

03/06/2021.

CBPOESIAS
Enviado por CBPOESIAS em 03/06/2021
Reeditado em 03/06/2021
Código do texto: T7270574
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