" UM CORDEL INTERESSANTE- 03".

Já vi muita coisa estranha,

Na vida aqui nessa terra,

Vi muito cabra violento,

Cortando de moto serra,

Lebre murchar as orelhas,

Menino gritar na peia,

Plantar-se arroz em serra.

Já passei muito sufoco,

Em colheita de feijão,

Também já gastei uns dias,

Com lavoura de algodão,

Vi cachorro que não mente,

Já vi fruto sem semente,

Pessoas dormir no chão.

Vi moças ficar nas janelas,

Só pra serem observada,

Vi sujeitos intrometido,

Entrando em barca furada,

Galinha morrer no ninho,

Cobra pegar passarinho,

Durão enjeitar parada.

Vi filhote de preguiça,

Subindo em lentidão,

Sujeito pegar Tiriça,

Outros com amarelão,

Já vi menino guloso,

Além de tudo teimoso,

Pirraçar cair no portão.

Eu já plantei macaxeira,

Em terreno de quintal,

Fiz cerca com aroeira,

Também já comi sem sal,

Branco é filho de urubu,

Fiz formas de mulungu,

Já rasguei roupa em varal.

Já provei algodão doce,

Em feriados na praça,

Também vi cabra caindo,

Entupido de cachaça,

Vi mulher cortar o cabelo,

Falar pelos cotovelos,

Esbravejando ameaças.

Vi peru morrer na véspera,

Inocente o coitadinho,

Milhares fazendo festa,

Degustando esse bichinho,

Já trabalhei em fazendas,

Também corri de contendas,

Por causa de um cavaquinho.

Eu Já atravessei um rio,

Quando aprendi a nadar,

Também entrei num navio,

No porto em Paranaguá,

Já comi peixe na praia,

E até corri das arraias,

Pra depois não lamentar.

Já conheci o peteleco,

Boneco do beiço grosso,

Com uma gravata vermelha,

Amarrada a seu pescoço,

Vendo o povo dá risadas,

Com toda sua embrulhada,

Entretendo velho e moço.

Já fui à cidade de lajes,

Era dia vinte de janeiro,

Entrei no velho teatro,

La entrei por derradeiro,

Não falo por brincadeira,

Mas me sentei na cadeira,

Do tal Dom Pedro primeiro.

Eu nunca andei de avião,

Por ter medo de altura,

E o churrasco pra ser bom,

Carne tem que ter gordura,

Ter espinho é cabriúva,

O sinal que vai ter chuva,

É o cantar da saracura.

Já comi pé de moleque,

Assado em fogão a lenha,

O melhor do futebol,

É participar da resenha,

Acredite quem quiser,

O que protege a mulher,

É a lei Maria da Penha.

Formiga gostar de doce,

Isso está mais que provado,

Sabe-se que o frango é gordo,

Só depois de despenado,

Mesmo sendo inteligente,

É preciso olhar pra frente,

Quem trabalha no arado.

Diz-se cobra que não anda,

Não consegue engolir sapo,

Precisam fazer represas,

Quem se atreve criar pato,

Quem se deitar no capim,

Vai se enche de mucuim,

Ou então de carrapatos.

Eu já vi água fervendo,

Pra cozinhar macarrão,

Já vi corredor de boi,

Servir pra fazer pirão,

Pro entalado a resposta,

É levar murro nas costas,

Sem dó e nem compaixão.

Eu já vi onça esturrando,

Na encosta do pé de serra,

Vi peixe em correnteza,

Saltando cair na terra,

Já vi gato que não mia,

Tucandeira que não chia,

Caboclo sem esperteza.

Já vi macaco pulando,

Sem querer cair do galho,

Também cabrito fujão,

Se livrando do chocalho,

Eu vi sujeito manhoso,

Muito burro preguiçoso,

Empacando no trabalho.

Nunca vi ouro barato,

Tendo boa qualidade,

Já vi gente comer rato,

Sem haver necessidade,

Vi sujeito sem vergonha,

E padre sem cerimônia,

Comendo barbaridade.

Já vi milhares de pulgas,

Estalar nas folhas secas,

Vi sujeito ficar pálido,

Quando a coisa ficou preta,

Vi moleque intrometido,

Mulher bater no marido,

Brava que só o capeta.

Outra vez mais um cordel,

Agora estou terminando,

Para os amantes da arte,

Desde já estou convidando,

Voltem sempre por aqui,

Lendo irão se divertir,

Creia no que estou falando.

Cosme B Araújo.

25/05/2021

CBPOESIAS
Enviado por CBPOESIAS em 25/05/2021
Reeditado em 25/05/2021
Código do texto: T7263991
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