" UM CORDEL INTERESSANTE- 01".

Já vi muita coisa estranha,

Na vida aqui nessa terra,

Jumento que não relincha,

Vi carneiro que não berra,

Rato que mora em gaveta,

Lagarta virar borboleta,

E muitos tipos de guerra.

Eu já vi rastro de cobra,

Ficar marcado na areia,

O mito do Lobisomem,

Em noite de lua cheia,

Já caminhei no escuro,

Comi milho de monturo,

Menino chorar na peia.

Já vi canoa rachada,

A naufragar-se no rio,

Vi cego pedir esmola,

Sem agasalho no frio,

Já pulei cerca com medo,

Pra completar o enredo,

Vi antena com Bombril.

Já vi cachorro do mato,

Valente em sua ninhada,

Vi genro falar da sogra,

Deixando a pobre falada,

O brado da suçuarana,

Macaco comer banana,

Menino cair de escada.

Vi brincadeira de roda,

Quando eu era menino,

Fazendeiro disfarçado,

Em trajes de peregrino,

Já vi gato preguiçoso,

Tanto menino teimoso,

Endiabrado e traquino.

Eu já vi roda gigante,

Emperrar sem energia,

Até moleque chorando,

Com banho de água fria,

Vi bêbado cambalear,

Cachorro pegar gambá,

No pino do meio dia.

Já vi tatu quinze quilos,

Caminhando na picada,

Palhaços fazer gracinha,

Com plateia alvoroçada,

Peão com gibão de couro,

Pegar na cauda do touro,

No correr da vaquejada.

Já subi de elevador,

Na torre da Telepar,

Já vi imagem em andor,

Em procissão despencar,

Papudo contar vantagem,

E mudança de paisagem,

Frango sem saber cantar.

Vi baleia esguichando,

Como imenso chafariz,

Defensor artificioso,

Fechar boca de juiz,

Vi gente com apelido,

De irmão ficar inimigo,

Mestre virar aprendiz.

Já vi cavaco da arvore,

Cair longe do machado,

Vi chamarem de caolho,

A quem tem olho furado,

Panela ferver no fogo,

E cabra correr do jogo,

Pra não ser hipotecado.

Já vi gente com piolho,

Não parar de se coçar,

Vi cabeça de repolho,

Abrir e não se fechar,

Dinheiro velho rasgando,

Torneira ficar pingando,

Dia e noite sem parar.

Vi carro quebrar na pista,

Deixando o piloto na mão,

Por a culpa no mecânico,

Que esteve no plantão,

Já vi vestidos de rendas,

Ser feito por encomenda,

Tecido bordado à mão.

Já tive medo de onça,

Quando andava no mato,

O grande gavião real,

Tirar pelos de macaco,

Gato comer borboleta,

Gente espiar pela greta,

Só pra conversar fiado.

Já vi gente passar trote,

Pra tirar outros do serio,

Sujeito fazer macumba,

Com terra de cemitério,

Mentiroso se dar mal,

Malandro cair no pau,

Pra deixar de lero-lero.

Já vi sujeito correndo,

No meio de milharal,

Com medo de toro bravo,

Que escapou do curral,

Vi macaxeira encruada,

Que não servia pra nada,

Nem pra se fazer mingau.

Já vi comida insossa,

Sem ter um pingo de sal,

E comi tambaqui seco,

Pensando ser bacalhau,

Vi fazer- se derrubadas,

E a moto serra enganchada,

E operador passar mal.

Já vi garimpando ouro,

Pessoas sujas de lama,

Balanças pequenininhas,

Pesando décimo de grama,

Maluco sendo internado,

Por força serem levados,

Sem as suas burundangas.

Já vi rio mudar seu curso,

Com a grande enxurrada,

Sujeito falando muito,

Metido em encrencadas,

Marmanjo entrar no couro,

Só por dizer desaforo,

A pessoa em hora errada.

Vou ficando por aqui,

Deixando você pensar,

Que tudo aqui escrito,

Simples é de averiguar,

Digo com sinceridade,

Este cordel na verdade,

Quem ler vai apreciar.

Cosme Barroso Araújo.

13/05/2021.

CBPOESIAS
Enviado por CBPOESIAS em 13/05/2021
Reeditado em 13/05/2021
Código do texto: T7254542
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.